Uma funcionária pública de 50 anos, que preferiu não se identificar por medo de represálias, diz ter sido vítima de importunação sexual na Unidade de Emergência de Pirajá, em Salvador, onde trabalha. O caso teria ocorrido no dia 1º de fevereiro e foi registrado na 4ª Delegacia de São Caetano no dia seguinte.
De acordo com a denunciante, um colega de trabalho, que seria coordenador da unidade, teria dado um tapa em sua bunda após a entrega de um documento. "Eu o repreendi, disse a ele que me respeitasse, e que nunca tinha dado ousadia para que ele fizesse isso comigo", iniciou o relato.
A mulher informou que ele chegou a pedir desculpas e disse que não sabia o motivo de ter feito aquilo. Na sequência, ela teria narrado o episódio para alguns colegas de trabalho e para um outro coordenador, que não teria dito nada a respeito.
"Vim pra casa, atônita, sem ação, mas não consegui dormir e nem comer. Estava triste. No dia seguinte, resolvi ir à delegacia de mulheres, onde me encaminharam para a delegacia mais próxima de onde trabalho", continuou.
Ainda conforme a funcionária, foi realizada uma oitiva no trabalho. O caso teria sido encaminhado para a Corregedoria da Secretaria de Saúde (Sesab), que teria afirmado que não poderia "dar segmento" por causa de déficit de funcionários.
Isso me indignou, pois até então nenhuma medida tinha sido tomada com o referido colega. E o que me disseram foi que nada poderia ser feito , até que a corregedoria tomasse providências quanto ao assunto
"Desse dia pra cá, não passei bem, tendo muitas crises de ansiedade e choros descontroláveis. Fui até a corregedoria, e lá eles me garantiram que ia dar urgência no meu caso. Estou no aguardo também", disse a funcionária, que afirmou estar afastada do trabalho após ter sido diagnosticada com depressão e transtorno de ansiedade.
Tentando dar seguimento na minha vida. Porém, o que me revolta é saber que o cidadão está trabalhando normalmente, como se nada tivesse acontecido
Documentos
O Portal MASSA! teve acesso ao boletim de ocorrência registrado na 4ª Delegacia de São Caetano. De acordo com o documento, a queixa foi registrada inicialmente na Delegacia de Defesa da Mulher (Deam) de Periperi, mas a funcionária foi orientada a comparecer na unidade de "apuração responsável, para as devidas providências".
Em contato com a Sesab, a assessoria afirmou ter identificado um registro da ocorrência na Corregedoria e que "as circunstâncias estão sendo apuradas". A reportagem também tentou dialogar com a Unidade de Pirajá, mas não houve sucesso.