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Debate em alta - 21/08/2024, 14:00 - Amanda Souza - Atualizado em 21/08/2024, 18:20

Limites da tecnologia: uso do celular em sala de aula dá o que falar

O Massa! ouviu um professor, uma aluna e uma psicopedagoga que trouxeram suas opiniões sobre o tema

Professores e alunos ainda não encontraram um caminho para esta questão
Professores e alunos ainda não encontraram um caminho para esta questão |  Foto: Reprodução / Nova Escola

O uso de celulares em sala de aula tornou-se uma questão controversa nos últimos anos. Com a popularização desses dispositivos entre os jovens, professores e instituições de ensino enfrentam o desafio de equilibrar o potencial educativo dos smartphones com as distrações que eles podem causar. Essa situação não apenas compromete o aprendizado individual, mas também o coletivo. Para entender melhor o problema o, MASSA! resolveu ouvir quem está no centro deste debate: alunos e professores.

Bianca Souza, de 17 anos, está cursando o 3º ano do Ensino Médio. Ela assume que, às vezes, percebe que o uso do celular tira a sua atenção, e explica em quais momentos isso acontece. "Eu pego no celular principalmente nas trocas de aula; mas durante a aula eu uso quando o professor não está passando matéria ou quando não gosto do assunto que está sendo passado", confessa a estudante.

O grande desafio da comunidade escolar parece ser fazer com que os estudantes desta geração, que são tão ligados às tecnologias, consigam se desvencilhar dos aparelhos em momentos que exigem concentração. Marcelo Barreto é professor de Ciências Biológicas da Escola SESI Djalma Pessoa, e defende a opinião de que é possível encontrar um meio termo.

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Para ele, o grande problema do uso do celular em sala de aula estaria nos anos iniciais da formação, quando a criança precisa ainda desenvolver conexões sinápticas, habilidades e competências cerebrais que seriam afetadas pelo uso do celular. No entanto, quando se trata de alunos mais velhos, seria possível fazer uma associação com o aparelho de forma positiva.

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Depois que a criança já tem essas habilidades desenvolvidas, eu acredito que o uso das tecnologias digitais contribui para que esse desenvolvimento continue. Mas é preciso que esse uso seja sempre ministrado e orientado pelo professor. Quando for necessário, a gente pega; quando não for, é proibido.

Marcelo Barreto, professor de Ciências Biológicas
Marcelo dá aulas de Ciências Biológicas para turmas do ensino médio do SESI Djalma Pessoa
Marcelo dá aulas de Ciências Biológicas para turmas do ensino médio do SESI Djalma Pessoa | Foto: Arquivo Pessoal

Marcelo comenta ainda que enxerga os pontos negativos do uso excessivo dos celulares, uma vez que o aparelho pode trazer ansiedade, dificuldades de concentração e leitura, coisas que vão atrapalhar o desenvolvimento do aluno na escola. Apesar disso, ele compreende que a gestão do uso deve ser feita para que o celular se torne um aliado da educação, uma vez que através do aparelho os alunos têm acesso mais fácil à informação, o que pode colaborar muito para a sala de aula, além de poder ainda acessar recursos digitais inovadores, como ver o corpo humano em funcionamento, o que não ocorreria com o uso de um protótipo.

O MASSA! também buscou a opinião de um especialista em educação. A psicopedagoga Cristiane Bárbara Araújo (ABPp 1072/2014) afirma que o uso excessivo e descontrolado de celulares durante as aulas tem um impacto negativo tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem dos estudantes. Na opinião da especialista, o uso não controlado do aparelho pode trazer fatores que contribuem para o baixo rendimento escolar, rebaixamento da autoestima e comportamentos indesejados, muitas vezes agressivos e repetitivos; além disso, aumenta a possibilidade desta ferramenta ser usada sem fins pedagógicos, como prática de cyberbullying e o isolamento social.

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Ao estar conectado o tempo todo ao aparelho celular, desviando a sua atenção quando uma notificação de mensagem é emitida, os estudantes se desconcentram, distraem-se e perdem o foco do que está sendo trabalhado em sala de aula. A atenção é fator essencial para que haja aprendizagem. [O celular] interfere também na capacidade de raciocínio lógico, reduz a capacidade de observação e produz cansaço mental pelo excesso de estímulos.

Cristiane Bárbara Araújo, psicopedagoga (@psicopedagogasalvador)
Cristiane é pedagoga e psicopedagoga, sócia-fundadora da Interative - Atendimento Multidisciplinar e Consultoria Organizacional
Cristiane é pedagoga e psicopedagoga, sócia-fundadora da Interative - Atendimento Multidisciplinar e Consultoria Organizacional | Foto: Arquivo pessoal

Assim como o professor Marcelo, Cristiane também entende que existem pontos positivos no uso do smartphone na escola (desde que supervisionado) e que a proibição não funciona. A tecnologia é parte da rotina do ser humano, por isso é importante fazer com que o uso consciente e benéfico seja estimulado. As regras, na opinião dela, devem ser estabelecidas e combinadas com os alunos, e sugere ainda que os professores respeitem as mesmas regras, dando o exemplo.

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Os educadores podem adotar algumas estratégias para gerenciar, de forma mais eficaz, o uso dos celulares durante as aulas. Se conseguirmos fazer com que os/as estudantes compreendam que os celulares também são recursos para o aprendizado e estimular o uso responsável, consciente e saudável do aparelho, com certeza teremos benefícios educacionais.

Cristiane Bárbara Araújo, psicopedagoga (@psicopedagogasalvador)

Por fim, a especialista defende que é necessário incentivar o uso responsável do celular. É preciso considerar que há um impacto psicológico e cognitivo pelo uso excessivo do aparelho durante as aulas, mas sabendo que o caminho da proibição não é o melhor. A solução passa pelo equilíbrio, pelas associações positivas e pertinentes entre a tecnologia e a educação, além de combinados e regras bem estabelecidas para que sejam respeitas por todos os envolvidos na questão.

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