A falta de apetite em cães é uma situação comum que pode preocupar os tutores. A cena do cachorro ignorando a ração no pote ou aceitando comida apenas se for oferecida na mão é familiar para muitos.
Embora nem sempre seja um sinal de algo grave, essa mudança no hábito alimentar pode indicar desde fatores comportamentais até problemas de saúde mais sérios. Por isso, é essencial compreender as possíveis causas e saber como agir diante desse cenário.
Mudanças na rotina, estresse causado pelo clima, questões emocionais e até o gosto da comida podem influenciar o apetite dos cães.
Além disso, condições de saúde ou hábitos inadequados reforçam a importância de observar os sinais do animal e buscar orientação profissional quando necessário.
Para esclarecer os principais pontos, o Portal MASSA! conversou com a médica veterinária Alice Moreira , pós-graduada em nutrologia de cães e gatos, que explicou o que pode estar por trás dessa falta de apetite, além de dar orientações práticas para os tutores lidarem com o problema.
O impacto do ambiente e da rotina no apetite dos cães
Segundo Alice Moreira, a falta de apetite pode ter causas comportamentais e emocionais diversas, por isso é importante identificar os sinais que o animal dá.
“Podem ser mudanças no ambiente, uma nova rotina ou a ausência de um membro da família. Esses fatores podem desencadear ansiedade e afetar o apetite de alguns animais”, explica. O clima também é um fator a ser considerado. “Temperaturas altas causam estresse e podem diminuir naturalmente o apetite”, acrescenta.
Além disso, o momento de comer para alguns cães vai além da fome. “Para muitos, a alimentação representa segurança e companhia. Portanto, questões relacionadas ao ambiente, como a presença do tutor ou o local onde o animal se alimenta, podem interferir diretamente”, afirma.
Problemas de saúde e alimentação inadequada
A especialista alerta que a recusa de comida pode ser um sinal de problemas de saúde.
“Condições como doença periodontal, gengivite, dentes quebrados ou doenças sistêmicas e infecciosas podem causar desconforto e reduzir o apetite. Geralmente, nesses casos, os tutores também notam outros sintomas, como apatia, vômitos ou diarreia”, explica.
As intolerâncias alimentares e a rejeição à ração também são comuns.
Alguns cães são muito exigentes com o paladar. Rações de baixa palatabilidade ou sabores que não agradam podem ser recusados, especialmente após experimentarem alimentos naturais. Nesse caso, é importante observar se o problema é com a ração ou com a alimentação em geral.
Médica Veterinária Alice Moreira
A veterinária ressalta que a alimentação natural é uma excelente opção, mas requer cuidados.
“Não é a comida caseira que consumimos, mas uma dieta balanceada, adaptada às necessidades do animal, e que deve ser orientada por um nutrólogo. Tutores que optam por essa alternativa devem estar cientes das demandas de tempo e custo, além de evitar excessos ou deficiências de nutrientes, que podem prejudicar a saúde do pet", explica.
Estratégias para estimular o apetite
Diante da falta de apetite, algumas estratégias podem ajudar. Variar a apresentação do alimento, por exemplo, pode ser eficaz.
“Para ração, é possível mudar o sabor, aquecer levemente ou umedecer com água morna. Já para quem adota a alimentação natural, a variação é ainda mais ampla devido à variedade de opções e texturas”, sugere.
Manter uma rotina alimentar também é fundamental para a saúde alimentar dos cães. Prefira alimentá-lo pela manhã e pela noite, em horários com temperaturas amenas, quando eles ficam mais confortáveis.
Os cães gostam de rotina. Estabeleça horários regulares e não deixe a comida disponível o tempo todo. Ofereça a refeição, deixe por 30 minutos e retire caso ele não coma. Isso ajuda a regular o apetite e evita problemas como a perda de crocância da ração ou a proliferação de microorganismos.
Médica Veterinária Alice Moreira
Outra dica é transformar o momento de comer em uma experiência interativa. “Brinquedos e alimentadores interativos tornam a refeição mais dinâmica e estimulam o exercício físico e o sistema cognitivo. Isso é especialmente útil para cães que passam longos períodos sozinhos”, aponta Alice.
Quando procurar ajuda veterinária
Se a falta de apetite vier acompanhada de sinais como apatia, vômitos ou diarreia, é hora de buscar ajuda. “Nesses casos, é importante consultar um veterinário para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado”, alerta Alice.
Além disso, a especialista reforça a importância de cuidados preventivos, como higiene bucal e hidratação, de maneira a evitar que o animal chegue a essa situação.
“Manter a água fresca e oferecer comida nos horários mais frescos do dia pode melhorar a aceitação alimentar. A hidratação adequada é essencial, especialmente em regiões quentes, para evitar que o animal perca líquidos e sofra impactos no apetite.”