A Petrobrás anunciou, nesta segunda-feira (4), que assinou um memorando de entendimentos com o fundo Mubadala, com o objetivo de desenvolver estudos sobre futuros negócios na área de biocombustíveis. O acordo foi firmado pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates e o vice-CEO do grupo Mubadala, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
Segundo informou a Petrobrás em nota, os acordos “são direcionados a estudos de possíveis negócios e projetos nas áreas de exploração e produção, transição energética, refino, petroquímica, energia renovável, hidrogênio, amônia, captura de carbono e biocombustíveis”.
O Fundo Mubadala é um gigante do investimento internacional, dono da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, administrada pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala e foi rebatizada de Refinaria de Mataripe. A unidade, que responde por significativa parcela da capacidade de refino do Brasil, foi comprada pelo fundo em 2021, durante o processo de privatização iniciado no governo Bolsonaro.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) defende que o estado brasileiro reestatize a refinaria, posição que também foi defendida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Silveira afirmou que a Rlam “é um ativo histórico da Petrobrás que nunca deveria ter sido vendido”.
Luta pela reestatização
A luta da categoria petroleira é para que a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) volte a ser um ativo da Petrobrás. “A FUP entende que o processo de crescimento da capacidade de refino da Petrobrás passa necessariamente pela reintrodução da Rlam aos ativos da empresa, que voltaria a ter o controle da refinaria baiana”, afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Uma publicação da agência internacional Reuters desta segunda-feira, afirma que segundo fonte consultada pela reportagem, o governo Lula “estuda recomprar a refinaria desde o primeiro dia” e que os acordos assinados neste final de semana poderiam ser uma ponte nesse sentido. Esse objetivo está em cima da mesa desde o início da campanha eleitoral e sempre foi defendido pela FUP.
Patrimônio baiano e do Brasil
Com 6,5 km² de área, a Rlam tem capacidade de produção de 377 mil barris/dia de produtos de alto valor agregado. Além de GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.
No que diz respeito aos impactos da privatização no preço dos combustíveis para os consumidores do Estado da Bahia, segundo a FUP, a venda trouxe aumento nos preços dos derivados acima da média nacional.
O preço médio da gasolina vendida nos postos de combustíveis do estado da Bahia superaram a média de preço nacional. As refinarias que pertenciam à Petrobrás e foram privatizadas nos processos de desinvestimento, vem praticando preços, em média, 5,5% mais caros, em relação à estatal.
Nesse sentido, Bacelar afirma: “Vemos com bons olhos possíveis acordos para desenvolvimento de energias renováveis, que permitam avançar numa transição energética justa. Porém, para conseguir esses objetivos é fundamental avançar na reestatização da Rlam e dos ativos que foram privatizados de forma arbitrária e lesiva no desgoverno Bolsonaro, recolocando essas unidades na esfera da Petrobrás e a serviço de um projeto de desenvolvimento nacional”.