
Muitas pessoas ainda têm curiosidade sobre o albinismo ou não entendem do que se trata essa condição. Por isso, em alusão ao Dia Internacional da Conscientização do Albinismo, celebrado em 13 de junho, o Instituto de Cegos da Bahia (ICB) realiza, nesta sexta-feira (6), uma ação especial voltada ao atendimento integrado de pessoas albinas. A iniciativa reúne serviços oftalmológicos e dermatológicos em um único espaço, reforçando o cuidado contínuo oferecido pela instituição às pessoas com baixa visão e cegueira.
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A atividade faz parte da rotina do Ambulatório de Albinismo do ICB, que funciona quinzenalmente, sempre na primeira e terceira sexta-feira de cada mês. Nesses dias, pacientes com albinismo recebem acompanhamento clínico multidisciplinar que inclui, além dos médicos, psicólogos e terapeutas ocupacionais, com foco na autonomia e na qualidade de vida.
“Não é uma ação pontual. Nosso ambulatório é permanente, pensado para prevenir o câncer de pele e garantir um atendimento global e coordenado para os albinos, que são pessoas com necessidades específicas e muitas vezes invisibilizadas”, explica a dermatologista Mariá Souza, coordenadora do consultório especializado do ICB.
Durante o atendimento, também são distribuídos os chamados "Kits de Proteção para a Pele Albina", que contêm vitamina D, protetor solar, sabonete hidratante, colírio lubrificante, loção/creme hidratante e roupas anti-UV. Segundo a Dra. Mariá, a adoção dos kits tem gerado resultados expressivos. “As peles estão mais protegidas, mais hidratadas. Temos visto uma redução no número de cirurgias e, principalmente, menos mortes. Isso nos mostra o quanto o cuidado especializado salva vidas”, afirma.

Além do impacto físico, o cuidado oferecido pela equipe multidisciplinar também promove o fortalecimento emocional e social dos pacientes. “A sociedade precisa aprender tudo sobre albinismo. Albino não é branquinho, não é galego, não é vitiligo. É alguém sem melanina, com pele vulnerável e baixa visão. Mas com inteligência, afeto e capacidade como qualquer outro”, defende a médica.
Rejane Evangelista, 49, moradora da Federação, é uma das pacientes atendidas pelo ICB. Formada em medicina veterinária, ela interrompeu a carreira por conta da deficiência visual, mas encontrou no instituto o suporte necessário para ressignificar sua trajetória.
“O atendimento integrado mudou minha vida. Aprendi a cuidar da pele com produtos adequados, uso lupa, lente adaptada. Hoje tenho mais segurança, preservo os 10% de visão que ainda tenho e, principalmente, aprendi a me aceitar”, relata.

Para Heliana Diniz, presidente do Instituto de Cegos da Bahia, a iniciativa vai além do atendimento clínico. “Queremos contribuir para que a sociedade compreenda as especificidades do albinismo. O ICB reafirma seu compromisso com a inclusão e com a oferta de um cuidado digno e integral às pessoas com deficiência visual”, pontua.
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que uma em cada 20 mil pessoas no mundo nasça com albinismo. No entanto, como alerta a Dra. Mariá, esses indivíduos frequentemente não aparecem nas estatísticas, nem mesmo no Censo. “Albino não é branco, preto ou pardo. É albino. E precisa ser contado, reconhecido e protegido”, conclui.