O grupo CCR, concessionária que administra o metrô de Salvador, enviou no fim do mês de julho uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) a alguns órgãos da estrutura do Governo da Bahia para solicitar a realização de estudos e convocação da iniciativa privada para prever a viabilidade da implantação, operação e manutenção do Trem Regional da Bahia no trecho Salvador-Feira de Santana.
A MIP é um instrumento jurídico na qual uma empresa privada pode apresentar propostas para a realização de obras ou serviços públicos que sejam de interesse do poder público. Após o envio, cabe ao governo avaliar a viabilidade técnica da obra e abrir a licitação caso decida pela sua execução.
No documento, conseguido pelo Grupo A Tarde, a concessionária estípula que a implantação do modal atingiria diretamente mais de 4 milhões de pessoas. Em um primeiro esboço feito pela concessionária, o trem teria, além das estações Salvador e Feira de Santana, paradas em importantes cidades como Simões Filho, Candeias e Santo Amaro.
O governador Jerônimo Rodrigues já havia confirmado que a construção da malha do "Trem Regional" no estado seria um "objetivo da sua gestão" e que realizaria estudo de viabilidade técnica e econômica para sua implantação. O gestor inclusive já sentou com equipes da CCR para falar sobre o assunto.
A estimativa da CCR é que o projeto custe R$ 2,6 bilhões, com um custo anual de R$ 280 milhões para manutenção do modal. A ideia da concessionária é tocar a obra em caráter de PPP (Parceria Público-Privada) com um prazo de vigência de 30 anos pela administração.
Salvador-Feira
Para quem está acostumado a fazer a viagem de Salvador para Feira em pelo menos 1h30, única alternativa antes da ponte aérea recém-inaugurada, terá uma economia considerável no tempo, com a empresa estimando que os 103 quilômetros que separam as duas cidades sejam transpostos em 45 minutos.
O documento não aponta de onde o trem sairia na capital baiana, mas considera o entorno do distrito de Humildes, às margens da BR-101, como o ponto de chegada na Princesa do Sertão, com a provável implantação de um sistema rodoviário integrado que ligasse o modal ao centro de Feira através do Anel de Contorno.
Ainda de acordo com a CCR, Feira é vista como um ponto estratégico no desenvolvimento socioeconômico baiano, já que é cortada por três rodovias federais (BR-324, BR-101 e BR-116) e três estaduais (BA-052, BA-502 e BA-503), "além de um dos "mais importantes entroncamentos rodoviários e centros logísticos do Brasil", o que levaria a obra a impactar em diversos setores como investimentos imobiliários, polos de comércios e serviços, além da geração de renda e emprego.
O estudo aponta ainda a possibilidade de após o começo da operação do contrato, estimado em cinco anos após o início das obras, a malha poderia ser expandida para o sul do estado, rumo a Jequié, ou para o norte, onde poderia chegar a Alagoinhas ou até mesmo até Aracaju (SE).