Indígenas, contrários ao Marco Temporal, protestaram na Praça Thomé de Souza, em Salvador, na manhã desta quarta-feira (7). O Projeto de Lei (PL) 490/2007, que estabelece que os povos originários só podem reivindicar as terras que ocupavam quando a Constituição de 1988 foi promulgada, acabou aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados, e terá o julgamento retomado nesta tarde pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os protestos estão ocorrendo em todo o país. A manifestação desta quarta foi convocada por 74 coletivos, entidades sindicais, estudantis, movimentos populares e partidos políticos de esquerda (PSTU, PSOL, PCB e UP).
“Estamos lutando em defesa do nosso povo, da nossa cultura e da nossa ancestralidade. Não podemos aceitar o genocídio dos povos indígenas. É um processo secular que persiste desde a invasão do colonizador. Mas nós resistimos e vamos seguir resistindo”, afirma o indígena Jacarandá, liderança do povo Tupinambá, de Olivença, distrito de Ilhéus (Sul da Bahia), presente no protesto.
Nas intervenções, os manifestantes pontuaram a necessidade de construir uma ampla unidade de todos os movimentos que estão contra o Marco Temporal. “É hora de unir todas e todos que estão contra este brutal ataque aos povos indígenas. Esta é uma luta de todas e todos nós, não apenas dos povos originários. Por isso, precisamos confiar em nossas forças e em nossa capacidade de organização e luta, com independência de classe, e com a mais ampla unidade para barrar esse ataque. Confiar apenas em nós, pois somos nós por nós. Nenhuma confiança em nenhum governo. Confiar apenas na força e na organização dos povos originários em unidade com a classe trabalhadora”, ressaltou Jailson Lage, representante da Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas.
Os movimentos irão realizar uma reunião para avaliar o protesto de hoje e organizar o Dia Nacional Unificado de Luta contra o arcabouço fiscal e o Marco Temporal marcado para o próximo dia 13. “Temos que seguir em luta, organizados e mobilizados para barrar este ataque brutal dos ruralistas contra os povos originários. Será nas ruas que vamos mudar esse jogo”, finaliza Jailson Lage.