
Trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas do Sistema Petrobras protestam nesta terça-feira (30), em Salvador, contra novos descontos nos contracheques para cobrir o déficit de R$ 7,7 bilhões que a Petros, fundo de pensão da estatal, teve no exercício de 2021.
Os manifestantes se reuniram às 8h em frente à antiga sede da estatal, no bairro do Itaigara. Ao Portal Massa!, representantes do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-Ba), responsável pela organização do ato, explicaram que a categoria quer a reposição de perdas de 75% dos aposentados e pensionistas que tiveram benefício reduzido em até 25%.
"Estamos aqui exigindo o fim do equacionamento. Os trabalhadores aposentados não aguentam mais pagar valores exorbitantes. A situção é preocupante. Queremos que a direção da Petrobras pare com essa política e que discuta uma solução sem passar pelo desconto de valores dos aposentadores", afirmou Jairo Batista, coordenador do Sindipetro Bahia.
A entidade afirma que com a cobrança do equacionamento da Petros, muitos petroleiros estão passando por dificuldades e alguns não conseguem sequer arcar com despesas básicas de alimentação e saúde, o que tem levado à desestabilidade emocional e financeira. "A gente entende que tudo isso é fruto de gestões passadas. De governos anteriores, complementou Batista.
A pressão a ser exercida é tamanha, que o movimento foi organizado em âmbito nacional. Foi convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Federação Nacional do Petróleo (FNP). E ocorreu simultaneamente em outros estados brasileiros com atividade da Petrobras.
Na Bahia as atividades foram concentradas em Salvador, de acordo com Radiovaldo Costa, diretor de comunicação da seccional estadual do Sindipetro. Foram trazidos aposentados e pensionistas de quinze municípios. "O objetivo é pressionar a direção da Petrobras, que faz a gestão do plano, para que esse problema seja resolvido e os aposentados tenham recomposição do benefício."
Para ele, não é justo quem trabalhou entre 30 e 45 anos na companhia ver a renda reduzida dessa forma. O mesmo entendimento é seguido em outras capitais como Curitiba, São Paulo, Aracaju, Recife, Porto Alegre e, principalmente, Rio de Janeiro - onde fica a sede nacional da Petrobras.
Reabertura da Torre Pituba
O patronal e os petroleiros estarão reunidos na próxima semana no Rio de Janeiro, segundo Radiovaldo Costa. O diretor de comunicação do Sindipetro Bahia disse que nesta pauta será discutida a reabertura da Torre Pituba, antiga sede da Petrobras em Salvador. Um ponto que já integra a pauta de manifestações hoje (30). "Nós buscamos a confirmação de uma data. Existe uma sinalização de que essa reabertura possa acontecer em julho", anunciou.
Para ele, o equipamento "poderia abrigar 8 mil postos de trabalhado, fortalecendo a presença da Petrobras na Bahia". E foi além: "o fechamento trouxe grande impacto negativo para a economia de Salvador."
O edifício conta com 224 estações de trabalho em cada um dos 22 andares que possui, além de 2,6 mil vagas de estacionamento e um heliponto. Foi construído para abrigar as atividades administrativas e financeiras da Petrobras.
Foi construído pelas construtoras Odebrecht e OAS, em regime 'built to suit', com recursos da Fundação Petros cujo orçamento estimado foi de R$ 1,4 bilhão. As obras foram alvo de investigação do Ministério Público Federal, na Operação Lava Jato. O prazo de arrendamento do prédio é de 30 anos, a partir de 2016 até 2046.
Reestatização da RLAM
Outro ponto da manifestação é o lançamento da campanha pela reestatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), hoje administrada pela empresa Acelen, do grupo árabe Mubadala, e com nome mudado para Refinaria de Mataripe.
"Nós entendemos que a RLAM precisa voltar ao controle da Petrobras porque isso garantirá também a redução de preços no nosso estado. É um debate que precisamos fazer com a sociedade baiana como um todo, afirmou Radiovaldo.
O representante sindical reiterou que a categoria continuará em mobilização até uma solução efetiva da Petrobras para os problemas apresentados.