
Um dos espaços mais tradicionais de Salvador, a Feira de São Joaquim está vivenciando uma nova fase de valorização cultural e humana. Até o dia 22 de agosto, o local estará recebendo oficinas gratuitas de música e teatro, promovidas pelo projeto Vozes da Feira, idealizado pela Wilson Sons, uma das principais operadoras de logística portuária e marítima do país.
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A iniciativa é voltada exclusivamente para os feirantes e seus ajudantes, promovendo uma imersão artística que busca revelar talentos, fortalecer laços comunitários e elevar a autoestima dos trabalhadores da feira. As oficinas acontecem às quartas e sextas-feiras, no Píer da Feira de São Joaquim, e serão ministradas por nomes de peso da cena artística baiana: o ator e diretor Jorge Washington, a atriz e diretora Luciana Souza e o cantor e multi-instrumentista Dão Black.
A aula inaugural aconteceu na tarde desta sexta-feira (4) e foi aberta ao público, marcando o início de uma jornada que culminará em mostras artísticas nos meses de agosto e setembro. A primeira apresentação está marcada para o Dia do Feirante, 25 de agosto.
Mais do que ensinar técnicas, o projeto quer transformar vivências em arte. “A ideia é pegar esse molejo, essa música, essa fala característica da feira e transformar em teatro. Isso eleva a autoestima dessas pessoas”, destacou Jorge Washington, que tem uma história de vida entrelaçada à Feira de São Joaquim. Ele foi vendedor de sacolas no local durante a juventude e hoje volta como professor, cheio de orgulho e emoção.
Luciana Souza, que ministra a oficina de teatro ao lado de Washington, acredita que a arte tem o poder de transformação social: “A arte impulsiona a consciência de classe. Quando essas pessoas se reconhecem como parte de algo maior, percebem o valor do seu trabalho e lutam por melhores condições de vida”.
Dão Black, conhecido por sua versatilidade e por dialogar com a black music, comanda a oficina de música e propõe uma mistura de estilos para resgatar e reinventar sonoridades a partir do repertório popular da feira.

O projeto já animou os participantes. Luciene Alves, 61 anos, massoterapeuta e poeta, é uma das alunas. Para ela, unir cultura e feira é uma iniciativa poderosa. “O teatro faz bem para a mente, combate o estresse. É um lazer que cura”, afirmou. Ela levou a mãe para a aula inaugural e espera que o projeto se espalhe por outras feiras da cidade.
A Feira de São Joaquim é reconhecida como um espaço de resistência, memória e diversidade. Um Projeto de Lei em trâmite na Assembleia Legislativa da Bahia propõe seu tombamento como Patrimônio Cultural Imaterial do estado, e o projeto Vozes da Feira contribui diretamente para esse reconhecimento.
Para Nilton Ávila, presidente do Sindicato dos Feirantes, conhecido como Gago da Feira, o projeto reacende o sentimento de pertencimento: “Tem companheiros que não sabem o valor que essa feira tem. Esse projeto vem para enriquecer a nossa comunidade. A feira é uma cidade dentro da cidade, uma casa de caridade de portas abertas”.
Adriana Medeiros, supervisora de marketing e especialista em ESG do Tecon Salvador, unidade da Wilson Sons, reforça o compromisso da empresa com o território: “A Feira de São Joaquim é um espaço de memórias e desenvolvimento. Com o Vozes da Feira, queremos valorizar essa riqueza cultural e dar voz aos trabalhadores que fazem essa história todos os dias”.