A arte e a cultura nas suas distintas linguagens; a ciência; o esporte; a inovação e o empreendedorismo fazem parte do currículo escolar, por meio de diversos projetos estruturantes promovidos pela Secretaria da Educação do Estado (SEC), para dinamizar o ambiente escolar e estimular o protagonismo estudantil. Durante todo o ano letivo, orientados por professores, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver, em salas de aula e nos laboratórios, pesquisas de iniciação científica em diversas áreas do conhecimento, além de aprimorar suas habilidades, competências e conhecimentos, por meio do canto, da dança, da música, do teatro, das artes visuais e produções audiovisuais.
Dentre os projetos realizados está o Educa Mais Bahia, que envolve os estudantes nas chamadas atividades complementares, potencializando o processo de ensino e aprendizagem nas escolas de tempo integral. Já os projetos estruturantes são: Festival Anual da Canção Estudantil (Face); Tempos de Arte Literária (Tal); Artes Visuais Estudantis (Ave); Educação Patrimonial e Artística (Epa); Produção de Vídeos Estudantis (Prove); Dança Estudantil (Dance); Encontro de Canto e Coral Estudantil (Encante); e o Festival Estudantil de Teatro (Feste). Já o Programa Ciência na Escola envolve a iniciação científica e a mostra dos projeto na Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (Feciba).
A participação e engajamento dos estudantes é tamanha que os projetos passam por seletivas nas escolas, nos 27 Núcleos Territoriais de Educação (NTE) e depois são apresentados no Encontro Estudantil da Rede Estadual de Ensino, em Salvador. Neste ano, o encontro estadual reuniu cerca de 3 mil pessoas, entre estudantes, professores, coordenadores pedagógicos, gestores e técnicos, ocupando cinco níveis da Arena Fonte Nova, nos dias 12, 13 e 14 de dezembro. O templo do futebol foi transformado no espaço de apresentação dos projetos nas áreas de Ciência, Tecnologia, Cultura e Artes.
No encontro, foram expostos 972 projetos de expressão artística e cultural; 300 de tecnologias sociais, no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica; e 950 projetos na Feciba, do programa Ciência na Escola. Além disso, participaram do encontro estudantes que foram eleitos líderes de classe e líderes territoriais; os jovens ouvidores e deputados jovens baianos e a juventude do campo, que integram iniciativas da Secretaria, com o objetivo de que eles possam contribuir com a gestão participativa nas escolas e também vivenciem experiências de estímulo à sua formação integral.
Potencial criativo e transformador
1.
Os estudantes protagonistas demonstram todo o seu potencial criativo por meio de projetos. Lucas Rafael Silva, 17 anos, e Clarisse de Jesus, 18 anos, do 3º ano do curso técnico de nível médio em Mecatrônica, do Centro Territorial de Educação Profissional de Itaparica (Cetep), no município de Paulo Afonso, desenvolveram um braço mecânico denominado de “Keep Talking and Nobody Explodes”, que replica os desafios encontrados no jogo criado com materiais, como dois microcontroladores de arduino, teclado de membrana e LEDs.
Rafael fala do suporte recebido para desenvolver essa experiência. “A Mecatrônica, que é a nossa área, já faz parte da minha vida há muito tempo e o envolvimento no curso foi ótimo, pois conseguimos colocar em prática muita coisa que aprendi na sala de aula. Eu consegui fazer tudo isso graças às aulas e ao curso. Estou muito feliz e consciente da carreira que quero seguir”, afirmou.
Para sua colega Clarisse, o envolvimento na pesquisa reflete o empoderamento feminino. “Eu sempre gostei dessa área, desde pequena. As pessoas diziam que não valia à pena fazer esse curso porque só tem homem, mas está sendo muito gratificante fazer, inclusive para mostrar que mulher pode ser o que ela quiser. No Cetep, eu encontrei boas matérias, bons professores e uma forma de ensino muito boa também”, enfatizou.
2.
Kevillyn Andrusyszyn, 17 anos, e Karen Lopes, 16 anos, 2º ano do Ensino Médio, do Cetep da Região Metropolitana, em Camaçari, desenvolveram uma pesquisa sobre a remoção de metais pesados da água utilizando cascas de frutas como biossorvente. Elas falaram do encantamento despertado pelo fazer ciência na escola. “Sem o incentivo e sem o apoio da escola a gente não conseguiria desenvolver esse trabalho. A escola nos deu tempo, influência e o apoio necessário. Eu fiquei ainda mais interessada pela ciência e motivada para continuar”, afirmou Kevillyn. “Comecei a desenvolver esses projetos na escola no primeiro ano do Ensino Médio, quando nosso professor de Química nos incentivou. Eu sei que esse projeto, em larga escala, pode trazer muita coisa boa para a nossa sociedade e também para o nosso planeta. Isso só demostra que todos os estudantes de escolas públic as podem desenvolver projetos incríveis”, acrescentou Karen.
3.
O interesse pela ciência tem envolvido significativamente os estudantes que moram em zonas rurais. É o caso de Mariana Santos e Davi Silva, ambos com 17 anos, 2º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual Clemente Mariano, em Ibiaçu, distrito de Maraú. Moradores da comunidade rural de Paragem, eles realizam uma pesquisa sobre a rotação de cultura como alternativa para a conservação da Mata Atlântica no município de Maraú.
“A gente observou que era comum a prática do desmatamento e das queimadas. Foi a partir daí que a gente começou a fazer os nossos experimentos. E é maravilhoso fazer uma pesquisa dessa e ver que muitos agricultores já estão colocando em prática”, comentou Mariana. “Meus pais são agricultores familiares e a gente começou a ver que era possível mudar essa cultura das queimadas. Então, isso tem sido prazeroso, por poder mostrar para a comunidade que é possível produzir sem destruir”, destacou Davi.
4.
Os estudantes Rwyllyan Fonseca, 20 anos, 2º ano do Ensino Médio, Jadison Monteiro, 18 anos, 2º ano, e Damillis Ramires, 18 anos, 1º ano, participam do projeto Dança Estudantil (Dance), no Colégio Estadual Dulcina Cruz Lima, Rodelas. Eles criaram a coreografia “A resistência preta”, que tem como centralidade a luta antirracista e o combate ao feminicídio.
“Dançar é expressar quem somos e juntar a dança com a cultura de resistência e a luta antirracista é bem forte e muito significativo. Ter a arte dentro da escola agrega muito conhecimento e isso é incrível”, afirmou Rwyllyan. “A gente aprende muita coisa em relação à cultura e nós podemos passar para as pessoas o nosso trabalho e desempenho em festivais e eventos como o encontro estudantil. Tudo isso traz um sentimento de realização”, acrescentou Jadison. “A arte me emociona e ter isso na escola é maravilhoso”, acrescentou Damillis.