“Nunca fui em um planetário antes”, diz empolgado o estudante de Arquivologia da UFBA, Daniel Victor, de 20 anos, que espera ansiosamente em frente a porta da cúpula do planetário da instituição de ensino para conferir uma sessão imersiva, que pode ou não acontecer.
São 17h. A primeira sessão gratuita de abertura ao público aconteceu às 9h e a segunda às 16h, nesta terça-feira, 2. A sessão dura por volta de 50 minutos, sendo que estavam previstas duas para o dia. Por causa da procura, uma das funcionárias da recepção respondeu que estava em análise se haveria algum acréscimo de sessão.
“Se chegar aqui e tiver um bocado de gente, não vamos deixar as pessoas aqui”, diz Carlos Miranda, professor e diretor do Instituto de Física, da UFBA, que salienta que o público aplaudiu a primeira sessão. No saguão, havia um pouco mais de 15 pessoas. A afirmação de Miranda pode ter aquecido o coração de Daniel, que estava ao lado das amigas Lais Correia, de 24 anos, e Eliana Mara, de 22, que são do mesmo curso.
O espaço que levou quatro anos para ser construído, mostra de forma divertida e educativa, a importância dos astros e estrelas, além de proporcionar diversas atividades. Daniel diz que é um “grande entusiasta da astronomia”, o que reflete em seu conhecimento sobre o assunto. “Tivemos uma foto nova com qualidade do buraco negro, com resolução muito mais bonita, notícias sobre galáxias mortas”, explica o estudante em entrevista ao Portal A TARDE.
A foto que Daniel se refere é a primeira imagem feita de um buraco negro na história da astronomia, divulgada em 2019, que estava aparentemente borrada, e agora, pode ser vista com mais definição e detalhes. Façanha conquistada graças ao trabalho da astrofísica, Lia Medeiros, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados dos Estados Unidos, através de pesquisa.
Amiga de Daniel, Lais relata que colegas a influenciaram a conhecer o espaço, que além do planetário, tem telescópio, um meteoro em tamanho real, e decoração que remete a lua, os planetas e o sol. “Venho muito animada, e comecei a pensar sobre e quis conhecer, porque é um universo pouco conhecido”, diz a estudante.
De Salvador, mas morando em Brasília há mais de um ano, a professora que trabalha no Ministério da Educação (MEC), Tereza Farias, de 43 anos, diz que também gosta muito do “universo da ciência” e assim como Daniel, espera conseguir ver mais uma sessão. A professora do Ministério da Educação (MEC) está acompanhada do filho, Artur Farias, de 8, que ela levou para conhecer o equipamento.
“Vi justamente que essa semana inaugurou, para conhecer melhor esse equipamento que é tão importante para a cidade e tanto tempo esperado. Já tinha visto notícias de que Salvador receberia esse equipamento, aqui na UFBA, mas não sabia que ia coincidir com a inauguração da semana oficial, vi pelas notícias sociais da UFBA e já tentei me agendar pra vim conhecer”, afirma.
“Gosto de alguma séries do universo cinematográfico da DC [franquia de mídia americana], tem bastante coisa de ficção científica e também inclui alguns astros, a série que tenho assistido bastante, o The Flash [série de ficção científica], que aparece bastante e os super heróis que são legais”, diz Artur sobre influências do universo da ficção científica, que o fizeram visitar o planetário com a mãe.
Já Ismael Santos, de 16 anos, foi convidado pela irmã, estudante da UFBA. “Pelo que minha irmã falou, pensei que ia ser uma coisa que só tem na internet, e que eu já tinha visto em outros estados, mas como é a primeira vez que vem para a Bahia, acho que vai ser uma experiência incrível”, diz.
“O objetivo desse espaço é encantar e inspirar as pessoas na divulgação científica da ciência em geral, da astronomia e de vários ramos do conhecimento humano”, diz o professor de física Carlos Miranda, um dos envolvidos no planejamento do planetário. Miranda explica sobre o projeto.
"É uma tela de projeção que projeta a imagem em uma cúpula de 11 metros de diâmetro e que as pessoas ao olharem se sentem imersas na imagem, então a pessoas tem a impressão que estão viajando. Pode mostrar as baleias na Costa da Bahia. O instituto Baleia Jubarte vai produzir filmes sobre a conservação das baleias jubarte para a gente”, afirma.
Miranda explica que as projeções podem ser usadas para outros cursos da UFBA, além de estudos da astronomia. “Os alunos da história, por exemplo, podem utilizar o planetário para dar aula da disciplina. O importante para a gente se envolver no processo de ensino e aprendizado é a questão afetiva do encantamento”, reforça.
Com um sorriso no rosto, Miranda diz que o objetivo é “encantar e inspirar as pessoas”. “O resto, os alunos são inteligentes e vão aprendendo, desde que eles se empolguem. A empolgação é fundamental”, afirma aos risos.