Volta e meia a sociedade se depara com histórias de mulheres que transformam o mundo em um lugar melhor com grandes feitos e atitudes revolucionárias. Porém, há também grandes potências femininas 'escondidas' em seus bairros e comunidades que fazem muita diferença com o pouco que tem, e é justamente sobre uma dessas heroínas do mundo real que o Portal MASSA! vai falar nesta reportagem.
Longe dos holofotes, Ana Ribeiro trabalha arduamente para ajudar pessoas. Ela já tinha a ação de marcar consultas para vizinhos desde o começo dos anos 2000, sem nem imaginar que seria capaz de criar um projeto consolidado. Com o passar dos anos, o que ela fazia sozinha acabou ganhando força, atraindo voluntários e se tornando uma das maiores instituições sociais do bairro de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Tudo começou naturalmente, quando Ana viu que poderia fazer mais do que marcar exames e consultas médicas e decidiu abrir as portas da própria casa para ajudar a população que precisava de serviços de fisioterapia e massoterapia. Junto com a filha mais nova, que havia acabado de se formar, ela começou a aumentar o número de pacientes.
Veja:
“A intenção tanto minha como de Gal era atender as pessoas em total vulnerabilidade, que não tinha acesso a fazer uma fisioterapia, a uma massoterapia, aí minha intenção era de atender de 20 a no máximo 30 pessoas”, disse ela ao Portal MASSA!.
Com o serviço bom, gratuito e pertinho de casa, a população da localidade começou a se interessar e a demanda foi aumentando. De mãos atadas por não ter como prestar atendimento a tantas pessoas, Ana encontrou em uma colega a parceria perfeita para dar um novo passo com o projeto, pois ela trabalhava fazendo mutirões itinerantes pela cidade e topou fazer um com intermediação da instituição.
O mutirão de saúde ofereceu serviços de cardiologia, atendimentos clínicos e teve até encaminhamento para cirurgias. Cerca de 300 pessoas foram atendidas e a fila chegou a dobrar o quarteirão. Esse dia foi essencial para tudo o que estaria por vir, já que os profissionais adoraram a organização do instituto e decidiram se voluntariar para continuar cuidando das pessoas da região sempre que possível.
A expansão do projeto e a criação do Instituto
O tempo passou e Ana Ribeiro se mudou do bairro com a família. A mudança caiu como uma luva, pois ela teve a ideia de ampliar o espaço do projeto. Agora, os atendimentos que aconteciam na garagem da casa passaram a ser feitos com mais tranquilidade. O plano inicial era usar apenas o térreo do imóvel e alugar o primeiro andar, mas novos profissionais chegaram e toda a casa foi tomada pela solidariedade.
“Fomos abrindo espaço e quando fomos ver, chegamos a um volume enorme. Hoje atendemos mil pessoas por mês e às vezes até ultrapassa”, relembrou a idealizadora do Inar.
O Instituto Ana Ribeiro nunca recebeu ajuda do poder público e funciona a partir do trabalho 100% voluntário dos profissionais. A fundadora da instituição social tem a família apoiando na administração do local e recebe o auxílio do marido com os custos de água, luz e demais despesas da casa. Eles também recebem doações de alguns alimentos para distribuir entre as pessoas que mais precisam.
“Vamos lutando para sobreviver como Deus permite, não temos parceria com o governo e nem com o estado, não recebemos nada, nós vivemos pela misericórdia de Deus”, contou.
O sucesso do projeto fez com que serviços para além da saúde, começassem a ser implementados. Além da marcação médicas, cirúrgicas e de exames, atendimentos fisioterapeuticos e massoterapeuticos, há também acupuntura, psicoterapia, atendimento com advogados e cursos.
Além de moradores da região que se interessaram em ofertas, cursos de corte e costura, maquiagem, boneca, arte em fita, flores artesanais e culinária, foi realizado um curso de Recursos Humanos (RH) em parceria com o Senai.
Atualmente, o Inar funciona de segunda a sexta-feira, oferecendo cursos de segunda a quinta, atendimentos médicos de terça a quinta e deixando a sexta-feira separada para eventos e palestras.
“A nossa missão hoje, tanto minha quanto dos voluntários é transformar vidas. Nós vamos aos pouquinhos fazendo o possível e o impossível para impactar na vida da comunidade, principalmente na comunidade que vive em extrema vulnerabilidade”, concluiu.