Os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) iniciaram uma greve na segunda-feira (11), reivindicando a Reestruturação da Carreira e a Recomposição Salarial ainda este ano. Além disso, a categoria está mobilizada pela Recomposição Orçamentária das Instituições, buscando recursos próximos ao patamar de 2015, a deposição dos Reitores Interventores e o fim da Lista Tríplice, entre outras reivindicações essenciais. Paralelamente, a instituição enfrenta os impactos dos cortes no orçamento, levantando mobilizações sobre o sucateamento da educação pública.
A greve, que teve início com adesão de 37 universidades federais, já conta com mais de 45 universidades em todo o Brasil, incluindo a UFBA, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) na Bahia.
Lucimara Cruz, Coordenadora de Comunicação da ASSUFBA, destaca que a adesão ao movimento tem sido significativa, refletindo uma demanda nacional por melhores condições de trabalho. “Nós entendemos que estamos em um governo com a participação dos trabalhadores, porém a nossa voz não será ouvida facilmente. Porque sua constituição incorpora a extrema direita, a direita tradicional e o centrão que historicamente não são a favor dos trabalhadores. Exceto quando nós vamos às ruas e utilizamos as nossas ferramentas de luta, e essa é a importância do movimento, pressionar os setores do governo para que nós alcancemos o que é nosso por direito: um salário digno e uma carreira com perspectiva para os novos trabalhadores”, declara.
A greve também levanta questionamentos sobre os cortes no orçamento da UFBA, especialmente o bloqueio de R$ 13,7 milhões em recursos. Este ano a universidade recebeu R$ 173,2 milhões de reais, uma diminuição de 7% do orçamento em relação ao ano anterior, de R$ 186,3 milhões. Sem considerar a inflação, o orçamento deste ano é inferior ao de 10 anos atrás, em 2014, quando a universidade tinha menos alunos, cursos e área construída.
Na última quarta-feira (13), os servidores técnico-administrativos e os estudantes realizaram uma mobilização contra o orçamento disponível este ano e as condições precárias de trabalho, estudo e permanência universitária. O estudante da UFBA e militante da União da Juventude Comunista que participou desse ato, Victor Vieira, declarou que: “Foi um ato que conferiu legitimidade e apoio às reivindicações dos trabalhadores e reforçou o recado ao Governo Federal de que o projeto de sucateamento para fins privatistas não é de interesse da comunidade universitária.”
Filipe de Britto, Coordenador Geral do Diretório Central dos Estudantes, enfatiza os impactos dos cortes orçamentários: “Nós reivindicamos recursos para o funcionamento pleno da universidade. Com os cortes, nossas residências estudantis estão ameaçadas, nossa distribuição de água e energia, temos laboratórios da área de saúde e tecnologia que com esse tipo de impacto perderíamos diversos insumos e pesquisas, por exemplo.”
O Sindicato está em negociação com a reitoria mas não há previsão de término da greve, porém a perspectiva é que seja uma greve rápida e de forte mobilização entre a comunidade acadêmica. A reitoria da UFBA se recusou a falar sobre a greve dos servidores com a repórter, e a presidente da APUB (Associação dos Professores Universitários da Bahia), Marta Teles declarou que: “Os professores são solidários aos técnicos administrativos e vão realizar atividades de mobilização conjunta, mas não aderiram à greve.”
*Sob a supervisão do jornalista Luiz Lasserre