Você já imaginou que o crochê poderia 'salvar vidas'? Para três mulheres, essa técnica milenar foi muito mais que um passatempo, tornou-se um símbolo de superação e resiliência. Pensando em valorizar essa arte, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (SPMJ), está promovendo a 1ª edição da CrochêFeira. O evento acontece na Praça de Eventos (L1) do Shopping Center Lapa.
Nesta primeira edição, a feira apresenta uma ampla variedade de peças artesanais em crochê, de acessórios e bolsas a roupas e bonecas assinadas por cerca de 20 artistas. A iniciativa também possui um forte apelo social, com ações voltadas para mulheres em situação de vulnerabilidade, encaminhadas para instituições e secretarias competentes.
Entre as histórias de superação, destacam-se as trajetórias de Mariadélia Costa Nery, 70 anos; Camila Rabelo dos Santos, 34; e Edinalva Santos Santiago, 72.
Mariadélia aprendeu crochê na infância, com suas irmãs mais velhas. “Na roça, não havia entretenimento. Comecei a fazer crochê com 8 anos, entre erros e acertos, e aos 14 já ensinava outras pessoas.” Mais tarde, a arte se tornou uma fonte de renda indispensável. “Fiz roupas, bonecas de pano e sempre continuei. O crochê me ajudou a superar momentos difíceis. É terapêutico, exige concentração e ajuda a esquecer problemas. Hoje, ensino minha filha, meu filho e até meus netos.”
Camila, por sua vez, encontrou no crochê um refúgio para superar abusos e depressão. “Descobri o crochê na adolescência, mas só voltei a praticar durante a pandemia, em meio a uma crise emocional profunda. Ele me conecta comigo mesma. Passei a me sentir útil e orgulhosa do que faço.” Camila acredita que a valorização do trabalho artesanal é essencial: “É importante que o Estado invista em nós, artesãs, e promova mais feiras como essa, onde nosso trabalho é reconhecido.” Hoje, ela ensina essa arte à sobrinha de 8 anos.
Já Edinalva começou a fazer crochê aos 40 anos, como uma forma de lidar com uma depressão severa além do uso de drogas. “Estava presa a medicamentos, sem ânimo. Decidi mudar. Fiz cursos, aprendi novas técnicas e participei de várias feiras. O crochê me devolveu a vontade de viver.”
Fernanda Lordêlo, secretária de Políticas para Mulheres, Infância destacou: “Promover o empreendedorismo feminino é fundamental para garantir a autonomia econômica das mulheres e combater a violência de gênero. A CrochêFeira valoriza o artesanato, fortalece a autoestima e incentiva a independência financeira, além de criar um espaço para trocas e parcerias entre as participantes.”
Além disso, a programação inclui oficinas gratuitas para iniciantes, ministradas pela professora Miriam Castro. As aulas acontecem nos dias 25, 27, 29 e 31 de janeiro, além de 1º de fevereiro, com turmas das 9h às 13h e das 13h às 17h. Uma oportunidade valiosa para aprender crochê e desenvolver novas habilidades pessoais e profissionais. As inscrições podem ser feitas através do Sympla.