'Trajetórias, percursos e processos criativos' foi o tema de uma mesa de debate nesta sexta-feira, 15, no Cine Glauber, durante o XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema.
A mesa contou com a participação da atriz e roteirista Bruna Linzmeyer, da cineasta e diretora de fotografia Heloísa Passos e da montadora Cristina Amaral.
Durante a conversa, Linzmeyer contou sua experiência com novelas e frisou a experiência de promover diálogo entre o país, no que chamou de "conexão poderosa".
"Na prática, fazer novela, está muito na fala, está muito no discurso, está muito no diálogo, a câmera conta pouca história na TV, mas sempre uma câmera parada, um plano fechado, um plano aberto, e tudo que eu preciso expressar eu preciso falar, ou eu preciso mostrar o meu rosto, eu não vou ter um plano detalhe, então é uma forma diferente de construir o personagem para contar essa história".
Linzmeyer lembrou ainda sua atuação em Pantanal, onde interpretou a primeira versão de Madeleine Novaes, e contou como construiu a personagem.
"Em uma dessas visitas, eu sentei pra conversar com uma mulher que se chamava Juliana, e a gente estava sentada num banco na casa dela e ela me falava do quanto odiava morar, e do quanto ela queria ir embora. E aí ela me falava que as únicas coisas que davam prazer pra ela era a internet, onde ela podia ver vídeos e outras coisas"
Já Heloísa Passos compartilhou com o público sua experiência profissional e fez uma retrospectiva sobre como foi de fotógrafa a direitora de fotografia.
"Eu uso minha aula de fotografia até hoje para falar do tempo estendido da fotografia que eu carrego comigo na minha filmografia. Trabalhei no Museu de Imagem de Som e Coletivo e ali eu fui apadrinhada por um cara eloquente, o Valerio Xavier, foi o primeiro homem eloquente que eu conheço, ele me apadrinhou e eu fui pro mundo".
Em sua fala, a montadora Cristina Amaral contou que gosta de ler roteiros, que lhe servem principalmente para a primeira estrutura do filme, especialmente em filmes de ficção.
Segundo ela, depois disso, o fluxo de imagens e a vida própria das cenas ditam as mudanças necessárias.
"No caso de ficção, eu sinto que não era o caso do Mato Seca também, que ele não veio com essa proposta de um roteiro envolvido, ali é jogo de vida o tempo inteiro, mas normalmente filme de ficção quer ser. Gosto de roteiro, principalmente se eu nunca trabalhei com aquele diretor, porque é o primeiro contato que eu vou ter com aquela cabeça que vai conviver comigo durante meses até anos, então eu gosto de ler, mas é só para isso".