Uma menina de 14 anos, moradora da Região Metropolitana de São Paulo, foi brutalmente estuprada pelo marido da avó e acabou engravidando. De acordo com o relato da mãe da vítima, publicado em uma reportagem da Folha de S. Paulo, a adolescente era muito "meninona" e nem sabia o que estava acontecendo com o corpo dela, ao ponto de só conseguir identificar a gestação na 29ª semana, após sentir que tinha algo mexendo em sua barriga e comunicar o 'fenômeno' para a responsável.
Assim que descobriu o que havia acontecido, a mãe da garota se desesperou com o crime, mas correu para ajudar a filha. Ela prestou um boletim de ocorrência e denunciou o estuprador, depois procurou pelo Hospital da Mulher, na capital, para realizar o procedimento. Porém, por causa do estágio avançado da gravidez, a instituição se recusou a fazer o aborto, mesmo sendo garantido por lei atualmente sem restrições de semanas. Elas chegaram a ser encaminhadas para uma outra unidade hospitalar paulista e tudo parecia estar resolvido, mas a prefeitura suspendeu o procedimento no local poucos dias após elas agendarem o atendimento.
Sem muitas opções, elas decidiram tomar a atitude de vir à Salvador, na Bahia, com a esperança de ter a interrupção da gestação em segurança. Mãe e filha ganharam as passagens por doação e precisaram enfrentar dois dias e cinco horas na estrada, de ônibus, até a capital baiana. Elas receberam o valor de uma vaquinha feita pela família para se alimentar na estrada. Enquanto isso, o criminoso segue em convívio com a sociedade, pois está foragido da polícia.
"Minha filha sempre pergunta: 'e aí, mãe, não vai acontecer nada com ele? Por que ele não foi preso se ele cometeu um crime?'", disse a mulher, que não teve a identidade revelada, à Folha de S. Paulo.
O procedimento foi realizado
Depois de muita dificuldade, a menina de 14 anos conseguiu chegar à Salvador. Ela foi ao hospital, que não teve o nome divulgado, com 31 semanas, no início de dezembro de 2023. Depois de conversar com a assistente social e contar que "não aguentava mais" aquela situação, ela foi internada e o aborto legal aconteceu.
O processo foi difícil para mãe e filha, pois elas não queriam que aquilo tivesse acontecido, mas foi a melhor opção diante do caso e do próprio quadro de saúde da garota, que além de estar com o psicológico destruído também sofria com fortes dores nas costas e na barriga. "Aquilo cortou muito o meu coração", relembrou a mãe.
Ela chegou a dizer: ‘tadinho do nenê, mãe, ele não tem culpa'. Eu disse: 'minha filha, o bebê não tem culpa, você não tem culpa, eu não tenho culpa, quem tem culpa é o criminoso'.
Toda a família ficou de coração partido com a triste história da adolescente e a acolheu da maneira que conseguiu, tentando não culpá-la pelo que havia acontecido. A avó dela, ex-esposa do criminoso, é cardíaca e chegou a desmaiar quando soube do crime. O abuso sexual aconteceu quando ela saiu para trabalhar e deixou a neta em casa, afinal, ela já estava há 15 anos com o homem, confiando muito nele, e não fazia ideia do que ele era capaz.
O estuprador confessou o crime para a avó da vítima por telefone, depois de fugir de casa levando todas as coisas dele. Ele até prometeu se entregar para a polícia, mas sumiu sem dar qualquer pista de onde se escondeu.
A mãe da menina critica a atuação policial no caso. Ela relatou que foi à delegacia várias vezes para saber o andamento do processo e se haviam sido realizadas buscas pelo estuprador, mas não teve respostas sobre isso. Segundo ela, funcionários disseram que a papelada estava no fórum da Penha e a juíza ainda iria marcar uma audiência para ouvir a vítima, porém, até hoje nada foi feito.