Facilitador, confortável, desgastante. Diversas são as experiências para os usuários dos serviços de corrida por aplicativo. Nesse universo do transporte particular, a ideia do cada um por si parece cada vez mais real, ou não. De um lado, os motoristas cobram melhorias e valorização do próprio desgaste diário, do outro, entidades se articulam para lançar propostas.
Na última segunda-feira (4), por exemplo, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou a proposta de projeto de lei que regulamenta o trabalho do condutor por app. O próximo passo do PL complementar será enviado à votação no Congresso Nacional e, em caso de aprovação pelos parlamentares, valerá após 90 dias.
Sobre as possíveis novidades, há quem ache ruim, ou melhor, uma ação para minimizar a realidade dos prestadores de serviço. É o caso de Alan Cedraz, motorista há cerca de três anos, que abriu o jogo ao Portal MASSA!.
“Este projeto tem que ter readequações, pois comparar a categoria que ganha mais que um salário mínimo e ainda por cima pagar um absurdo de imposto de renda, é lamentável. Mesmo assim, essa questão ainda abre portas para que em um futuro próximo, nós possamos pleitear novos projetos e agregar realmente algo que seja de interesse da categoria. O governo não está dando este pontapé em prol dos motoristas, e sim para diminuir o rombo que está na previdência”, analisou o condutor que trabalha nos turnos da noite e madrugada.
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Para Nildo Borges, que também atua há aproximadamente três anos na profissão, e trabalha pela manhã e pela tarde, o PL configura garantias futuras aos trabalhadores.
De certa forma ajudará a equilibrar a balança pública
“Acredito que ficou abaixo do esperado pela categoria. Porém acho que o avanço se faz necessário, em benefício de todos, como direitos trabalhistas e sociais. De certa forma ajudará a equilibrar a balança pública e dará garantias futuras aos trabalhadores’”, analisou.
Uso do ar-condicionado
Clientes dos serviços de transporte por aplicativo relataram, em entrevista ao Portal MASSA!, que cansam de pegar corridas em que os motoristas não ligam o ar-condicionado, inclusive nos períodos de chuva. Segundo a galera, eles deixam uma brecha no vidro para entrada do ar ‘natural’.
Eles poderiam usar o bom senso de mesmo qual seja a categoria
“Eles poderiam usar o bom senso de mesmo qual seja a categoria, ligar o ar-condicionado em dias pelo menos quentes. A cidade de Salvador geralmente já faz um calor tremendo, mas tem motoristas que não estão nem aí, roda assim mesmo”, declarou Roberta Soares, de 27 anos de idade, que usa o serviço para evitar assaltos nos coletivos.
Nildo entende que alguns passageiros gostam de abusar solicitando a corrida em categoria inferior e pedindo o acionamento do ar-condicionado.
“Transportei um pessoal do Rio de Janeiro, e eles me informaram que lá, alguns motoristas estavam fazendo cobranças adicionais, mesmo a corrida sendo da categoria comfort, os motoristas estavam cobrando pelo km rodado. Aqui em Salvador não houve nenhum caso parecido. Nós só ligamos o ar-condicionado obrigatoriamente na corrida comfort, alguns passageiros gostam de abusar, solicitando a corrida em categoria inferior e pede o ar-condicionado”, comentou o motorista por aplicativo.
Alan entende que essa suposta cobrança pelo valor acrescido pelo uso do ar-condicionado é totalmente descabida.
Os valores das corridas já não são tão rentáveis assim, ligando o ar-condicionado, deprecia mais ainda
“Antigamente, os preços das corridas eram condizentes com as intempéries do dia a dia. Um exemplo é que antigamente uma corrida no Aeroporto Internacional de Salvador, a Uber cobrava em média quase R$ 60, hoje ela cobra em média R$ 42, todavia, pelo valor agregado anteriormente e com o valor dos combustíveis que não estavam tão altos como os dias de hoje, a plataforma cobrava de forma intrínseca o ar-condicionado e que no agregado final não valia muito a pena também, mas estaria numa situação melhor do que foi anteriormente. Os valores das corridas já não são tão rentáveis assim, ligando o ar-condicionado, deprecia mais ainda nossa rentabilidade onde os aplicativos não estão nem aí para os motoristas”, pontuou.
Respostas
O Portal MASSA! procurou a Uber e a 99 sobre as duas situações abordadas anteriormente. Sobre o Projeto de Lei que regulamenta o trabalho intermediado por plataformas, a Uber se restringiu a encaminhar um link publicado no site oficial da companhia.
“A Uber considera a proposta elaborada pelo Grupo de Trabalho Tripartite do governo federal como um importante marco visando a uma regulamentação equilibrada do trabalho intermediado por plataformas. O projeto amplia as proteções desta nova forma de trabalho sem prejuízo da flexibilidade e autonomia inerentes à utilização de aplicativos para geração de renda”, diz um trecho do documento.
Sobre o possível uso opcional do ar-condicionado, a companhia não respondeu. Procurada pela reportagem, a 99 não respondeu até a publicação desta matéria. Caso haja resposta, esta matéria poderá ser atualizada em prol do retorno aos nossos leitores.