![Apesar da área isolada, qualquer um pode tirar essa proteção.](https://cdn.jornalmassa.com.br/img/Artigo-Destaque/1200000/380x300/Artigo-Destaque_01209869_00-ScaleOutside-1.webp?fallback=%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1200000%2FArtigo-Destaque_01209869_00.jpg%3Fxid%3D5597112&xid=5597112)
Por Amanda Souza
Imagine você estar andando na sua vizinhança, junto a sua família, e o chão ceder abaixo dos seus pés. Num local comum de circulação, que é o seu caminho normal do dia a dia. Parece história, mas é real. O incidente aconteceu no bairro do Uruguai, em Salvador, com uma criança de apenas 11 anos. A vala, coberta por placas de concreto, fica na Rua Bate Estaca e teria sido reformada há pouco tempo pela Prefeitura de Salvador, mas isso não foi capaz de evitar o desabamento.
De acordo com moradores, os reparos feitos pela prefeitura não teriam sido suficientes para resolver o problema da estrutura. Expostas à intensa movimentação diária, já que fazem parte do trajeto de pedestres que caminham por ali, as tampas que apresentavam rachaduras teriam sido cobertas com cimento. “É uma maquiagem o que eles fizeram aí. Vieram, pintaram as faixas para parecer novo, mas não é”, comenta Robson Luís, padrasto da garota que caiu na noite da última segunda-feira.
O local é uma espécie de calçada entre as duas pistas de ida e vinda de carros, ou seja, é usada para passagem de pessoas, o que gerou preocupação nos moradores da ocorrência de novos acidentes. “Domingo agora é dia de eleição, dia que movimenta bastante a cidade toda. Aqui tem escolas, imagine a quantidade de gente que vai passar por aqui, vai ser um carnaval nesse local arriscado”, ressalta o padrasto sobre o local, que ainda segue isolado com tapumes e não foi feito o conserto.
Anna Luyza andava pelo bairro acompanhada da mãe, do padrasto e de um outro familiar quando caiu na vala. A mãe da garota, Dayana Hosana, conta que ela e os demais conseguiram perceber o chão trepidar, mas não deu tempo de puxar Anna. “Foi um desespero, um susto, tudo muito rápido. E eu só imaginava o pior naquela hora”, conta a mãe. A criança foi salva pelo padrasto, que junto com um primo prontamente pulou na vala para resgatar a menina. “Perdi meu celular quando caí na água, ela perdeu o tablet, mas graças a Deus está bem”, conta Robson. Apesar do susto, Anna Luyza foi levada ao médico após o acidente e está bem, teve apenas um arranhão na perna.
![O arranhão causado na perna de Anna Luyza após a queda](https://cdn.jornalmassa.com.br/img/inline/1200000/0x0/inline_01209869_00-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.jornalmassa.com.br%2Fimg%2Finline%2F1200000%2Finline_01209869_00.jpg%3Fxid%3D5597116%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1720981781&xid=5597116)
Dayana conta que, além dos familiares, a população que estava presente também se mobilizou para o resgate. Além de ajudar a tirar Anna Luyza do canal, os vizinhos também se preocuparam em acudir a mãe, que chegou a desmaiar na hora do incidente. “Foi a mão de Deus e das pessoas aqui que salvaram a minha filha. Uma vizinha logo abriu as portas, levou ela pra tomar um banho”, lembra a mãe. Passado o incidente, o que ficou foi o trauma. Dayana conta que a filha não quer passar mais pelo local e que, assim como a filha, ela também está com medo.
O sentimento se espalha pela vizinhança, já que essa não é a primeira vez que o tampão cede. Reginaldo Bonfim, líder comunitário da região, comenta o problema. “A cidade em geral sofre um problema muito grave de manutenção”, diz. “A prefeitura não tem uma fiscalização preventiva, não passa verificando essas coisas. Essa não foi a primeira, nem a segunda, nem a terceira e nem a quarta vez que essas tampas, que são de concreto armado, partirem e pessoas caíram. Se não tiver pessoas que socorram de imediato, a pessoa vai ser levada, se afogar e morrer”, ressalta a liderança.
Por ser uma região de muita movimentação de pedestres, há uma grande preocupação por parte da população para o que possa vir a acontecer. “Diferente do que disseram, não houve uma festa paredão. A festa que teve foi bem mais lá na frente, não tinha excesso de pessoas aqui pra derrubar a tampa”, esclarece Robson. “Assim como foi com ela, podia ser um idoso, uma mulher grávida ou com uma criança de colo, qualquer pessoa que estivesse passando no lugar”.
![Por ser uma região de muita movimentação de pedestres, há uma grande preocupação por parte da população para o que possa vir a acontecer.](https://cdn.jornalmassa.com.br/img/inline/1200000/0x0/inline_01209869_01-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.jornalmassa.com.br%2Fimg%2Finline%2F1200000%2Finline_01209869_01.jpg%3Fxid%3D5597117%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1720981781&xid=5597117)
Família reclama de falta de amparo do poder público
A família conta que um assessor da prefeitura esteve no local ainda na noite do acidente, mas apontam que não tiveram o acolhimento e atenção que esperavam do poder público após a ocorrência. “A gente gostaria que eles tivessem pensando nela, que se preocupassem em saber, e se necessário arcar, com as despesas médicas que a gente teve. Ela ficou com o psicológico abalado, seria importante levar ela num psicólogo”, desabafa a mãe. “Além dos bens materiais que eles perderam na queda. Eles não entraram em contato com a gente pra nada”. “Eles não deram atenção que a situação merecia, não mostraram que estavam juntos com a gente para o que desse e viesse. Fora o conserto, que já era pra ter sido feito no dia seguinte. Tá aí a área isolada, mas qualquer um pode tirar essa proteção e o buraco ficar exposto”, aponta Robson.
O Massa! entrou em contato com a Prefeitura de Salvador para saber quais medidas serão adotadas para evitar que acidentes como esse voltem a acontecer, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.