
A história de Sergio Rodrigo Guimarães, o 'Tarzan' maranhense que se nega a descer do topo de uma árvore dentro da Base Aérea de Salvador, chamou a atenção da população baiana nos últimos dias. Os agentes do Corpo de Bombeiros estão no local desde às 18h44 de segunda-feira (2) para tentar o resgate, que já dura mais de 60 horas.
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A operação para convencer o homem a desistir de permanecer na estrutura, a mais de 15 metros do chão, é tratada como delicada e empática. Diversas negociações foram feitas, mas nenhum acordo foi selado até o momento. Nesta manhã, os bombeiros instalaram colchões ao redor da base da árvore, como forma de proteção caso o homem caia.
Em comunicado enviado à imprensa, o Major BM André Moreira, responsável pela missão de resgate, detalhou as estratégias utilizadas pela equipe. "É um local perigoso, que traz riscos para a vida dele. Por isso, estamos fazendo uma abordagem muito humanizada, utilizando todos os nossos recursos, técnicas e inteligência emocional, para que possamos entregá-lo nos braços da sua família e ele possa retornar ao seu estado seguro, salvo e feliz".
Análise psicológica
Devido à situação incomum, surgiram questionamentos sobre as questões psicológicas de Sérgio, o que pode tê-lo levado a tomar tal decisão e porque ainda está relutante em descer e ser resgatado. Para esclarecer tais dúvidas, a reportagem do Portal MASSA! entrou em contato com a psicóloga clínica Nili Brito, que analisou o caso.
De acordo com o olhar profissional de Nili, a motivação das ações de Sérgio pode estar ligada a diversos fatores. “O que pode motivar uma pessoa a manter um comportamento desse é muito relativo. Depende da história de vida da pessoa, depende da relação que ela está tendo com a dor dela”, indicou.
Então, às vezes, pode ser um surto psicótico? Pode. Como também pode ser uma dor emocional intensa
Nili Brito, psicóloga clínica
Visando se manter no topo dos galhos durante todo esse tempo, o homem levou mantimentos para se alimentar e conseguiu desenvolver uma forma de obter água, além de demonstrar uma expertise em viver na mata. De acordo com a psicóloga, Sérgio pode estar tentando pedir ajuda por meio dos seus atos.
“Nem todas as pessoas, às vezes, conseguem solicitar ajuda para o outro, por não estarem bem, por estarem com alguma questão emocional ou psíquica. E aí, não conseguindo, muitas vezes acabam agindo, tendo formas disfuncionais de expressar isso”, explicou.
Durante o processo de resgate, equipes da Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil Municipal, além do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), estiveram presentes. Mas, segundo Nili, é imprescindível ter um profissional do ramo psicológico na equipe.
“É importante, nesse lugar onde a pessoa se encontra, ter profissionais, uma equipe multiprofissional: psicólogos, psiquiatras, mas que também já tenham experiência com crise, alguma especialização em casos de crise. A rede de apoio entra nesse sentido, como acolhimento e a possibilidade de identificar alguns sinais e sintomas”, comunicou.

Assim que o indivíduo for resgatado, ele deve ser encaminhado para tratamento das questões mentais com um profissional. “Com isso, fazer uma intervenção de encaminhamento desse paciente para consultas terapêuticas. E não podemos esquecer da família, do suporte a essa família”.
Porque o que ele precisa é uma avaliação psiquiátrica, uma avaliação psicológica
Nili Brito, psicóloga clínica
Sumiço do maranhense
Segundo informações iniciais, Sérgio é natural do Maranhão e viu na Bahia uma chance de conseguir descolar um 'trampo'. No entanto, se envolveu em confusões e desapareceu misteriosamente desde março.
Os agentes do Corpo de Bombeiros seguem na região para tentar dar um desfecho positivo a história. A reportagem do Portal MASSA! buscou mais informações com o efetivo, que informou ainda não haver previsão para o fim da operação, que é conduzida com cautela a fim de preservar a integridade física e emocional do rapaz.