
O domingo (7) na orla da Ribeira, em Salvador, acabou marcado por uma cena que atormentou quem passava pelo local após a colisão entre um jet-ski e um barco de pesca. O empresário Carlos Antônio Batista Santos, vulgo 'Cacau', morreu após o impacto. Ele pilotava a moto aquática acompanhado de uma mulher, que não teve o nome revelado e ficou gravemente ferida.
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Entre as pessoas que presenciaram parte da situação, estava o barraqueiro Luciano Santos, que atuava na região no momento do acidente. Ele contou ao MASSA! que a ajuda às vítimas começou minutos após moradores perceberem que algo havia acontecido na água. Segundo o vendedor, o resgate da mulher ocorreu primeiro, já que ela estava de colete e foi avistada mais rapidamente por outros pescadores que navegavam próximos.
“O pescador daqui, que se chamava Abraão, foi com o barco dele lá e trouxe a menina, porque ela tava de colete. Trouxemos ela, fizemos os primeiros socorros [...] uma massagem cardíaca nela [...] ela também teve um ferimento grave na perna.”, descreveu.
Moacir Gonzaga, um dos ambulantes da praia que prestou os primeiros socorros, acrescentou que só perceberam que o piloto não havia reaparecido após retirarem a mulher da água.
Pouco tempo depois, ‘Cacau’ também foi localizado e levado à areia, já bastante ferido. O comerciante afirmou que o empresário apresentava ferimentos visíveis, principalmente nos braços, e que os colegas tentavam avaliar a gravidade das lesões enquanto aguardavam a chegada do atendimento especializado.

“O cara estava sem colete, tava debaixo d’água. Depois, quando trouxeram ela [a mulher], percebemos que ele estava na água. Foi aí que trouxeram o cara pra cá [areia]. Ele tava muito ferido, tava lascado aqui no braço e, segundo a observação de um colega, estava com o pescoço quebrado, deve ter batido na pancada.”
Depois do resgate feito pelos comerciantes locais, começaram também as tentativas de entender o que pode ter provocado a pancada. Além dos relatos de quem ajudou no salvamento, moradores da Ribeira levantaram algumas possibilidades sobre a batida. O pescador Evaldo Bonfim, dono da embarcação ‘Os Olhos Verdes’ — atingida pelo jet-ski — contou que, mesmo sem estar no local no momento do acidente, recebeu de outros pescadores a informação de que teria ocorrido uma colisão frontal. Segundo ele, situações desse tipo não são comuns na região, e por isso decidiu esperar a avaliação oficial antes de analisar os danos no barco.

Enquanto isso, outras testemunhas compartilharam lembranças do que viram horas antes da tragédia. Uma pessoa que conversou com o MASSA! e preferiu não ser identificada afirmou ter encontrado ‘Cacau’ mais cedo no mesmo dia. De acordo com essa fonte, o empresário passou pelo local aparentando ter consumido bebida alcoólica.
“Ele saiu daqui quatro horas da tarde já chumbado, quando foi às 19h recebemos a notícia. Era um cara experientissimo no que fazia, todo dia passava aqui.”
Legado de 'Cacau'
As lembranças e os relatos reforçaram ainda mais o impacto da morte de Carlos Antônio, que era dono da empresa Bahia Escunas, sediada no Comércio, e administrava cinco embarcações voltadas para passeios turísticos pela Baía de Todos-os-Santos. Ele deixou uma filha, e, diante da perda repentina, amigos e colegas de trabalho se mobilizaram rapidamente para prestar homenagens.
Neste movimento de despedida, um dos depoimentos veio de Moisés Cafezeiro, presidente da Câmara de Turismo da Baía de Todos-os-Santos (CTBTS) e amigo próximo do empresário. Ele contou à reportagem como funcionava a rotina de 'Cacau', os projetos profissionais que estavam em andamento e a parceria que os dois mantinham para fortalecer o turismo local.

“Um cara decente, um cara bom de tudo, de coração. Era novo, 40 anos, começando a vida. Ele ia botar agora outro barco no mar. Um empresário bem-sucedido, bem relacionado. Eu me considerava até sócio dele, porque todos os meus turistas iam para a escuna dele. Oito anos de amizade e de negócio. Meu amigo, meu irmão.”, disse.
Já nas redes sociais, a Bahia Escunas publicou uma nota em homenagem ao fundador, ressaltando a importância e o laço que ele mantinha com clientes e funcionários ao longo dos anos:
“Sua dedicação, seu amor pelo mar e seu compromisso com cada cliente fizeram desta empresa muito mais que um negócio: ele construiu uma família. Seu legado permanecerá vivo em cada sorriso que chega para embarcar, em cada passeio realizado e em cada pessoa que ele tocou com sua alegria.”, diz um trecho do comunicado.
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Investigação da Marinha
Enquanto amigos e parceiros lamentavam a perda, as autoridades iniciavam os trâmites formais. Procurada, a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos da Bahia (CPBA), informou que tomou conhecimento do acidente ainda na noite de domingo e enviou uma equipe ao local para as primeiras apurações.
Segundo o órgão, as vítimas foram socorridas por embarcações que já estavam na área, e os atendimentos iniciais ficaram a cargo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que confirmou a morte de Cacau.

Por fim, a corporação destacou que instaurará um Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), com prazo inicial de 90 dias, para identificar as causas da colisão e apurar responsabilidades. A Marinha reforçou também que situações de emergência em rios e no mar podem ser comunicadas pelo telefone 185, disponível 24 horas.
