A celebração da cultura e da arte negra marcou a noite da Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA) nessa segunda-feira (21). Após o triste adiamento no início do mês, aconteceu finalmente o Novembro Negro, uma ação do governo do estado em alusão ao mês da consciência negra.
Com apresentações do Bando de Teatro Olodum, Banda Didá, Bloco Ilê Ayê e outros grupos de referência da cultura negra, a Concha recebeu um público que cantou e celebrou a resistência do povo preto na Bahia. A psicóloga Jeane Tavares foi uma das pessoas que compareceu à concha para curtir esse momento.
Fã do Ilê, não perdeu a oportunidade de ver e ouvir de perto o som da ancestralidade.“Eu venho porque eu amo o Ilê e quero comemorar. É um momento de felicidade, de confraternização e amor entre nós. Isso também é um ato político. Eu tô muito feliz de estar aqui com os meus”, contou.
Jeane também aproveitou a oportunidade para levar a amiga Camila Carvalho, turista de São Luís, no Maranhão, que ganhou a oportunidade de ver de perto o que é a Bahia.
“O mês de novembro já traz muita reflexão sempre, mas estando na Bahia acredito que vou viver melhor o que é a expressão da cultura negra”, garantiu Camila.
O público pôde participar do evento mediante aquisição do ingresso, que foi trocado por 1kg de alimento não perecível. Todo o arrecadado será destinado ao programa Bahia Sem Fome, do Governo do Estado. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, falou sobre a possibilidade de oferecer ao público acesso a esses espaços e a esses conteúdos a um custo simbólico.
“Nós temos um conjunto de ações que estabelece essa facilidade, um baixo custo, por vezes até gratuito, para alguns shows na Bahia, como as apresentações da Osba”, apontou o governador.
“Nós temos que fortalecer esses espaços para a valorização daquilo que a gente acredita, porque a cultura da Bahia será supervalorizada para o local que ela realmente merece”, concluiu.
O Novembro Negro foi uma iniciativa da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi). A titular da pasta, Ângela Guimarães, falou sobre a exaltação da cultura negra por meio de iniciativas culturais como a que ocorreu ontem.“Nós somos o estado de maior presença negra no país, e o estado que manteve de forma mais duradoura a presença africana em seu território. Essas características fazem da Bahia e estado de referência”, disse Ângela.
“Estamos aqui para apreciar o melhor que a nossa cultura tem produzido em relação aos blocos afro, cantores contemporâneos, teatro negro etc. É um momento em que a gente dialoga com a população apresentado o que os filhos da terra conseguiram produzir” destacou a secretária.
Assinaturas importantes
Além de muita festa, houve ainda alguns acontecimentos importantes na noite dessa terça-feira. Uma comitiva com 17 embaixadores de países africanos no Brasil também esteve presente no evento como forma de aproximar as relações entre a Bahia e nações como Camarões, Moçambique, Nigéria e Gana.
Na oportunidade, o governador do estado, acompanhado de seu secretariado, sancionou a lei estadual que veta a nomeação de pessoas condenadas por racismo ou injúria racial para ocupar cargos públicos na Bahia, de autoria da deputada estadual Fabíola Mansur (PSB).
O evento também marcou a assinatura e autorização, por parte do Governo do Estado, para que a Sepromi possa publicar o edital da terceira edição do Concha Negra, iniciativa que valoriza a produção musical afro-baiana.