
O Lar Pérolas de Cristo, no bairro de Tubarão, recebeu na tarde desta sexta-feira (12) a Mostra do projeto Tempo Cultural: Vivências em Arte e Cultura – 2ª Edição, que celebrou os processos formativos realizados ao longo de novembro e dezembro em diferentes bairros do Subúrbio Ferroviário de Salvador. O evento, aberto ao público, marcou a etapa final do projeto, o “Fazer”, momento em que os participantes puderam apresentar suas criações, vivências e aprendizados.
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Idealizado e coordenado pelo multiartista Saulus Castro, do Coletivo Duo, em parceria com a Enter Consultoria, o Tempo Cultural fortaleceu seu papel na democratização do acesso à arte e na valorização da identidade cultural das periferias. As oficinas desta edição foram distribuídas em quatro espaços parceiros: Lar Pérolas de Cristo (Coutos), Colégio Estadual Barros Barreto (Paripe), Terreiro Ilê Axé Ogodogê (São Tomé de Paripe) e ESCOLAB Subúrbio 360º (Vista Alegre).
Durante cerca de dois meses, o projeto ofereceu formações em diversas linguagens artísticas. Na área da gastronomia, os participantes aprenderam sobre confeitaria com Jônatas Santino e Álex Vinicius, além de técnicas de hambúrguer artesanal com Jader Borges.
A música esteve presente na oficina de Iniciação Musical com ênfase nas musicalidades da diáspora africana, conduzida por Marcelo Saback. O ator e preparador corporal Israel Barretto ministrou a oficina O Jogo Físico na Cena, aprofundando práticas de criação cênica.
O projeto também incluiu oficinas de grafite com Alan TK, fotografia com Luan Gramacho, audiovisual com Luiz Gustavo e capoeira com o mestre Marcos “Montanha”, que trabalhou corpo, ritmo e resistência de forma integrada.
A Mostra desta quinta-feira apresentou ao público o resultado das oficinas e recebeu atrações exclusivamente do Subúrbio Ferroviário. Entre elas, o Samba de Tubarão, grupo de mulheres que preserva a sabedoria e a ancestralidade do samba na região.
Também se apresentaram João Gonzaga; o coletivo Guias Cegos, que combinou poesia, samba, rap, trap e ijexá; e o Centro Cultural Mamulengo, com o espetáculo “Coletivo Mamulengo no Quilombo”, que discutiu racismo ambiental e tradições culturais.
O público também pôde experimentar comidas preparadas nas oficinas de confeitaria e hambúrguer artesanal. As apresentações incluíram dinâmicas teatrais, práticas musicais de percussividade e ancestralidade, intervenções visuais, rodas de capoeira e exibições de registros fotográficos e audiovisuais produzidos pelos próprios alunos.
Com patrocínio da Vitarella e do Governo da Bahia, por meio do Fazcultura, a segunda edição do Tempo Cultural reforçou a força criativa existente nos territórios periféricos de Salvador.

Para Saulus Castro, realizar a mostra e as oficinas no final do ano representou um grande desafio, por conta da agenda dos espaços parceiros e da dinâmica característica do período festivo. Ainda assim, o artista avaliou a edição como potente e transformadora.
“Foi um período desafiador. Os espaços parceiros já estavam em uma dinâmica intensa de fim de ano. Mas cada edição nos ensina, melhora nossa organização e fortalece nosso objetivo de compartilhar saberes”, afirmou.
Ele também destacou a importância de realizar as atividades no Subúrbio: “O Subúrbio é um centro potente da cidade. Fincar essas ações aqui é reafirmar que todos temos nossas potências criativas. É uma troca que fortalece o território e amplia o acesso à arte e à cultura.”
O idealizador lembrou ainda que o projeto se estrutura sobre três pilares, formar, fruir e fazer, e vem ampliando o acesso com recursos como intérprete de Libras.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico
