O Brasil tem 1.693.535 indígenas, de acordo com o Censo Demográfico 2022 realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta segunda-feira (7). O número demonstra um crescimento de 88,1% em relação à última pesquisa, feita em 2010, quando 896.917 indígenas foram contabilizados.
O atual número de indígenas do país representa 0,83% da população geral, do total de 207,7 milhões de habitantes. A Região Norte acumula 44,48% da população indígena no Brasil, com 753.357 pessoas que se declaram descendentes dos povos originários. A menor porcentagem aparece na Região Sul do país, com 5,20%.
Apenas Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Roraima são responsáveis por abrigar 61,43% da população indígena brasileira. Somados, esses estados contabilizam mais de 1 milhão de pessoas que se identificam como indígenas. Por outro lado, as três unidades da Federação com o menor número de indígenas são: Sergipe, Distrito Federal e Piauí.
Com a maior quantidade absoluta de pessoas indígenas, a cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, tem impressionantes 93,17% de seus habitantes que se consideram indígenas. Já em São Paulo, esse índice cai para apenas 0,17% dos cidadãos locais.
O censo mostra ainda que 63,27% vivem atualmente fora das terras indígenas. Na esfera regional, a Região Centro-Oeste concentra a maior população indígena que não reside nas comunidades tradicionais, com 57% de indígenas nessa situação.
Nova metodologia
O censo demográfico é realizado de forma presencial pelos licenciadores. Na pesquisa feita entre 2022 e 2023, os funcionários do IBGE percorreram todo o Brasil, inclusive comunidades originárias nas áreas mais remotas do país.
A analista de informações geográficas e estatísticas do IBGE Michella Cechinel Reis explica que não houve um aumento no índice da população indígena, e sim uma mudança metodológica adotada pelo instituto.
“A gente percebeu que no censo anterior nós tínhamos uma subenumeração, que a quantidade de indígenas que se autodeclarou é inferior à quantidade real que existe. Então, este censo agora foi muito interessante, porque a gente ampliou a cobertura e captação dos indígenas”, explica Michella.
A analista ainda ressalta que os licenciadores ainda perguntam a cor ou raça do cidadão: preto, pardo, branco, indígena e amarelo. Entretanto, passaram a questionar também se a pessoa se considera indígena.
“A gente ampliou a captação dessa variável no questionário de 2022. Então esse é um dos fatores que você vê esse aumento expressivo dessa população que, na verdade, não é um aumento de população, mas sim da captação da população, uma melhoria nessa captação”, relata.