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Aqui também tem - 22/01/2024, 12:00 - Amanda Souza

Tacacá também deixa a galera 'de boa' em Salvador; confira

O Massa! foi em busca da iguaria gastronômica brasileira que viralizou nas redes sociais em 2023

Joelma botou o tacacá na boca do povo em todo o Brasil
Joelma botou o tacacá na boca do povo em todo o Brasil |  Foto: Rafaela Araújo / Ag. A TARDE

Se você não viveu em uma bolha nos últimos meses, provavelmente já se deparou com algum vídeo nas redes sociais ao som de Voando pro Pará, canção de Joelma que ganhou a internet após virar meme.

Lançada em 2015, a música só veio virar meme em 2023. O refrão, a parte mais contagiante, entoa “eu vou tomar um tacacá, dançar, curtir e ficar de boa”. Mais que o ritmo dançante, o que provocou mesmo os brasileiros foi a curiosidade: afinal, o que é esse tal de tacacá?

Sem mais delongas: o tacacá é uma espécie de sopa servida na cuia e é formada pelo conjunto do tucupi (um caldo extraído da mandioca brava), goma de mandioca, folha de jambu e camarão.

Tem tacacá, mas também tem açaí do jeitinho que paraense toma: com farinha!
Tem tacacá, mas também tem açaí do jeitinho que paraense toma: com farinha! | Foto: Rafaela Araújo / Ag. A TARDE

O estouro viral foi tamanho que o tacacá foi a comida mais pesquisada no Google em 2023, no Brasil. Com o sucesso, o MASSA! resolveu, então, descobrir onde encontrar o tacacá em Salvador, e achamos uma paraense que fez da Bahia lar, mas faz questão de manter suas raízes.

Deyse Priscila tem 40 anos e mora em Salvador há mais de 10. Ela é a engrenagem por trás da Djambu, um serviço de delivery especializado nos sabores da Amazônia.

“O tacacá é o nosso carro-chefe, e eu costumo dizer que é um sabor que não dá para descrever, não tem nada que seja parecido”, conta. “O tucupi é um dos alimentos que mais possui umami, o que chamamos na gastronomia de 5º sabor. A nossa língua é dividida em papilas gustativas e o umami pega todas elas, por isso causa uma explosão de sabores”, explica.

Com um cardápio exclusivamente voltado para a comida da região norte e com insumos originais de lá, para não interferir no sabor, Deyse conta que, em geral, seus clientes eram nortistas vivendo na Bahia. Mas isso vem mudando nas últimas entregas.

“Quando a música viralizou eu percebi que teve uma mudança na clientela. Eu tinha clientes do Norte, pessoas que já consumiam essa culinária, e então começaram a surgir pessoas curiosas, gente querendo conhecer o tacacá”, conta.

De Belém para Salvador: Logística para funcionar

Milhares de quilômetros separam Belém de Salvador, e é por isso que Deyse precisa de uma força-tarefa para abastecer a despensa. “Eu tenho uma rede de apoio que passa pelos fornecedores, pelas pessoas lá para enviar os insumos e pessoas aqui para receber”, explica Deyse.

Deyse conecta a Amazônia e a Bahia com o seu trabalho
Deyse conecta a Amazônia e a Bahia com o seu trabalho | Foto: Rafaela Araújo / Ag. A TARDE

A disponibilidade na agenda da Djambu depende justamente desse esquema, por isso não tem data definida. “Quando os insumos chegam eu abro a agenda primeiro no WhatsApp (71 99370-3575) e em seguida vou para o Instagram (@d_jambu). Depois tiro um dia para produzir tudo e entrego”.

O tacacá em servido em uma porção individual de 500ml e custa R$ 50. Para garantir a experiência completa, você pode adquirir ainda a cuia, feita em cabaça, que custa R$ 45.

Mais que servir a comida, Deyse acredita que está conectando pessoas às suas raízes. “Eu não tenho a minha família de sangue aqui, e a comida me aproxima deles. As pessoas que me procuram estão em busca da mesma coisa, vejo brilho nos olhos delas quando conversam comigo e ouvem o sotaque, das memórias afloradas, porque isso traz um pouco do carinho do povo do Norte”.

Não é só o tacacá!

Quem vai atrás do tacacá corre o risco de se apaixonar por muitos outros sabores. Isso porque Deyse serve uma variação enorme de pratos típicos e insumos do Norte, como o açaí puríssimo, acompanhado da farinha d’água, como só se vê por lá. “Nós trabalhamos com os sabores da Amazônia, então trago cores, aromas, os principais alimentos da região, como o tacacá, arroz paraense, frango com tucupi, vatapá paraense, maniçoba...”, conta.

Assim como no Nordeste, no Norte a relação com o alimento é muito forte; de uma maneira ou de outra, o viral do tacacá serviu para aproximar esses povos que sempre encontram um denominador comum quando o assunto é cultura.

“[A culinária] para mim é a alma do nosso povo. Além da nossa cultura, é isso que faz os nossos olhos brilharem, é sobre a memória afetiva que a comida traz, especialmente para o povo do Norte, que preza tanto pela cultura. Para o nortista, a culinária é a base da nossa origem, a gente ainda utiliza muito da culinária originária, dos nossos povos indígenas”.

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