Por Amanda Souza
Acompanhar os fatos que acontecem diariamente na sociedade sempre foi uma atividade considerada importante para a formação como ser humano e cidadão. Acontece que, em tempos de internet, o hábito de acompanhar jornais, especialmente os impressos, foi substituído pela velocidade das telas. Mas não pra todos.
Na contramão do senso comum de que crianças não são consumidores do jornal físico, Moisés Pyetro, de apenas nove anos, é um fã do Massa!. Diferente da maioria dos colegas da mesma idade, não são os gráficos da tela do celular que chamam a sua atenção, mas sim as fotos no jornal.
Vanusa Oliveira, a mãe de Pyetro, conta como esse interesse começou na vida do menino. “Foi natural. Ele chegava da escola e ficava na portaria do prédio com a tia, onde sempre tem jornais. Ele começou a folhear, se interessar pelas imagens, e é assim até hoje”, conta a auxiliar de serviços gerais.
O mais legal é que, para além da diversão, essa rotina de ler ao chegar da escola auxiliou o menino no processo de alfabetização. “A gente percebeu que isso ajudou ele na escola, a aprender a ler. Ele começou com cinco anos e desenvolveu muito, os professores elogiam”, explica Vanusa.
Talvez, Pyetro ainda não perceba o impacto que esse hábito teve e terá na sua vida, mas como com a maioria das crianças, foi o visual que chamou a atenção dele para o Massa!. “Eu gosto das imagens, que são muito coloridas, divertidas”, conta o garoto. “E dos títulos que são engraçados”, conclui.
Uma preocupação de Vanusa em relação à educação do filho é que ele cresça como um cidadão bem informado, por isso, ela sempre incentivou que ele lesse jornais. “Foi uma maneira de afastar ele um pouco das telas, mas também de garantir que ele tenha acesso sempre a informações verdadeiras, que possa confiar, longe de fake news”, destaca a mãe. “Ele sempre gostou do Massa por conta das cores, das imagens grandes, e eu confio porque é um jornal que tem credibilidade”, ressalta Vanusa.
Leitura “à moda da criança” deu certo!
Uma página grande e cheia de informações, muitas imagens e uma quantidade incontável de letras e palavras: essa é basicamente a definição de uma folha de jornal. Imagine para uma criança no processo de aprendizagem da leitura quão fácil é se perder nessa imensidão? Foi por isso que Pyetro escolheu uma maneira de ler que funcionasse para ele: riscando. A cada palavra lida, um tracinho abaixo para identificar. “Assim eu não me perco na hora de ler e se eu parar eu sei onde estava na hora de voltar”, conta.
O interesse dele é pela editoria de esportes, na qual mais se diverte com os títulos baseados nas alcunhas pitorescas de alguns times. “Eu adorei esse que diz que o porco tropeça”, diz.
Apesar de parecer uma técnica elaborada, começou naturalmente apenas como maneira de destacar as palavras que ele ia aprendendo, como explicou Vanusa, mas funcionou muito bem para que Pyetro estabelecesse a maneira mais confortável de aprender. “Aí hoje na escola eu já nem preciso fazer assim mais”, conta, orgulhoso.
Informação é importante
Como esse simples hábito pode ter impactado na vida de Moisés Pyetro? Sob diversos aspectos, a leitura, especialmente do jornal, tende a ser uma boa “carta na manga” na sua formação como leitor, cidadão e também de um adulto responsável, como explica a pedagoga e escritora Liliane Mesquita. “Estar bem informado, acompanhar e compreender o que acontece ao seu redor e no mundo ajuda na formação de cidadãos ativos e críticos, capazes de expressar e emitir suas opiniões”, destaca. Como diz o ditado, a palavra convence, mas o exemplo arrasta. De fato, as possibilidades do mundo globalizado podem ser convidativas, mas há outras saídas. “Para uma criança gostar de ler notícias, precisar ter acesso ao jornal, mas muitas famílias deixaram de adquiri-los”, diz a profissional. “Quando um familiar lê para uma criança, principalmente nos anos iniciais da infância, além de estreitar laços com ela, estimula seu desenvolvimento em diferentes aspectos”, conclui Liliane.
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