24º Salvador, Bahia
previsao diaria
Facebook Instagram
WHATSAPP
Receba notícias no WhatsApp Entre no grupo do MASSA!
Home / Cidades

Pegou ar! - 28/10/2022, 07:18 - Amanda Souza

Galera pira com frota de ônibus desfalcada na capital

Horários de pico registram superlotação em linhas mais concorridas, correria em pontos de ônibus e muita indignação

Povo tá sofrendo pra pegar ônibus em Salvador
Povo tá sofrendo pra pegar ônibus em Salvador |  Foto: Reprodução

Tentar chegar no ponto de ônibus o mais cedo possível nos horários de pico, ficar de olho em aplicativos para não perder o horário, correr para a fila que se forma e tentar garantir um lugar, mesmo que apertado, dentro do veículo. Essa é a rotina de quem depende do transporte público de Salvador nos horários mais agitados da cidade.

Pegar ônibus em Salvador tem sido uma missão cada vez mais difícil. Além da quantidade ineficiente da frota, que resulta em veículos lotados em diferentes horas do dia, é preciso lidar com ônibus sucateados e sujos, como relatam os usuários.

Horários como 7h da manhã e por volta das 18h da noite são os momentos mais críticos. Em determinadas linhas e em certos pontos da cidade, é possível observar muitas pessoas à espera dos ônibus. Para cada uma delas, um problema: excesso no tempo de espera, apenas uma linha que atenda ao roteiro ou superlotação.

No caso de Aiana Lima, de 18 anos, o problema é duplo. Ela mora em Periperi e pega o transporte público na Av. Tancredo Neves. A única linha que a atende é a 1637, Mirantes x Imbuí/Boca do Rio. A reportagem a acompanhou enquanto ela esperava o ônibus para ir para casa nessa quarta-feira (27).

A primeira tentativa foi frustrante. Assim que o ônibus apontou, ela correu para acenar. O motorista parou e Aiana bem que tentou entrar, chegou a subir o primeiro degrau, mas não tinha como. “O motorista ainda abriu a porta, mas não tinha como passar dali, preferi descer e esperar outro”, explicou.

Rosângela Dias é colega de Aiana e também aguardava o ônibus no ponto. Enquanto falava com a reportagem, não tirava o olho da pista para garantir que não ia perder o 0207, Massaranduba x Itaigara. “Hoje a gente foi liberada mais cedo. Então a primeira coisa que a gente pensa é em ir logo para o ponto e pegar um ônibus mais vazio, antes do horário de pico. Deu 18h, não tem jeito, só vem cheio”, relata.

O ônibus de Rosângela chegou e Aiana seguia esperando mais uma oportunidade de ir para casa. Enquanto isso, ela contou um pouco da rotina. “Eu pego ônibus aqui toda semana, sempre nesse mesmo horário, e é a mesma luta todos os dias. Não tem outra linha que sirva pra mim além dessa, e como ela é a única, claro que muitas pessoas vão pegar. É sempre cheio, mas tem dias que é pior, como foi agora que eu sequer consegui entrar”.

Alguns minutos depois, um outro ônibus da linha 1637 chegou e, ainda que cheio, ao menos foi possível que Aiana entrasse. Ela conseguiu seguir para casa, mas o ponto ainda seguia lotado, assim como a maioria dos ônibus que passavam por ali.

Além dos usuários, trabalhadores do sistema também relatam problemas

Não é só quem pega ônibus que reclama do baixo número de veículos disponível. Os trabalhadores do sistema também entendem que, da maneira que está, o trabalho deles também está prejudicado.

Um motorista, que preferiu não se identificar, relatou ao Massa! motivos que podem explicar o baixo comprometimento com a qualidade do serviço de transporte público na cidade. “Com a criação da Integra, acabou a concorrência entre os ônibus. Se uma empresa pega passageiro e outra não, o dinheiro vai para o mesmo lugar. Tanto faz se a amarela pegar 1 milhão de passageiros e a verde pegar 100 mil. No final tudo é repartido por igual”, comenta.

O profissional destaca ainda que a questão financeira tem impacto direto na quantidade de ônibus disponíveis. “Nunca mais vai voltar ao normal”, explica ele sobre o número de ônibus, “Diante da pandemia, os empresários aproveitaram para reduzir o número de ônibus e de mão de obra por conta da concorrência com o metrô, o BRT e o VLT. Não era vantajoso para eles manter o mesmo número de veículos e funcionários ganhando menos”.

O presidente em exercício do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Fábio Primo, destacou que a categoria entende que a quantidade de ônibus que circulam em Salvador é ineficiente. “Hoje Salvador tem 1900 ônibus. A gente tem um entendimento de que necessitamos de 2100 veículos para atendermos bem a população”, disse.

O Massa! entrou em contato com a Secretaria de Mobilidade Urbana de Salvador (Semob) para tratar sobre a questão do transporte público na cidade e quais medidas estão sendo tomadas para trazer mais conforto para a população, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. A reportagem também tentou entrar em contato com o Consórcio Integra, através dos telefones informados no site, mas não obteve êxito.

exclamção leia também