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Tecnologia x arte - 31/05/2025, 07:00 - Gabriel Freitas - Atualizado em 31/05/2025, 07:29

IA pode ser usada em tatuagens? Veja o que dizem profissionais

Discussão ainda é um debate para muitos tatuadores

Imagem produzido através de Inteligência Artificial
Imagem produzido através de Inteligência Artificial |  Foto: ChatGPT

A Inteligência Artificial (IA) já não é mais algo simplesmente do futuro. Seja nos estudos, na produção de um resumo da matéria dada pelo professor, ou em um e-mail, feitos com mais rapidez e economizando tempo dos profissionais: a IA já faz parte do cotidiano de todos.

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De acordo com o IBGE, em 2023, 88% das pessoas com 10 anos ou mais já tinham utilizado a internet. Especificamente, 164,5 milhões de brasileiros estavam conectados.

Ainda que presente em cada 'click', alguns profissionais demonstram resistência quanto ao uso da tecnologia. Tem até mesmo aqueles que sentem medo de que seu serviço perca sentido com a crescente da IA.

O mundo da tatuagem também acaba sendo impactado pelas transformações digitais. Jovens que 'enchem o saco' dos pais pedindo a autorização para desenhar no próprio corpo fuçam a internet para buscar desenhos, consultam sites para tirar a inspiração ou vão ao Pinterest buscar algo pronto.

Diante disso, o Portal MASSA! foi atrás de tatuadores, especialistas em Inteligência Artificial e até uma amante de tatuagem, que já utilizou a ferramenta para que você fique por dentro de tudo que cerca o assunto.

IA no mundo da tatuagem

Estudos comprovam que as tatuagens existem há mais de 5 mil anos, com as evidências encontradas em múmias egípcias e em restos mortais de uma pessoa do gelo neolítico, como o Ötzi. Na sociedade moderna, o desenho na pele já foi, ou ainda é, motivo até de preconceito.

Há um tempo atrás, havia também aquela dúvida em saber se o desejo era viável. Sob o temor em perder o possível emprego, os mais velhos orientavam em não fazer, ou fazer um desenho pequeno e escondido, mas sempre teve os mais rebeldes que, mesmo quando não era moda, metiam as caras e lançavam os riscos.

Estilos de desenhos também foram mudando com o tempo. No momento da escolha, surge a dúvida: Precisa ter significado? Alguns dirão que basta ser bonito, já para outros, o ato de 'riscar' a pele requer cuidado e é preciso pensar muito para tomar tal atitude.

Como quase tudo já foi alcançado pela Inteligência Artificial, a ‘tattoo’ não ficou de fora. Na produção de imagens, na busca dos detalhes ou na criação de ideias, a IA pode ser um utensílio.

Apesar das possibilidades, alguns tatuadores ainda não se mostraram tão adeptos à IA. Edmundo Lacerda, mais conhecido como Esquerda, de 54 anos, tatua há mais de 30 e confessou que continua preferindo o "lápis e papel".

'Esquerda' tem mais de 30 anos de experiência
'Esquerda' tem mais de 30 anos de experiência | Foto: Acervo Pessoal

"Sou tatuador antigo, sempre gostei de desenhar, sempre gostei do lápis e papel. Clientes desenvolvem alguns desenhos e mandam para mim, mas eu sempre modifico alguma coisa", relata.

Por outro lado, há também quem já utilize algumas ferramentas digitais, mas sem abrir mão de seu toque. Bia Nery, 30, relatou que, desde 2017, faz 100% dos seus desenhos pelo tablet. Ela também disse que usa a IA para algumas ideias, mas na criação de imagens, ainda utiliza suas habilidades.

Bia Nery começou a produzir 100% dos seus desenhos pelo tablet

"Não utilizo para gerar imagens, porque trabalho na criação de ideias. Além do que, mesmo que perfeita a imagem, teria que ter interferência do artista para tatuar", destacou.

Isaac Lima, 42, traçou uma escala do tempo e como o trato com a tatuagem foi mudando com o tempo. "Eu escolhi começar a tatuar no toucinho. Naquela pele fria de porco, muitos de nós deram os primeiros traços com a mão tremendo, não só pelo nervosismo, mas pelo respeito. Hoje, virou silicone e a pele artificial é o novo início de muitos. Mudou a textura, mas a essência continua. Aprender exige humildade. Aceitar o novo exige coragem".

Isaac Lima tem mais de 20 anos de experiência
Isaac Lima tem mais de 20 anos de experiência | Foto: Acervo Pessoal

"O artista se vê como autor da própria criação, e, não raro, rejeita aquilo que não nasce da mão, do erro, da intuição", afirmou se referindo a relação que os tatuadores tem com a IA. Ele também comentou de como a tatuagem pode andar de mãos dadas com a ferramenta.

"A IA não vem pra substituir a mão, mas para ampliar o olho. Ela encurta caminhos, refina ideias, permite visualizar composições complexas que antes demandavam horas ou dias de rascunhos. E pra mim, evolução nunca foi ameaça. Sempre foi caminho", concluiu.

Tattoo feita com IA

A estudante de produção cultural, Hana Moraes, 21, é apaixonada por tatuagens, já tendo oito. A última, ela contou que precisou de uma ajudinha da Inteligência Artificial por não achar desenhos que a agradasse.

Hana detalhou o pedido para a IA
Hana detalhou o pedido para a IA | Foto: Divulgação/Hana Martins

"Eu fiz um barco que chamado Hobie Cat. O processo para eu achar essa tatuagem foi um pouco complicado, porque é muito difícil encontrar desenhos relacionados a isso. Pesquisei pelo ChatGPT mesmo, dei as informações sobre o barco", contou.

Desenho tatuado em Hana e produzido pela IA
Desenho tatuado em Hana e produzido pela IA | Foto: ChatGPT

Hana relatou que não falou ao tatuador que o desenho foi feito por IA, chegando apenas com a imagem ao estúdio. "Foi criada a imagem para minha tatuagem, passei para meu tatuador e foi isso. Eu nem contei isso para ele, eu só falei que eu tinha, passei e ele não questionou nada".

O resultado, de acordo com ela, "foi maravilhoso", mas ainda causou espanto. "Surpreendeu muito porque eu não esperava que o 'chat' pudesse chegar nesse nível de produção", finalizou.

Desenho produzido pela IA na pele
Desenho produzido pela IA na pele | Foto: Acervo Pessoal

Realidade da IA no Brasil

Objeto de estudo por especialistas, a Inteligência Artificial e os seus limites são um tema que passou a ser debatido, especialmente, a partir de 2023, com a chegada do ChatGPT, que é um modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI, que permite interagir com uma inteligência artificial através de um chat.

O artista visual Jimmy, 34 anos, com a sua conta no Instagram 'filmeiro' trabalha o projeto 'Salcity', desde 2022, onde retrata, através de cards, produzidos pela IA, locais de Salvador com licenças poéticas.

Jimmy começou o projeto Salcity em 2022
Jimmy começou o projeto Salcity em 2022 | Foto: Acervo Pessoal

Jimmy já visualiza a realidade da tecnologia mais "popular", na realidade brasileira. "Já se tornou muito mais popular. Eu acho que no momento onde a gente começou, tinha uma negação muito grande da galera não aceitar. Por outro lado, da galera fetichizar muito assim, achar uma coisa meio mágica, assim, misteriosa de como é que acontecia", detalhou.

O artista ainda listou possibilidades na tatuagem que podem ser feitas através da Inteligência Artificial. "Através da IA pode definir seus temas, definir esse estilo e gerar novas imagens. Às vezes, as pessoas querem simplesmente que o desenho seja autoral, mas não necessariamente ele é uma grande invenção", descreveu.

A educação da tecnologia frequentemente toma espaço do debate público, principalmente quando se aborda quem dará os limites a IA, já que a ferramenta é composta por tudo aquilo que é produzido e colocado nas redes sociais, revistas digitais, sites e afins.

O design Eduardo Grandelle, especialista em Inteligência Artificial, atua como ceo da Trezion, agência que oferece serviços na mesma área, e salientou mudanças sociais atrelados ao uso das ferramentas digitais.

Eduardo Grandelle é ceo da agência de IA, Trezion.
Eduardo Grandelle é ceo da agência de IA, Trezion. | Foto: Reprodução/Internet

"Na publicidade, já usávamos o photoshop. Hoje, utilizamos a Inteligência Artificial. As coisas mudaram. Já utilizamos IA há 10 anoss através do algoritmos", disse. Ele ainda continuou afirmando a necessidade de uma regulamentação da tecnologia. "Assim como as redes sociais, a IA necessita de uma regulamentação. Me preocupa as eleições do próximo ano", acrescentou.

No mundo da tatuagem, Eduardo reconhece que é normal os tatuadores não se 'jogarem' completamente, mas acha possível manter a originalidade no uso da IA. "Eu entendo tatuadores que não usam a IA. Há um processo criacional e original do profissinal. Eu conheço tatuadores que adaptam o desenho para o músculo. Isso faz parte da originalidade do profissional", concluiu.

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