O fim do ano chegou e um assunto, com certeza, fez parte do bate-papo na ceia de Natal: a Mega da Virada. Individual, em família, em amigos ou com a galera do trabalho, é certo entrar em um bolão para tentar a sorte e sonhar com uma grana que pode mudar a vida.
Neste ano, a premiação será de R$ 1 bilhão. A Caixa Econômica anunciou que o valor oficial da premiação será o maior da história, até então. O sorteio será realizado nesta quarta (31), no Espaço da Sorte, em São Paulo.
Para entrar na disputa é simples: basta baixar o aplicativo ou acessar o site das Loterias Federais. Para os mais tradicionais, a lotérica também continua sendo uma opção. Na hora de jogar, basta escolher de seis a 20 dezenas, que terá uma variação no valor, de acordo com a quantidade.
Caso queira fazer apenas um jogo com seis dezenas, vai ser preciso pagar R$ 6. O valor da aposta vai aumentando conforme a quantidade de números escolhidos, podendo chegar a R$ 232.560,00 no cartão com 20 números marcados. Por isso, a maioria das pessoas recorre aos bolões, que custam bem menos e aumentam as chances de acerto.
Galera compartilha os planos
Há quem jogue com fé e há quem joga por medo de ver os colegas ficando ricos e o 'azarento' chupando dedo. O casal Lismário Souza, de 42 anos, e Marcele Pinheiro, de 38, tem sentimentos diferentes quando entra na disputa.
Coordenador de trânsito em Valença, Lismário já bateu a quadra em uma das tentativas, o que fez aumentar sua expectativa por ficar milionário com a Mega da Virada. "Faço jogos individuais e também compro alguns bolões na lotérica e participo de alguns junto com amigos", disse.
Quando questionado como seria no dia 1º de janeiro, caso seja ganhador, ele foi humilde ao dizer que "voltaria ao trabalho e continuaria minha rotina", além de que não optaria pela ostentação. "Apenas iria viver, que é diferente de estar vivo. Curtiria com minha esposa e meus filhos", contou.Dentre os sonhos, estão na lista comprar uma casa com muitos cômodos e investir na educação da filha Rebeca, de 9 anos.
A técnica de enfermagem Marcele não esconde seu desejo por dar uma ostentada, sonhando com um dia de princesa, com direito a comprar tudo que tem direito em um grande shopping e se embelezar em um bom salão.
"Qual mulher não sonha em entrar em um shopping, fazer compras, comprar aquele tão sonhado perfume, aquela joia, passar um dia de beleza se cuidando, sem se preocupar no quanto vai dar, quanto vai custar cada procedimento?", indagou, bem descontraída.
Eu, particularmente, sou uma pessoa que não cairia na faca. Procedimentos estéticos, muito invasivos, eu não faria.
Marcele Pinheiro - técnica de enfermagem
Apesar de brincar com o que sonha, também ela é esperta em dizer que não largaria os plantões logo de cara. "Continuaria no meu trabalho, dando os meus plantões, né, nem que fosse mais ou menos por uns 5, 6 meses. Com certeza ia manter como se tivesse tudo como antes, como se nada tivesse mudado", concluiu.
Gastaria com o clube de coração
O MASSA! colou em uma conversa de amigos, que não titubearam quando indagados se colocariam dinheiro no clube do coração. "Com certeza! Se eu ganhasse R$ 500 milhões, 400 milhões iria para o Vitória", respondeu Kauan Pereira, de 21 anos. Os torcedores do Bahia, Pedro Paim, de 20, e Cauã Reis, de 21, afirmaram que não soltariam logo a moeda porque o Esquadrão está rico.
Meu time está rico agora, mas tenha certeza que uma parte dos 500 milhões estaria lá na conta do Bahia.
Pedro Paim - estudante da UFBA
O economista e professor Antônio Carvalho explicou que a bolada de R$ 1 bilhão é dinheiro suficiente para meter mão Bahia ou no Vitória.
"A bolada é tão grande que daria para comprar o Esporte Clube Bahia, já que a SAF adquirida pelo Grupo City foi exatamente desse valor, porém a ser paga em 15 anos. Assim daria para comprar o clube, fazer o desembolso inicial e manter o restante aplicado e, com as receitas do próprio clube, amortizar o restante ao longo dos próximos anos, sem utilizar o total do prêmio, ou seja, da pra adquirir ou outro investimento da mesma natureza, investir um pouco, manter o restante aplicado e ao logo dos anos seguintes gerar renda dupla, das receitas do investimento mais o rendimento da aplicação", iniciou a explicação.
"Se pensarmos no concorrente, o Esporte Clube Vitória, embora as negociações ainda estejam em curso, a Valuation do clube é de R$ 826 milhões, a situação seria muito parecida, se as condições de desembolso e as perspectivas de geração de receitas a partir dos investimentos forem compatíveis com a do rival", completou Antônio.
Dicas de como gastar
Quem nunca bateu aquele papo com amigos ou familiares sonhando com o que gastaria? Então, para já ficar por dentro onde colocar o dinheiro, o profissional das finanças também passou a visão de possíveis investimentos e o quanto é permitido ostentar.
Com R$ 1 bilhão, é possível fazer muita coisa, estruturar negócios rentáveis, adquirir muitos bens e gerar renda vitalícia de forma muito confortável.
Antônio Carvalho - economista e consultor de finanças
"Se um sortudo ganhar sozinho, usar 20% ( R$ 200 milhões) para adquirir imóveis, veículos e toda uma estrutura luxuosa para viver em alto padrão e aplicar 80% (R$ 800 milhões) na caderneta de poupança (a aplicação com o menor rendimento disponível no Brasil) com rendimento mensal médio de 0,604% ao mês, teria uma renda média mensal de R$ 804 mil, ou seja, uma super renda para os padrões atuais no Brasil", esmiuçou.
"Se considerarmos 10 ganhadores para essa bolada, utilizando os mesmos parâmetros, ou seja, cada ganhador receber R$ 100 milhões, utilizar R$ 20 milhões para satisfazer necessidades e desejos e aplicar R$ 80 milhões na poupança, terá uma renda mensal média de mais de R$ 80 mil", acrescentou.
Outra opção interessante é optar pela compra de imóveis luxuosos. Pensando no cenário soteropolitano, Antônio explica que dá para tirar até R$ 200 mil de retorno nos aluguéis. "Se considerarmos imóveis com preço médio de R$ 20 milhões, um ganhador sozinho, se utilizar apenas 80% ( R$ 800 milhões) daria para adquirir 40 unidade, já se forem 10 ganhadores, daria para adquirir 4 unidade cada, as quais, se alugadas, poderiam gerar renda mensal média de R$ 200 mil por unidade, considerando-se o padrão médio de 1% do valor do imóvel como preço do aluguel", detalhou.
Ainda fica pobre?
Basicamente, é quase impossível, mas dá. O conselho do economista é de que o sortudo ou sortuda "tenha muito juízo". Para ele, é importante ter atenção e "planejar de forma racional e adequada o uso de parte deste dinheiro. Cuidar para não se empolgar e exagerar com os gastos no início".
"A ideia é não adquirir bens desnecessários ou que gerem custos de manutenção muito altos e que resultem em gastos mensais elevados, tais como IPTU e condomínio de imóveis de luxo, IPVA e seguro de automóveis de luxo, dentre outras extravagâncias comuns entre os novos ricos e, por fim, aplicar a maior parte dos recursos em negócios, bens ou aplicações financeiras capazes de gerar renda passiva vitalícia, de forma segura", concluiu.
E para ganhar, quais são as chances?
O professor de matemática Denilson Cruz não enrolou e não deixou o leitor do Massa! criar muitas expectativas com a possibilidade de ser um dos sorteados com a premiação histórica.
Para ganhar o prêmio, apostando apenas seis dezenas, a chance é uma em mais ou menos 50 milhões. Ou seja, a chance é baixíssima, de quase zero. Para ter ideia, no Brasil, a chance de ser atingido por um raio é de 1,1 milhão. Apesar de pequena, é bem maior do que a chance de ganhar na Mega.
Denilson Cruz - professor de matemática
Esse cenário é para quem optar por jogar apenas seis dezenas, o que obrigaria a acertar em um só jogo. O competidor pode tentar até 20, o que aumentaria as chances para um em cada 1.292, mas deixaria aposta bem salgada, em mais de R$ 232 mil, conforme mencionado mais acima.
Denilson ainda deu mais um exemplo para ilustrar o quão difícil é bater as seis dezenas dos sonhos. "A chance de ganhar na Mega marcando oito valores é menor do que a chance de jogar uma moeda para cima 20 vezes e dar o mesmo resultado: cara ou coroa", completou.
Apostas vitoriosas na Bahia
Não faltam motivos para os baianos entrarem na disputa pelos milhões. A Bahia ostenta a marca de ser o terceiro estado com mais apostas sorteadas no prêmio principal da Mega da Virada: 13. À frente, apenas São Paulo, com 31, e Minas Gerais, com 14.
Vale lembrar que, caso ninguém acerte as seis dezenas, a Mega-Sena paga o prêmio principal para quem acertar cinco e assim sucessivamente.
Bolão soteropolitano
Ano passado, Salvador teve um dos ganhadores. Uma aposta do tipo bolão levou R$ 117.778.204,25. O sortudo ou sortuda acertou as dezenas: 21 - 24 - 33 - 41 - 48 - 56. Além da capital baiana, outras quatros cidades espalhadas pelo Brasil também tiveram vencedores: Ipira (SC), Bom Despacho (MG), Redenção (PA).
Ano de sorte
O prêmio de 2018 fez 52 apostadores felizes. Nesta edição, as dezenas sorteadas foram números baixos, o que facilitou para tanta gente sair milionária. Apenas na Bahia foram contempladas as cidades de Euclides da Cunha (com bolão dividido em três cotas), Feira de Santana, Mata de São João, Salvador e Valença, cada um ficando com R$ 5.818.007,36.
Funcionários meteram o pé
O ano era 2013 e a Secretaria de Saúde de Teofilândia, município de 23 mil habitantes, no sertão baiano, ficou sem funcionários, já que 22 trabalhadores ficaram milionários. Escalados para trabalhar na madrugada da virada de ano, eles receberam R$ 56,17 milhões, divididos em quatro cotas de R$ 4,32 milhões, para quem apostou R$ 10 no jogo, e 18 cotas de R$ 2,16 milhões, para os que apostaram R$ 5.
*Sob a supervisão do editor Jacson Brasil
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