Devotos de São Roque, São Lázaro e Obaluê sabem que dia 16 agosto têm um compromisso: prestar homenagens a eles. É por isso que nesse dia está marcada no calendário a tradicional romaria para São Lázaro do Afoxé Filhos de Gandhy.
A concentração para a romaria começou às 7h. Antes de sair, o grupo iniciou com um padê, um rito que marca o início das cerimônias no candomblé, propiciado a Exu para abrir caminhos. Após a saudação a Exu, o grupo saiu tocando em direção à Baixa dos Sapateiros, onde lotaram um veículo para seguir a romaria.

Antes de chegar ao destino, eles prestaram saudação a Iroko, orixá associado à árvore conhecida como Gameleira, e seguiram andando até o santuário. O presidente do Afoxé Filhos de Gandhy, Gilsoney Oliveira, comentou o que a romaria representa para eles.
“É um momento de religiosidade quando a gente vem em devoção a Obaluaê e São Lázaro seguindo o nosso calendário religioso, agradecendo a Deus por poder mais um ano vir fazer a contribuição nessa festa tão bela. É muito simbólico também celebrar os santos e orixá ligados à saúde após anos de pandemia."
Gilsoney também falou sobre a importância de poder fazer essa festa. “É uma satisfação voltar a viver um momento sagrado. O Filhos de Gandhy tem esse papel importante de levar essa mensagem de paz e de elevar a espiritualidade”, disse.

A caminhada encantou fiéis e turistas. Os olhos atentos não escondiam a admiração pelo desfile do Gandhy, que seguiu levando beleza, fé e celebração, tudo isso ao som de atabaques, agogôs e xequerês.
Alana Ataíde, uma turista do Rio de Janeiro, aproveitou as férias em Salvador para conhecer a celebração. “Consegui sentir toda a energia da cidade aqui, ver as pessoas de diferentes religiões juntas professando a própria fé com respeito e festa é lindo”, contou.
“Eu sempre tive o sonho de ver o desfile dos Filhos de Gandhy no carnaval de Salvador, mas não esperava vê-los aqui hoje, foi muito emocionante e especial participar desse momento, fui abençoada por esse axé”, concluiu Alana.

A chegada do Gandhy à Igreja de São Lázaro e São Roque foi muito celebrada e terminou com o banho de pipoca tradicional da festa, que, segundo o rito, traz limpeza de energias e cura espiritual trazendo o axé de Obaluaê para a cura de doenças.
A romaria do Gandhy está presente no calendário deles, assim como as celebrações de outros orixás ao longo de todo o ano. Essa é a manutenção do setor religioso dessa associação que é muito maior que o carnaval.
Raimundo Guerreiro é diretor-executivo do conselho fiscal do Gandhy e está completando 40 anos de associação esse ano. Para ele, a romaria é muito importante. “Nós não seguimos o rito da igreja católica, fazemos aqui o processo que encontramos com os nossos ancestrais. Não mudamos nada. Todo 16 de agosto nós vamos homenageá-los”, garantiu.







