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Aniversário de Salvador! - 29/03/2025, 07:00 - Vinicius Viana

Ilha de Maré: conheça o Caribe soteropolitano contado por seus moradores

Ilha é famosa por suas praias de águas cristalinas e paisagens paradisíacas

Barracas de praia em Ilha de Maré
Barracas de praia em Ilha de Maré |  Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde

Salvador, a primeira capital do Brasil, completa 476 anos de história neste sábado (29). Para celebrar essa data especial, o Portal MASSA! visitou a Ilha de Maré, uma das riquezas naturais que pertencem ao município. Localizada na Baía de Todos-os-Santos, a ilha encanta com suas paisagens paradisíacas, praias de águas cristalinas e a vida simples de seus moradores, que ali encontraram um refúgio de tranquilidade e sustento.

Imagem ilustrativa da imagem Ilha de Maré: conheça o Caribe soteropolitano contado por seus moradores
Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

Enquanto produzia mais uma de suas peças manualmente próximo a Praia de Santana, Dona Lucidalva Duarte, de 70 anos, conhecida como a rendeira da Ilha de Maré, contou que, há 50 anos, ela confecciona roupas e utensílios com renda de bilro, uma tradição que foi passada de geração em geração em sua família. "Fazer renda de bilro é minha principal fonte de renda. Aprendi com minha avó, minha mãe, minha tia e minha irmã. É uma herança de família", contou.

Com orgulho de manter a herança familiar vida, Lucidalva contou que suas peças, feitas com dedicação, são comercializadas em Salvador. "Uma moradora da ilha leva minhas peças para vender lá. Uma blusa completa leva cerca de um mês para ficar pronta e custa em torno de R$ 120', explicou."

A tranquilidade que conquistou

Aldo dos Santos é pescador e barqueiro
Aldo dos Santos é pescador e barqueiro | Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

Relaxando em uma rede dentro do barco, embalado pelo balanço suave do mar, Aldo dos Santos, de 40 anos, compartilhou que se mudou do interior da Bahia há oito anos em busca de uma vida mais tranquila. "Saí de São Sebastião do Passé porque o mar e a natureza me atraíram. O verde, as casas, a tranquilidade... Eu não troco por nada. Cidade grande é só para passeio", declarou.

Entre a pesca e o transporte marítimo no Caribe soteropolitano, para garantir o pão de cada dia, ele revelou que ensinou ao filho que o esporte é um dos caminhos para conquistar o sucesso na vida. "Aqui na ilha ensinei meu filho, Pablo Alexandre, que hoje tem 22 anos, a lutar e a nadar. Ele se destacou, ganhou um concurso e agora está competindo em São Paulo", afirmou orgulhoso.

O pescador que não troca a ilha por nada

Após acordar às 4h da manhã para fazer o que mais gosta — pescar —, o aposentado Demerval José, de 79 anos, conhecido como Radiola e natural da ilha, estava limpado as arraias que havia capturado em alto mar. À nossa reportagem, ele contou que essa atividade não só o mantém ativo, mas também garante uma renda extra com a venda de arraias e peixes vermelhos.

Pescador Demerval José
Pescador Demerval José | Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

"Sou pescador desde os 15 anos. Aprendi com meu pai e meu avô. Me aposentei da prefeitura, mas nunca parei de pescar, porque, se o corpo para, a doença aparece. Eu não troco esse paraíso por nada. Quando eu morrer, quero ser enterrado aqui", declarou, revelando que ainda coleciona memórias ao levar os netos para pescar em alto-mar.

De turista a moradora

Os encantos da ilha levaram Raimunda Pereira, de 70 anos, a deixar o bairro de Pirajá, em Salvador, há 30 anos. Durante um passeio, ela foi conquistada pela beleza natural do lugar e pela vida simples de seus moradores, o que a fez trocar a agitação da capital pela tranquilidade da Ilha de Maré.

Raimunda Pereira administra pousada em Itamoabo
Raimunda Pereira administra pousada em Itamoabo | Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

Além de se apaixonar pela ilha, Dona Raimunda Pereira passou a trabalhar no local e, com o tempo, assumiu a administração da Pousada Encanto das Águas, localizada na Praia de Itamoabo. "Hoje tomo conta da pousada e gosto do que faço", compartilhou. Na alta temporada, a pousada oferece quartos com vista para o mar por R$ 200 a diária, enquanto na baixa temporada, o valor é reduzido para R$ 150, com café da manhã incluso", contou.

O cozinheiro que voltou à pesca

Após se aposentar como cozinheiro dos oficiais da Base Naval da Marinha, Gilson José, de 68 anos, voltou a se dedicar à pesca. Enquanto consertava uma rede na Praia de Santana, ele contou um pouco de sua história com o mar, revelando como a pesca sempre foi parte importante de sua vida.

Gilson José está dedicado à pesca após a aposentadoria
Gilson José está dedicado à pesca após a aposentadoria | Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

"Minha história com a pesca começa desde pequeno, é uma herança de família, pois meu pai também pescava. Comecei a pescar cedo, mas consegui trabalhar fora da pesca como cozinheiro da Marinha e me aposentei. Graças a Deus, de vez em quando ainda pesco, pois é um complemento para minha renda", afirmou o ex-cozinheiro.

Imagem ilustrativa da imagem Ilha de Maré: conheça o Caribe soteropolitano contado por seus moradores
Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

Além de abastecer a comunidade local com a pesca, Gilson José contou que os frutos do mar capturados são exportados para outras ilhas. "Vendemos aqui, mas também tem um comprador que revende arraia em Paripe e outro que leva cavala para Madre de Deus e Ilha dos Frades", acrescentou.

De marisqueira a empresária de sucesso

Após passar a vida trabalhando como marisqueira, Deise Lúcia, de 46 anos, decidiu investir na gastronomia de frutos do mar e, há 10 anos, transformou sua vida ao abrir um dos points mais conhecidos da Ilha de Maré. Sua moqueca mista, se tornou uma atração gastronômica no local, atraindo tanto os moradores quanto os turistas que visitam a Praia das Neves.

Marisqueira Deise Lúcia
Marisqueira Deise Lúcia | Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

"Comecei a empreender quando o marisco morreu, pois eu vivia da pesca e do mergulho. Na barraca Point da Deise, eu vendia somente bebidas, mas com a morte dele, eu disse: 'O jeito agora é empreender'. Como sou marisqueira, tirei do meu próprio sustento e comecei a fazer a moqueca. O point foi crescendo, ganhando proporção, com cada dia mais gente procurando", afirmou a empreendedora.

Moqueca mista do Point da Deise
Moqueca mista do Point da Deise | Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

Após contar como tudo começou, Deise Lúcia enfatizou que a renda de sua família vem da barraca e do restaurante que ela conseguiu abrir com o apoio seus familiares, como sua mãe, sua filha, seu marido e seu sogro. "Nosso sustento vem do mar, mas a vida de pescador não é fácil, pois dependemos da maré. Antes, vendíamos nosso pescado para atravessadores, mas percebemos que poderíamos ser empreendedores, cozinhando e oferecendo um produto de qualidade. Fizemos e deu certo, graças a Deus", completou.

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