Das mulheres assassinadas por armas de fogo em 2022, em 43% dos casos o atirador era uma pessoa próxima, como parceiros, amigos e familiares. Esse é um dado da pesquisa “O Papel da Arma de Fogo na Violência Contra a Mulher”, do Instituto Sou da Paz, e evidência a urgência do debate.
Nessa segunda-feira (11), o Instituto A Mulherada promoveu uma roda de conversa com o tema “Violência doméstica e familiar contra as mulheres: avanços e superações”, conduzida pela tenente coronela Denice Santiago, fundadora da Ronda Maria da Penha da PMBA.
O evento aconteceu no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) e foi aberto e gratuito. As pessoas interessadas puderam se inscrever para participar, como fez a guia de turismo Socorro Barreto.
“Esse é um tema que me interessa. Uma colega compartilhou num grupo a informação e eu quis ouvir”, contou. “Eu me considero uma mulher independente, e gostaria que todas fossem da mesma maneira, para quebrar o ciclo da violência”, afirmou.
Assim como ela, outras mulheres compareceram ao MUNCAB para ouvir o que Denice e compartilhar experiências. Para a tenente coronela, esse movimento é muito importante.
“A minha dor pode parecer diferente da sua, mas em algum momento eu vou entender que eu não passo por isso sozinha. Quando a gente pauta um diálogo entre mulheres para ouvir vivências, nós fortalecemos essas mulheres, que sairão mais consolidadas na perspectivas do que elas precisam para viver”, disse.
TRABALHO CONSTANTE
O evento integra a 5ª edição projeto “Tambores pelo Fim da Violência – Tocar Pode Bater Não”, contemplado pelo edital Territórios Criativos, com recursos financeiros da gestão pública na esfera municipal. Esse projeto, no entanto, não é um caso isolado dentro do Instituto A Mulherada, como explica Mônica Kalile, advogada da organização.
“Nós tocamos tambor e as mulheres chegam pela música até nós, mas não ficam apenas por isso. Aqui elas acabam contando situações de violência que vivem, e são acolhidas, são ouvidas e cuidadas. Há muitos anos lutamos contra esse mal que é a violência contra a mulher, a violência doméstica nas suas várias formas”, conta.