Um evento realizado, nessa terça-feira (28), no Instituto Gonçalo Moniz (IGM) - Fiocruz Bahia criou uma oportunidade única para a comunidade acadêmica e científica se engajarem em diálogos que contribuem para um futuro mais justo e representativo no campo científico.
O Seminário Equidade Étnico-racial e Gênero nas Ciências é uma iniciativa da Fiocruz Bahia que foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e pelo Instituto Serrapilheira.
Com uma série de mesas de conversa, a proposta do evento da terça-feira foi discutir temas relacionados à diversidade de gênero e de raça na divulgação científica e na popularização e democratização do acesso à ciência.
A discussão desses temas no campo da ciência é necessária porque ainda se trata de uma área que não vê diversidade, como comenta a coordenadora do núcleo pró-equidade gênero e raça do IGM, Lorena Magalhães.
“Eu sou uma mulher negra e entrei na Fiocruz como estudante. Vim de escola pública e na minha bolha não tinha esse exemplo de cientista. Já tenho 20 anos aqui na Fiocruz e eu ainda vejo poucos negros aqui dentro desenvolvendo a ciência”, contou.
“Precisamos discutir isso e entender que as pessoas precisam de oportunidades e nós precisamos de olhar diferenciado para esses indivíduos”, garantiu a coordenadora.
Nesta quinta-feira (30), o evento segue para o Colégio Central da Bahia, levando rodas de conversa sobre o tema para os estudantes. “Vamos tratar de maneira lúdica e leve para que eles percebam que eles também fazem parte desse mundo e podem sonhar com a ciência”, disse Lorena.
Uma das mesas contou com a presença de Romilson da Silva, presidente da Associação de Pesquisadores Negros da Bahia. Ele ressaltou que é preciso que a sociedade se junte a essa luta.
“A sociedade precisa aprender a lidar com essa cultura plural, aprender a quebrar preconceitos, estereótipos e possibilitar o diálogo entre a ciência hegemônica e outros saberes”.
Preocupação institucional
Como uma instituição diretamente ligada à saúde e à pesquisa, o debate sobre a equidade no campo da ciência não pode passar batido dentro da própria Fiocruz, como garantiu a diretora do IGM, Marilda Gonçalves. “Nós precisamos discutir a equidade, a diversidade, para que as pessoas se sintam todas incluídas. Ainda é um ambiente muito seletivo, por isso precisamos promover esses eventos”, disse.
“Eu acredito muito que você precisa conversar para que outras pessoas se sintam parte, abrir as portas. Eu quero que todo mundo se sinta incluído institucionalmente e que nós tenhamos cada vez mais pesquisadores negros, mais mulheres, mais diversidade”, completou.