Enquanto os passageiros de transporte por aplicativo se assustaram com valores atípicos nas corridas desta segunda-feira (15) devido à manifestação da categoria, os motoristas da capital baiana relatam que, para eles, a bruxa está solta há cerca de um ano. Em busca de reivindicar as altas taxas das plataformas no repasse do valor das corridas e querendo o reajuste do valor mínimo das corridas, uma mobilização entre motoristas de aplicativo de todo o Brasil determinou um “day off”.
A ideia inicial é de não rodar por 24h, a partir das 4h desta madrugada e se estendendo até às 4h da manhã de terça-feira (16). Mas nem todos seguiram a orientação e aderiram às carreatas.
Em Salvador, motoristas de aplicativos como Uber e 99 Pop se juntaram a entregadores do iFood e Rappi para protestar. A concentração foi feita no Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia, conhecido como Balança do CAB, e seguiu pela Avenida Paralela até o escritório do Uber, na região da Pituba. Movimentos como a Cooperativa Mista dos Motoristas por Aplicativo (Coopmap) e o Sindicato dos Motoristas de Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-Ba) estavam responsáveis pela organização.
Para Vick Passos, presidente da Coopmap, o protesto é justo, tem como objetivo a valorização da categoria e deve ser feito de forma pacífica. “Nós somos totalmente contra qualquer tipo de violência”, declarou em entrevista ao Portal MASSA!.
Motorista de aplicativo há 6 anos, desde que a primeira plataforma surgiu na Bahia, Raimundo Azevedo relembra os desafios da implementação deste tipo de transporte, com direito a ameaças e brigas com taxistas. Para ele, a perseverança trouxe as condições que o grupo tem hoje e eles precisam se unir em busca de mais conquistas.
Ao ser questionado sobre a atual situação de trabalho, o motorista não poupou críticas. “As taxas são absurdas! Pego corridas de R$ 60 e eles só repassam R$ 30. As taxas vão de 50% a 60%", relatou. Raimundo afirma que apenas os aplicativos lucram. “A gente só está querendo que eles sejam justos com a gente”, desabafou.
Já para Milena Marcelina, motorista exclusivamente da Uber há 3 anos, a diferença entre a taxa de repasse na época em que ela começou e a atual é enorme e isso faz com que os profissionais fiquem extremamente insatisfeitos. "A gente percebe que há um abuso muito grande na porcentagem que a Uber retira para si e o valor que ela repassa para o motorista é bem mínimo. Não tem porque tirar 50% do motorista sendo que o desgaste maior, o carro particular sendo colocado para trabalho e tanta gente que trabalha só com isso", disse ao Portal MASSA!.
Milena também garante que os motoristas não querem prejudicar os usuários das plataformas. "A nossa insatisfação não é com o passageiro ou o valor que a pessoa paga, é com a plataforma. A gente tem noção que o aumento foi repassado sim para o passageiro, o passageiro está pagando mais carro, mas o repasse para o motorista não está chegando. Essa é a nossa insatisfação", concluiu.
Até o momento, os aplicativos não se pronunciaram sobre o protesto dos motoristas e as manifestações seguirão acontecendo até o horário e data previstos.