O reajuste da tarifa dos ônibus em Salvador pegou alguns usuários do transporte público de surpresa, principalmente pela diferença entre as taxas: a partir deste sábado (4), será preciso desembolsar R$ 5,60 para fazer uma viagem de buzu.
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Para entender de que maneira a decisão da Prefeitura de Salvador, publicada no Diário Oficial do Município (DOM), na última quinta (2), impacta na vida dos passageiros, o Portal MASSA! foi às ruas conversar com quem vive a rotina ‘barril’.
Sueli Cristina passa pela estação de ônibus da Lapa todos os dias para ir ao trabalho e considera o reajuste um absurdo. “Os ônibus estão todos velhos, a maioria sujos, com barata… Eles só fazem aumentar e nada de melhorar o conforto pra gente”, falou.
Moradora de Plataforma, a doméstica destacou ainda que tem sofrido com a redução da frota e, agora, precisa pegar um ônibus, utilizar o metrô e depois esperar outro carro para chegar ao trabalho. “Além do conforto, esse valor deveria contribuir para [o aumento] a frota, mas isso não acontece”, opinou.
Quem também passa pelo perrengue de esperar muito tempo nos pontos de ônibus é Maria de Fátima. Ela contou ao MASSA!, que, na maioria das vezes, precisa aguardar por uma hora para seguir na viagem direto, sem fazer baldeações, para sair do bairro do Uruguai, onde mora, para o trabalho.
“Hoje a frota é pouca. Já atendeu aos moradores bem, hoje não. Eu fico cerca de uma hora no ponto, esperando um ônibus pra vir trabalhar. Se for pra ficar uma hora [esperando], eu pego um só, mas se eu quiser adiantar por conta do trabalho, que tem horário pra chegar, eu tenho que pegar dois. E pra voltar também”, relatou.
A cuidadora de idosos disse ainda que considera o reajuste injusto, já que “aumentou, mas a qualidade do transporte deixa a desejar”. A usuária do modal também afirmou que, constantemente, precisa viajar em veículos sujos, e com baratas, além de serem raros os carros com ar-condicionado.
Sobre o financeiro, Maria de Fátima foi enfática: “Vai impactar muito o salário”. “O salário aumenta tão pouco, e aí chega no final de ano, aumenta tudo, inclusive o transporte, que é um meio que a gente usa bastante. Então, de uma certa forma, mexe no salário. Vai impactar de uma forma negativa”, completou.
A estudante Hanna de Jesus também percebeu uma queda brusca no número de linhas e veículos rodando nas ruas de Salvador, mas afirmou que prefere não se submeter à espera prolongada.
“Eu percebo que tem menos ônibus rodando lá no meu bairro e a gente passa bastante tempo no ponto esperando. Acho, inclusive, que a chegada do BRT diminuiu ainda mais a frota de ônibus”, detalhou.
A universitária confessou ainda que acaba utilizando o BRT “pra não ficar muito tempo parada no ponto, mesmo tendo ônibus que vai direto lá pra onde eu moro”.
“Aumentou o valor da passagem e não mudou nada a qualidade, então eu não sei pra que esse reajuste, já que não há uma mudança de fato acontecendo. Impacta bastante no meu bolso, mesmo pagando meia. Vou ter que deixar de comprar algumas coisinhas que eu gosto pra botar no transporte e isso é frustrante, né?”, desabafou.
A indignação também tomou conta de Magno Ferreira, outro usuário do transporte público soteropolitano ouvido pelo Portal MASSA!.
“Absurdo! A gente não ganha muito pra poder pagar esse valor de tarifa, né? E é uma das mais caras… é complicado”, pontuou o rapaz, relembrando que, após o reajuste, Salvador passa a ocupar o 5º lugar entre as cidades brasileiras com as tarifas mais ‘salgadas’.
“Não vale a pena, até porque a gente não tem nem esse conforto. Levo 1h30 da minha casa para o trabalho, às vezes em pé, poucas vezes com ar-condicionado”, descreveu o morador do bairro de Paripe.
“Eu acho um absurdo pagar uma tarifa desse valor, de R$ 5,60, sendo que hoje a gente divide os ônibus até com as baratas”, se indignou.