O preço do gás de cozinha continua a impactar fortemente o orçamento dos consumidores baianos e a desafiar os revendedores. O valor elevado, acima dos R$ 100, tem levado muitas famílias a enfrentarem dificuldades na hora da compra, enquanto os comerciantes do setor relatam uma queda nas vendas, pressionando ainda mais a economia local.
Apesar do preço elevado, é importante destacar que o recente aumento no valor do gás, anunciado pela Petrobrás, não é um ajuste que afeta diretamente a Bahia. No estado, o gás de cozinha é regulado pela Acelen, empresa privada que ajusta os preços mensalmente. Em julho, o reajuste foi de R$ 2,60, porém, nem todos os revendedores repassaram esse aumento aos consumidores.
Apesar da ausência do repasse, o preço do gás de cozinha permanece elevado, representando um peso no bolso dos consumidores. Uma volta por Salvador revela variações nos preços: em Sussuarana, o botijão é vendido por R$ 124, em Plataforma por R$ 120, e em Pernambués por R$ 110. Esse preço pode mudar se o consumidor escolher receber em casa, ficando ainda mais caro.
Com o valor elevado, os revendedores sentem o impacto, como garante o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás da Bahia (Sinrevgas), Robério Souza. “Existe um impacto bem significativo nas vendas. A gente percebe uma procura cada vez menor pelo produto, as pessoas estão encontrando cada vez mais dificuldade para ter acesso ao gás por uma questão financeira. É diferente da gasolina, que as pessoas que abastecem R$ 50 de combustível podem abastecer R$ 40 quando há uma alta no preço. Já o gás é um aporte único; se a pessoa teve que aportar R$ 120 num botijão no mês passado e esse mês está R$ 140, vai ter uma dificuldade”, explicou Robério.
O preço na casa dos três dígitos pesa para quem compra e para quem vende. Sandro, revendedor do bairro de Plataforma que trabalha há 10 anos no ramo, comenta que o negócio deixou de ser tão rentável devido ao preço. "Aumentou demais, quando entrei nesse ramo o gás custava R$ 35, e hoje é R$ 120. O pessoal compra gás porque não tem jeito, mas a verdade é que é um produto caro, fica difícil para quem compra e para quem vende," explicou o revendedor.
Riscos à segurança
Ainda segundo o presidente do Sinrevgas, a situação de dificuldade também tem levado muitas famílias a recorrerem a métodos alternativos e perigosos para cozinhar; isso porque o trabalhador mais humilde compromete aproximadamente 10% da sua renda para comprar um botijão de gás, que custa hoje, em Salvador e RMS, em média R$ 132.
“A gente tem observado que as pessoas não estão tendo dinheiro para comprar o gás, e vão usar artefatos para fazer fogo para cozinhar, como madeira de restos de móveis e álcool”, contou. “Isso deixa a população em um cenário de risco, uma vez que usar esse tipo de artefato não dá controle das chamas, e os acidentes aumentam”, esclareceu Robério.