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Mundo animal - 19/07/2024, 12:53 - João Grassi - Atualizado em 19/07/2024, 14:28

Mitos e verdades: conheça os riscos de cobras e aranhas no Brasil

Portal MASSA! conversou exclusivamente com Sandro Campos, biólogo, professor de biologia e educador ambiental

Aranha-marrom (Loxosceles)
Aranha-marrom (Loxosceles) |  Foto: Reprodução/Instituto Butantan

A morte de duas pessoas vitimadas por animais peçonhentos neste mês de julho, uma delas supostamente picada por uma aranha em Morro de São Paulo, na Bahia, deixou muita gente preocupada em encontrar surpresas selvagens onde passa. O tema é sempre cercado de mitos e verdades, o que gera muitas dúvidas por aí.

O Portal MASSA! conversou com um biólogo para entender melhor sobre esse medo popular. O que é fato e o que é fake principalmente sobre aranhas e serpentes? Estes dois bichos costumam ser os mais temidos pela população em geral, mas há de se destacar que nem tudo é o que parece ser.

Mitos e verdades

Biólogo, professor de biologia e educador ambiental, Sandro Campos explicou sobre quais desses animais e aracnídeos podem realmente ser perigosos. Segundo ele, diferente do que muitos pensam, a maioria das aranhas não oferece nenhum risco ao ser humano. No Brasil, especificamente, apenas duas espécies demandam extremo cuidado.

"A maioria dos acidentes com aranhas e cobras não acontecem na área urbana. Eles acontecem predominantemente em zona rural ou zona menos urbanizada. Só existem, por exemplo, duas aranhas aqui no Brasil que oferecem uma preocupação médica de maior referência, que é a aranha-marrom (Loxosceles) e a aranha-armadeira (Phoneutria)", disse o biólogo, que ainda pontuou detalhes sobre a aranha-lobo (Lycosa erythrognatha).

Aranha-armadeira (Phoneutria)
Aranha-armadeira (Phoneutria) | Foto: AFP

"Os acidentes com armadeiras geralmente são menos graves do que os acidentes com aranha-marrom. No caso do paciente de Morro de São Paulo, ele já era um paciente cardíaco, então as complicações do sistema cardiovascular foram maiores. No caso das aranhas que oferecem risco, a gente também tem a aranha-lobo, que é uma aranha pequena e que só oferece risco em casos de pessoas que têm maior alergia, casos de pessoas com asma ou renite alérgica", pontuou.

Em relação as serpentes, Campos chamou atenção para as cascavéis (Crotalus), aquelas com chocalhos, e jararacas (Bothrops), as mais comuns no Brasil, ambas da família Viperidae, as famosas Víboras. Esses animais são conhecidos por serem peçonhentos e responsáveis pela maior quantidade de acidentes no país.

"Ambas podem ser encontradas em áreas de mata e próximas às grandes cidades em áreas de mata. Em Salvador, na região do Cabula, Pirajá e São Bartolomeu, as Ilhas de Maré e dos Frades, além da região da Paralela. As jararacas são encontradas em regiões de quedas de folhas e as cascavéis em regiões pedregosas, um pouco mais afastadas de Salvador. Mas não é regra", detalhou o profissional, que também destacou a potência da peçonha das corais-verdadeiras, uma denominação comum a várias serpentes da família Elapidae. "A mais comum é a coral. Sendo que, apesar do veneno potente, os acidentes são raros por ser uma serpente dócil", completou.

Cobra cascavel (Crotalus), conhecida por ter uma espécie de chocalho na cauda
Cobra cascavel (Crotalus), conhecida por ter uma espécie de chocalho na cauda | Foto: Reprodução/CISSE

E afinal, é pra ter medo?

Apesar da existência de aranhas e serpentes peçonhentas que podem de fato oferecer risco à vida, Sandro Campos afirma que a maioria dos acidentes são provocados pelo próprio ser humano. "As pessoas que tendem a manipular acabam sofrendo o acidente", iniciou o biólogo, que garantiu que o comportamento desses animais não é agressivo.

"De forma nenhuma. Esses animais nunca atacam, sempre se defendem. Os contatos são em áreas que o ser humano vai avançando e cruzam o caminho deles", explicou.

Segundo o profissional, quem encontrar esse tipo de animal em sua residência deve discar o 190 para acionar a Polícia Ambiental, responsável pela coleta de animais da fauna. A recomendação dele é "jamais se aproximar a menos de 2 metros".

Outros cuidados que ele indica são vistoriar sapatos deixados ao ar livre, sacudir e conferir antes de calçar, evitar deixar um acúmulo de materiais como entulhos e recicláveis em casa, além de ter muito cuidado com animais domésticos. "Os pets são sempre vítimas predominantes desses animais peçonhentos, eles são curiosos e acabam tocando esses bichos. A maioria dos acidentes acontecem com eles e o tratamento é bem caro", disse.

Jararacas (Bothrops) são as serpentes que mais causam acidentes
Jararacas (Bothrops) são as serpentes que mais causam acidentes | Foto: Divulgação/ Prefeitura de Jaraguá do Sul)

Tamanho não é documento

Apesar de serem animais conhecidos por apresentarem grande porte dentro de seus universos, as tarântulas (Theraphosidae), conhecidas popularmente também como caranguejeiras, e as jiboias (Boa constrictor), uma espécie de serpente da família Boidae, têm mais tamanho do que riscos em si.

Temidas por terem aparências intimidadoras, estes tipo de aranhas e serpentes não oferecem riscos ao ser humano, especialmente as tarântulas que são aracnídeos, em geral, praticamente inofensivos. As jiboias são animais sem peçonha, ou seja, não possuem a habilidade de inocular veneno e muito menos tem a capacidade de engolir pessoas, um dos grandes mitos que circulam sobre a espécie.

"Não há nenhum risco com caranguejeiras e tarântulas. Elas são completamente inofensivas, no máximo, ao ser manuseadas, elas podem liberar cerdas urticantes que pode provocar reações alérgicas leves, mas são animais completamente inofensivos. A população em geral pode ficar despreocupada com estes animais", garantiu Sandro Campos, que também afirma que as sucuris não são um problema para as pessoas.

Tarântula ou caranguejeira (Theraphosidae)
Tarântula ou caranguejeira (Theraphosidae) | Foto: Policia Militar/Divulgação

"Jiboias podem ser encontradas em áreas de pântano, áreas pantanosas, como algumas regiões daqui da Suburbana, algumas regiões do Parque Metropolitano de Pituaçu, a lagoa de Pituaçu, algumas regiões específicas onde tenha muita água, mas elas não oferecem risco. Dificilmente elas atacam um ser humano. Eu não consideraria esse risco de jeito nenhum", pontuou o biólogo.

Sandro Campos e uma jiboia (Boa constrictor)
Sandro Campos e uma jiboia (Boa constrictor) | Foto: Reprodução/Instagram

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