
Após o Carnaval, o baiano começa a pensar em outra festa que também é muito aguardada: o São João. Quadrilhas juninas, comidas típicas e licor fazem parte da comemoração, mas o que seria da festa sem os famosos trios pé de serra? O Portal MASSA! conversou com esses músicos para saber mais sobre suas histórias e ‘corres’ nesta época do ano.
Trio Du Francis e vem dançar mais eu

Tendo como referência Luiz Gonzaga e Dominguinhos, Du Francis, o vocalista e sanfoneiro do trio, conta que durante o ano ele faz projetos musicais solo, mas a partir de maio, quando a procura pelo forró aumenta, ele se junta aos os amigos Eduardo (triângulo) e Tan Tan (zabumba) para tocar em shoppings, lojas, clubes, escolas, paróquias, praças públicas, entre outros.
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Du explica que a jornada é intensa. O trio já chegou a tocar 12 horas por dia, fazendo uma média de seis shows somente no dia 23. E com o aumenta do trabalho, cresce também o faturamento, o vocalista revela quanto embolsa durante os meses de maio e junho. “Apesar de tocar por amor, o período junino ajuda muito no nosso financeiro, é quando o forrozeiro recebe o seu 13º salário. Os valores variam entre R$ 2.000 a R$ 30.000 por show, dependendo da situação e do tipo e tempo de apresentação”.
Com muito amor pelo que faz, o forrozeiro contou que um dos momentos mais emocionantes aconteceu no ano passado, quando teve a oportunidade de gravar um comercial com Ivete Sangalo. “No ano de 2024, durante o período juninos, fomos convidados para gravar uma propaganda de São João junto com Ivete Sangalo, foi um momento muito emocionante para nós”, disse o sanfoneiro.
Trio Estika Kanela

O trio Estika Kanela também faz a alegria da galera. O diretor musical e sanfoneiro, Danilo de Brito Ramos, relata que durante o restante do ano ele trabalhar como educador musical e musicoterapeuta, mas em abril a procura pelo forró começa e ele e o seu trio colocam todo mundo para dançar.
O músico que aprendeu a tocar sanfona sozinho e depois se aperfeiçoou aprendendo as técnicas dos instrumentos, conta que com o aumento da demanda eles chegam a fazer quatro shows por dia, cada um com duração de 1h30 e meia, mas apesar de muito trabalho ele sente que nem sempre são bem remunerados, pois acabam perdendo espaços para artistas famosos.
“As bandas de pequeno porte perdem espaço para as grandes bandas, além dos artistas que não são do forró e tocam muito mais que nós, do autêntico e tradicional forró”, desabafa falando que fica até difícil ter uma média de valores, pois têm pessoas que procuram o trio mais perto das festas. Porém, ele revelou que já fizeram shows fora do Brasil conseguiram embolsar em um show mais do que um mês todo fazendo apresentações juninas.
Acostumado a tocar em escolas, shoppings e paróquias, Danilo conta que ter composições gravadas por outros artistas é algo que sempre o deixa emocionado. E ele está preste a viver uma nova emoção, sem revelar datas o músico disse vai fazer apresentações por um longo período na gringa. “Vou viaja por três anos consecutivos para República Dominicana para tocar forró”.
Trio Val Gonzaga

Val Gonzaga teve a influencia familiar para começar a cantar e tocar. Filho de sanfoneiro, o músico seguiu o mesmo caminho do pai. Se apresentando há cerca de 25 anos, Val revela que o seu trio já fez aberturas de shows de diversas bandas famosas, com os mais variados ritmos.
“Em Salvador, o meu trio de forró foi o que mais fez aberturas de bandas renomadas. Saia Rodada, Aviões do Forró, Simone e Simaria, Roupa Nova, Gangue do Samba, É O Tchan, entre outras”, contou o músico relatando que já deu uma palhinha com Veveta durante uma festa.
Val destaca que no período junino o trio faz shows no Pelourinho, Shopping e festas de condomínios. Com o crescimento da procura, o sanfoneiro revela que os ganhos podem variar de R$ 1.000 a R$ 20.000.
Como surgiu o São João no Brasil?
De acordo com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, durante o período colonial, os colonizadores trouxeram suas tradições culturais, incluindo as festas juninas que fazem parte da tradição portuguesa.
Além disso, os festejos também têm raízes nas celebrações pagãs e religiosas associadas ao solstício de verão no hemisfério norte, que remontam a cultos realizados por diferentes povos ao redor do mundo para celebrar uma data que marca o período de maior luminosidade do ano, onde o solstício ocorre no final de junho. Essas celebrações eram comuns entre os povos celtas, germânicos e escandinavos em homenagem aos deuses da natureza e da fertilidade, e as fogueiras faziam parte da tradição.
Aqui no Brasil, as festas juninas foram adaptadas e elementos das culturas indígenas e africanas foram incorporados. Assim, os festejos e tornaram uma mistura de influências, com danças típicas, como a quadrilha, música, fogos de artifício e comidas tradicionais, como o milho e a canjica.