Prestes a completar 61 anos, Joaquim Belarmino Cardoso Neto, conhecido como Joaquim Neto (PSD), é nascido em Alagoinhas, mas se projetou na política como prefeito de Sátiro Dias. Médico, carrega como principal marca da sua gestão a construção do hospital daquele município. À frente do Executivo de sua cidade natal, após seis anos de gestão, ajudou a eleger no último pleito a primeira-dama, Ludmilla Fiscina (PV), deputada estadual.
Aliado do senador Otto Alencar (PSD), Joaquim Neto fez parte da base do ex-governador Rui Costa e também integra o grupo de apoio do governador Jerônimo Rodrigues, ambos do PT. Essa parceria tem se revertido em investimentos para a cidade.
O prefeito já projeta a construção de um hospital regional e um aeroporto no município. Com tantos investimentos, o apoio do eleitorado e a retaguarda de um grupo político forte, Joaquim Neto deixa no ar a ambição de novos voos. “Já fui prefeito de cidade pequena, agora de uma das 10 maiores economias da Bahia, quero jogar em times maiores”, sinaliza. Essa e outras declarações você confere na entrevista exclusiva, que abre a série de entrevistas com prefeitos baianos.
Prefeito, o Sr. está no meio do segundo mandato em Alagoinhas e acabou de conseguir uma grande vitória elegendo a primeira-dama, Ludmilla Fiscina (PV), deputada estadual. Qual a avaliação que o Sr. faz da sua gestão até agora?
Primeiro a satisfação de que, na história política de Alagoinhas nós já fizemos muitos deputados, nenhuma mulher. Estávamos órfãos de deputado estadual há quatro anos e Ludmilla veio para representar a região. Quem ganha é uma região de 33 cidades, a nossa região litoral norte e agreste baiano, a macro nordeste, que é uma região que tem quase um milhão de habitantes. Juntando essas 33 cidades são 890 mil, pelo novo censo deve passar de 900 mil habitantes que careciam de lideranças novas.
Alagoinhas é como se fosse a capital de toda essa região. Uma referência para a saúde, educação, temos faculdades das mais diversas. E também é uma das trinta cidades da Bahia que aumentaram a sua população na prévia do IBGE. Uma prova de que a cidade vem crescendo não só na parte econômica, onde nos destacamos pela revista Exame no final de dezembro como a cidade melhor de se fazer negócios, superando até a capital Salvador.
Isso aumenta a responsabilidade do gestor em dar a sensação e maior segurança, administrar também pra que se melhore e a assistência à saúde básica e à mobilidade que é um dos nossos pilares que é saneamento e mobilidade. No saneamento nós já gastamos, no sexto ano de mandato, mais de 100 milhões de reais, entre esgotamento sanitário e drenagens, e em mobilidade e também já gastamos mais de 100 milhões trabalhando com infraestrutura, pavimentação de diversos bairros e ruas da cidade, também na zona rural, de modo que a gente está satisfeito com o balanço do que foi feito até 2022.
A cidade cresceu, atraiu mais gente, do ponto de vista econômico também são vários os empreendimentos. Qual a perspectiva de crescimento nos próximos anos?
Nós temos alguns desafios em Alagoinhas. Nós somos o maior polo de bebidas do norte e nordeste do Brasil. Já temos um novo nome para 2023 que será a capital da cerveja. Em Alagoinhas são produzidas as melhores e mais vendidas cervejas do mundo, não é só do Brasil. Além disso também refrigerantes, sucos, água mineral... E Alagoinhas tem uma logística também fantástica porque está em cima da BR-101. Cortada pela BR-101 e pela BR-110. É uma cidade que cresce também pelo privilégio geográfico.
Alagoinhas, que já foi o maior entroncamento ferroviário do nordeste, hoje também é um entroncamento rodoferroviário, então isso aumenta o dinamismo, e uma das responsabilidades nossas, porque chegam muitas pessoas de todos os estratos sociais. Então sobre a educação pública nós entramos no desde 2018 num programa chamado Educar Pra Valer, da Fundação Lemann. As pessoas que vêm para Alagoinhas querem saber se tem uma boa educação pública e uma boa saúde pública. Nossas notas do Enem também estão sempre aumentando. E para isso nós estamos investindo muito, tanto na infraestrutura, climatizando escolas, ampliando, colocando vagas de creches à disposição, mas, principalmente reciclando e trabalhando o nosso professor, aquele que fica na sala de aula. Prova disso é que nós distribuímos um precatório de mais de 50 milhões de reais no ano passado para os professores do antigo Fundef, e isso também trouxe um ânimo, aquela vontade para os professores, coordenadores e diretores.
Além do polo de bebidas, o município também tem um pólo calçadista.
Hoje nós ampliamos em mais de 50% o número de postos de trabalho no polo calçadista que nós temos. Isso trouxe desenvolvimento principalmente para um bairro que sempre às margens, que é o bairro do Barreiro, e foi muito privilegiado porque essa fábrica chegou, não só com a produção bem maior, como eu disse, mais de 50% a mais de postos de trabalho, mas também a preocupação social com o maior bairro de Alagoinhas, onde moram mais de 30 mil pessoas.
A expansão do pólo educacional também se reflete nessa atração de pessoas que acaba alimentando essa cadeia produtiva?
É um orgulho para nós alagoinhenses, porque nós temos aí muitas faculdades, desde medicina até praticamente todos os cursos e já vamos formar a primeira turma de medicina agora em 2023. E isso atrai gente de várias cidades, nós temos estudantes inclusive de outros estados. Uma cidade que está próxima à capital baiana, próxima da capital sergipana e agora temos aí também um grande volume de obras do Governo do Estado da Bahia, que foi investido muito mais de 100 milhões de reais em infraestrutura. O Governo do Estado está concluindo uma obra que encontra com a Linha Verde.
Então, para se chegar à praia hoje... De Alagoinhas em menos de uma hora se chega às principais praias do litoral norte. O mercado imobiliário está sempre aquecido. Para se ter uma ideia, para os próximos anos serão em torno de mais de 10 mil unidades residenciais.
O Sr. falou das obras do Governo do Estado, foram mais de 100 milhões e o que tem no radar para os próximos anos? O que o prefeito espera inaugurar até dezembro de 2024?
Como Alagoinhas tem praticamente todos os modais de transporte, nós agora estamos ambicionando junto ao governo do estado a construção de um aeroporto. Alagoinhas tem cargas, cargas especiais inclusive, e também para transporte de passageiros. Nós temos uma pista, um aeródromo já construído desde o tempo da Schincariol que não está sendo utilizado. E nós pedimos ao governo do estado que ativasse, reativasse ou construísse um aeroporto na nossa cidade de Alagoinhas que servirá a todos esses municípios do nosso território.
O governador já se comprometeu, ele é sensível a essa causa, são dois investimentos de grande vulto que vai servir para ampliar ainda mais o desenvolvimento da nossa região. Além disso, o governador Jerônimo já se comprometeu e já temos o anteprojeto para a construção de um novo hospital regional. O hospital regional Dantas Bião, que já tem mais de 80 anos de existência, não atende mais a população, se tornou pequeno para a crescente população.
Então vão ser investidos 140 milhões de reais para a construção de um hospital regional, que terá 180 leitos, inclusive com o tratamento em oncologia, o tratamento do câncer intra-hospitalar. Então essas duas grandes esperanças que nós temos do governo para alavancar ainda mais o nosso desenvolvimento.
O senhor faz parte do PSD, parceiro de primeira hora do projeto liderado pelo governador Jerônimo. O que isso abre de possibilidades para o senhor como membro do partido e como prefeito de Alagoinhas?
Eu tenho muito orgulho de ser filiado ao PSD há muitos anos. Tenho amizade com o senador Otto Alencar de pelo menos 30 anos. Isso já diz tudo, a empatia que nós temos um com o outro... E o senador Otto Alencar sempre liderou os programas, defendeu as demandas, não só de Alagoinhas como da região. Eu já fui prefeito de duas cidades, nessas duas cidades sempre teve a presença ativa do senador Otto Alencar, que ajudou nessa composição vitoriosa para Jerônimo Rodrigues, o grupo do grande [ex-]governador Rui Costa, que também ajudou muito a nossa cidade.
Então o senador [Otto] inclusive destinou há três anos 10 milhões de reais para a construção do hospital materno-infantil. E nós estamos concluindo, vamos inaugurar ainda neste primeiro semestre. Agradeço muito ao senador Otto Alencar, que teve a sensibilidade, é uma obra que nós vamos gastar mais de 20 milhões, mas que vai virar uma página. Vai dar maior assistência às nossas gestantes e, também, na área de neonatologia.
A deputada Ludmilla, sua esposa, teve uma resposta muito boa das urnas. Uma votação equivalente à do seu primeiro mandato como prefeito, 25 mil votos apenas em Alagoinhas. O Sr. está no segundo mandato, é lógico que a deputada não pode concorrer nas próximas eleições municipais por uma questão legal, mas essa nova frente que se abre na Assembleia, como o Sr. imagina que isso possa ter desdobramentos politicamente para o Sr., para ela e para Alagoinhas?
Eu vou dar um exemplo. Eu sou médico voluntário do Alagoinhas Atlético Clube, o bicampeão baiano, e eu sempre tinha dito isso, até porque eu fui prefeito de cidade pequena, mas muito boa, que é a cidade de Sátiro Dias e lá eu sempre dizia: quem joga em time pequeno um dia quer jogar em um time grande. E hoje eu sou prefeito de uma cidade tão importante, uma das dez maiores economias do estado da Bahia.
Então, já que eu cheguei até aqui, quero jogar em times maiores. E isso, essa votação de Ludmilla como deputada estadual, que talvez vai marcar a história como a deputada mais votada de todos os tempos de Alagoinhas, isso incentiva e anima nós dois. Ela como deputada olhando toda uma região e eu como prefeito, para dar maiores saltos. Mas também eu termino dizendo que o futuro a Deus pertence.