Salvador está entre as 15 cidades que vão implementar novas estratégias com inseticida para combater a dengue, a zika e a chikungunya, doenças arboviroses causadas por vírus transmitidos por mosquitos. A decisão acontece após o Ministério da Saúde oficializar a utilização de Técnica das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) como aliadas para frear o aumento de casos dessas doenças.
Na prática, as EDLs são potes contendo água parada que serão distribuídos nos locais onde há mais proliferação dos mosquitos. Conforme divulgado pelo Governo Federal, o objetivo dessa estratégia é atrair as fêmeas para esses recipientes - que estarão banhados com larvicida piriproxifeno (inseticida que ajuda a inibir o desenvolvimento das características adultas do inseto como asas, órgãos reprodutivos e outros). Sendo assim, ao se contaminarem com essas substâncias, as fêmeas cairão na armadilha e elas mesmas levarão o larvicida para os próximos lugares de água parada que encontrarem e isso afetará o desenvolvimento dos ovos e larvas depositados nesses criadouros.
Ainda segundo o Governo Federal, para que as EDLS sejam adotadas é necessário que tenha a manifestação de interesse por parte do município, assinatura de acordo de cooperação técnica com a Fiocruz, validação da estratégia com a secretaria de saúde do estado, capacitação dos agentes e monitoramento da implementação.
Inicialmente, essa estratégia do Governo Federal será aplicada em apenas 15 cidades do Brasil, dentre elas Salvador que, de acordo com Lucrécia Lopes, subcoordenadora do Centro de Controle de Zoonoses, já confirmou interesse em aderir ao plano de política nacional.
"Recebemos do Ministério da Saúde convidando o município a aderir essa estratégia, e já respondemos positivamente confirmando o nosso interesse. Agora, estamos aguardando o retorno do Ministério porque eles ainda devem estar tratando da parte burocrática com a Fiocruz. Acredito que antes do final deste ano tenhamos resposta ao nosso manifesto para seguir as próximas etapas", disse Lucrécia, em entrevista ao MASSA!.
Dentre os critérios de escolha pelas cidades que serão contempladas, neste primeiro momento, estão: possuir população superior à 100 mil habitantes, ter alta notificação de casos de dengue, chikungunya e zika nos dois últimos anos, alta infestação por Aedes aegypti e disponibilidade de equipe técnica operacional de campo. "Salvador atende a todos os critérios, além de ser capital", pontuou Lucrécia.
Cenário da dengue
O número de casos suspeitos de dengue na Bahia é alarmante. Só entre 31/12/2023 até a última segunda-feira (8), a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) computou 227.373 casos prováveis para a doença. Quarenta e nove cidades estão em epidemia, outras 51 em risco e 289, incluindo Salvador, em alerta. Tratando-se de óbitos, 96 pessoas morreram após contraírem dengue. Vitória da Conquista é o município que mais registra mortes (22), seguido por Feira de Santana (6), Encruzilhada (4), Juazeiro (4), além de outras cidades. Dos 96 óbitos, 47 deles foram pessoas com idades entre 60 e 80 anos, conforme boletim da Sesab.