A arte e a cultura ganham espaço nas ruas do Subúrbio Ferroviário de Salvador com a realização da sexta edição do Festival de Teatro do Subúrbio. O evento, que acontece entre os dias 5 e 9 de fevereiro, reúne 17 espetáculos e oficinas gratuitas, oferecendo ao público uma programação diversa e acessível.
A abertura da sexta edição dessa iniciativa aconteceu na tarde desta quarta-feira (5), na quadra do Espaço Boca de Brasa, ou CEU de Valéria, em Nova Brasília de Valéria, em Salvador. O grupo presente pôde assistir à apresentação do espetáculo 'Encruzilhada', do ator Leno Sacramento, que aborda de maneira muito sensível e realista o genocídio do povo preto.
“Eu já fazia esse espetáculo, iria comemorar um ano de apresentação, quando fui baleado pela Polícia Civil na Avenida Sete”, contou Leno. “A gente passa por isso todos os dias, por isso é mais que um espetáculo, é uma forma de informar as pessoas e de interagir com os nossos”, disse o ator.
Leno mencionou ainda a importância de levar esse debate para as periferias. "É nas comunidades que a realidade de pessoas baleadas é comum. Quando paramos para conversar com as pessoas, sempre tem um amigo, um vizinho, um parente que já foi baleado", contou. "Nem sempre as comunidades podem ir aos teatros, por isso temos que ir até as pessoas".
A intenção do Festival de Teatro do Subúrbio é justamente essa: levar a arte até as pessoas. Mas não se trata apenas disso, já que também busca dar visibilidade à produção artística da região. É o que explica George Bispo, coordenador do projeto. “O Festival de Teatro do Subúrbio é uma celebração da arte e da cultura que pulsa intensamente nas periferias e no Subúrbio. Criamos esse festival em 2009 justamente para dar visibilidade ao que era produzido dentro dessas comunidades, porque percebemos, na época, que os festivais de teatro existentes não ofereciam oportunidades a esses grupos que são daqui”, destacou o coordenador.
Onde conferir
O grande diferencial dessa edição do Festival de Teatro do Subúrbio é que ele vai acontecer em lugares diversos. “A gente sempre fez no Centro Cultural Plataforma, só que dessa vez conseguimos expandir e vamos para três espaços físicos: o El Quadrado, aqui o CEU de Valéria e também lá em Alagados. E, além disso, duas praças: a Praça da Revolução e a Praça de Valéria”, explicou George. São seis espetáculos fazendo itinerância nesses espaços, além das oficinas. E o melhor, claro, é que é tudo gratuito! “O que esperamos é mostrar que nesses territórios, para além da vulnerabilidade e da dificuldade, existe arte, cultura e uma juventude engajada”, disse George.