O número de pessoas ao redor do mundo que utilizavam o QR Code para pagar contas, em 2020, foi de 1,5 bilhão, segundo levantamento da Juniper Research, consultoria britânica. Ainda de acordo com a empresa, a previsão é que em 2025 a quantidade de usuários dê um salto e bata na casa dos 2,2 bilhões, o que será equivalente a 29% dos clientes de telefonia móvel no espectro global nesse mesmo ano.
No Brasil, estima-se que cerca de 35% (3 em cada 10) dos consumidores já realizaram pagamentos através da tecnologia do QR Code. O sistema de pagamento instantâneo ‘Pix’, lançado em novembro de 2020, é um fator que impulsiona o uso do método no país. O total de chaves Pix cadastradas ultrapassou 478 milhões em julho deste ano, segundo estatísticas do Banco Central.
"Creio que o uso do Pix ampliou ainda mais a utilização desse recurso. Mas, o QR Code pode ser usado para realizar pagamentos bancários também”, diz Fábio Fonseca, especialista no tema e coordenador dos cursos de Sistemas de Informação, Gestão de TI e Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Unijorge.
Para Fonseca, a grande popularização e facilidade no uso dos smartphones tornaram possível a utilização do método QR Code. “Atualmente é muito fácil de usar, basta a pessoa ter uma conta em um banco digital e ele fornece este serviço”.
“O QR Code é uma tecnologia já muito usada e a tendência é aumentar mesmo, não só para pagamentos. Perceba que muitos restaurantes atualmente não estão servindo o menu físico, por exemplo. Quando compramos um ingresso para um jogo de futebol ou um teatro, mesmo com o ingresso na mão, tudo é verificado usando o QR code. Portanto, é fato que essa tecnologia deve se ampliar ainda mais”, pontua o especialista em TI.
Vinicius Flores, diretor operacional da Rede Compras, empresa especialista em soluções tecnológicas para pagamentos, também reforça a praticidade do método como um dos fatores para sua rápida disseminação pelo mundo.
“Toda inovação desperta nas pessoas a curiosidade em conhecer e utilizar uma nova tecnologia, principalmente quando essa mudança traz ao usuário uma maior agilidade na hora do pagamento. Outro fator que vem colaborando com a expansão massiva do QR Code é o aumento das pessoas que utilizam o celular durante o dia, cada vez mais usuários concentram todas as suas necessidades nas ferramentas que o celular oferece e o QR Code é uma delas”.
“Além do Pix, uma outra forma muito interessante de se usar o QR Code é utilizar o número do seu cartão de compras para operar essa tecnologia, desta forma não é mais necessário carregá-lo em sua carteira, dando mais agilidade ao processo”, completa Flores.
O autor da pesquisa da Juniper Research, Nick Maynard, explica que os pagamentos por QR Code têm baixos custos de aceitação em comparação a outros pagamentos como cartões de crédito, o que significa que eles são altamente competitivos e atraentes para varejistas em mercados emergentes, que não têm uma grande infraestrutura.
"No entanto, os custos baixos significam que aceitar o uso de QR Code juntamente com cartões também é viável. Parcerias em mercados em desenvolvimento serão essenciais para impulsionar a adoção do método", ressaltou Maynard.
Ainda de acordo com a consultoria britânica, os padrões nacionais de pagamento por QR Code, como o ‘SGQR’ em Cingapura, serão os principais propulsores deste tipo de transação. O SGQR é o primeiro sistema unificado de pagamento por QR Code do mundo.
Em 2025, os sistemas nacionais de pagamento com QR Code serão responsáveis por 22% de todos os embolsos com a tecnologia, em comparação a apenas 8% em 2020. A pesquisa aconselha que os reguladores de cada país façam destes sistemas uma prioridade, para assim garantir a adoção em massa de pagamentos digitais e a interoperabilidade dos meios de pagamento.
Cuidado com hackers
Apesar de todas as vantagens do método, é preciso atenção e cuidado, principalmente com ataques “hackers”, como recomenda Fábio Fonseca. O chamado “QRLjacking”, é uma técnica capaz de clonar códigos QR para capturar as credenciais do usuário em questão, no Whatsapp por exemplo. O hacker precisa que o alvo escaneie a imagem clonada, plantada por ele em algum site falso. Quando isso é feito, o criminoso ganha acesso ao histórico completo de conversas da vítima, sem ser notado, e consegue fazer extorsões.
O invasor também pode buscar, nas conversas, números de cartão de crédito e outros dados bancários compartilhados pelo usuário com contatos confiáveis. Para se proteger do golpe, é preciso estar atento para não escanear nada em sites suspeitos e desconhecidos. O diretor operacional da Rede Compras, Vinicius Flores, também recomenda cuidado com o aparelho celular, utilizando senhas seguras e evitando baixar aplicativos desconhecidos.
Maricleide Santos, auxiliar administrativa do salão de beleza Studio V, localizado no bairro da Federação, acredita que outra desvantagem do QR Code são os momentos nos quais o sistema não responde.
“Às vezes ele dá erro, a pessoa coloca pra escanear e o sistema cai ou não funciona, esse é um ponto negativo. E ainda tem a dependência do usuário ter internet no celular na hora do pagamento”, diz a auxiliar.
Maricleide conta que o salão utiliza o QR Code como método de pagamento há cerca de dois meses, e que a dona do estabelecimento trouxe a opção por conta da praticidade que ela oferece ao consumidor na hora de efetuar o débito. A tecnologia foi muito bem recebida pelos frequentadores do local, apesar de ainda não ser o método de pagamento mais utilizado por eles.
“Os clientes gostam muito da opção, mas ainda são poucos os que utilizam, a maioria continua pagando com cartão de crédito ou débito. Porém, quando escolhem pagar por Pix, utilizamos o QR Code, ou passamos o CNPJ da empresa”.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló