A cidade de Salvador foi a escolhida para sediar o lançamento da pesquisa "Inclusão Econômica e Geração de Renda da População LGBTQIA+ no Brasil: Desafios, Iniciativas e Financiamentos", documento que apresenta as dificuldades desse público para ingressar e se manter no mercado de trabalho. Promovido em homenagem ao Dia da Visibilidade Lésbica, comemorado em 29 de agosto, o encontro aconteceu, ontem (29), na Casa Vale do Dendê, no Pelourinho.
O evento foi idealizado pelo Fundo Positivo, em apoio com o Instituto Matizes e com o apoio da Wellspring Philantropoc Fund (WPF). "Salvador já tem toda uma importância muito grande para a comunidade LGNTQI+. E essa cidade tem uma militante muito aguerrida. A gente, a nível nacional, aprende muito com o que se discute, com o que se faz aqui em Salvador. Então, acho que nada mais justo do que Salvador também fosse escolhido, como esse lugar que já representou tantas lutas, continua representando e, certamente, será um pólo difusor do que a gente está dizendo na pesquisa", declarou Lucas Bulgarelli, antropólogo e coordenador da pesquisa.
O encontro debateu diferentes temáticas da luta LGBT, dentre elas a necessidade da criação de iniciativas do poder público e empresas privadas, assim como a execução de ações de financiamento e sustentabilidade para os projetos de inclusão econômica, com o objetivo de reduzir a exclusão que afeta esse público. A atriz Nanda Costa foi uma das embaixadoras do evento,e, em entrevista ao MASSA!, ela falou com orgulho sobre ser integrante da comunidade LGBTQI+.
"Esse é o nosso primeiro encontro no Dia da Visibilidade Lésbica. Eu tô muito feliz. A gente se reuniu aqui e estávamos conversando sobre muita coisa interessante pra conseguir trazer, ainda mais, visibilidade, empregabilidade, sucesso para toda a galera LGBT. E é muito bom estar em Salvador, nesta cidade que eu sempre quis morar, para falar sobre essa pauta tão importante, que nada mais é do que a gente existir enquanto pessoa, enquanto profissional, no meu caso enquanto mãe também", pontou Nanda Costa.
"São coisas que eu achava que não eram possíveis lá atrás, sabe? Como assumir o meu relacionamento, construir uma família e seguir trabalhando assim. Então eu já estou um pouco na vanguarda, nesse sentido, porque tem uma galera jovem chegando que não passou por metade das coisas que eu passei, graças a Deus, e que não passem mesmo e a gente está trabalhando para isso", completou a atriz.
Sobre a pesquisa
Harley Fernandes, coordenador do Fundo Positivo - organização sem fins lucrativos - explica de que forma a pesquisa pode contribuir com a busca por melhorias e ações igualitárias para a comunidade LGBT. O documento pode ser conferido por meio do site www.fundopositivo org.br.
"O Fundo Positivo é um fundo nacional que financia projetos para a ampliação do acesso a direitos da população LGBTQIA+. E, a gente só consegue fazer com que esses direitos sejam igualitários, que as pessoas LGBTQIA+ tenham acesso a direitos, inclusive o direito ao trabalho, se a gente antes não entender a situação. É preciso ter um panorama, uma cartografia social de como se encontra a empregabilidade dessas pessoas no Brasil. É conhecendo que a gente consegue provocar mudanças, e as mudanças elas só ocorrem com a construção de políticas públicas. Então a gente fez esse estudo para que esse ele revelasse um quadro que, infelizmente, é um quadro ainda não muito satisfatório"