
Fim de ano é sinônimo de rodovia cheia, objetos no porta-malas e tanque cheio para pegar a estrada. Mas junto com o aumento das viagens, cresce também a atenção necessária na hora de abastecer. Em Salvador, fiscalizações recentes mostram que fraudes em bombas de combustíveis continuam sendo uma realidade, com impacto direto no bolso e na segurança do consumidor.
Em 2025, o Ibametro 'fechou o cerco' com as operações na capital e os números chamam atenção. Em duas grandes ações realizadas em setembro, quase metade das bombas fiscalizadas apresentou algum tipo de irregularidade.

Na Operação Integrada, que rolou em parceria com Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon), Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz), foram:
⛽ 20 postos fiscalizados;
❌ 10 apreensões cautelares de dispositivos suspeitos de fraude;
❌ 118 bombas reprovadas.
Já na Operação Bahia Segura:
⛽ 20 postos fiscalizados;
❌ 19 apreensões de placas eletrônicas e geradores de pulsos;
❌47 bombas reprovadas;
❌ 21 autuações aplicadas.
Segundo o especialista do Ibametro, Emanuel Portela, as fraudes continuam sendo sofisticadas, principalmente as eletrônicas, que podem ser acionadas remotamente.
Dados da ANP indicam, com base em autos de infração e interdição, dois registros de irregularidades em postos de Salvador, especialmente em bairros como Armação e Santa Mônica, em 2024.
Apesar de o número total parecer pequeno à primeira vista, especialistas alertam que nem todas as fraudes são detectadas imediatamente, e muitas só vêm à tona após denúncias dos próprios consumidores ou fiscalizações mais aprofundadas.
Pontos de risco
O Procon-BA também atuou em Salvador por meio da Operação Olho de Tandera 2025, fiscalizando 16 postos em 11 bairros, entre eles:
⛽ Itapuã;
⛽ Stella Maris;
⛽ Ondina;
⛽ Federação;
⛽ Engenho Velho de Brotas;
⛽ Engenho Velho da Federação;
⛽ Cabula;
⛽ Cajazeiras V;
⛽ Cosme de Farias;
⛽ Nazaré;
⛽ Lobato.
Três postos foram autuados. As irregularidades foram encontradas em Itapuã, Dique do Tororó e Pituba, envolvendo principalmente produtos vencidos e descumprimento do Código de Defesa do Consumidor.
Tática de golpe
As irregularidades mais comuns se dividem em dois tipos:
Fraudes mecânicas
São alterações em peças internas da bomba, como blocos medidores e separadores de gases, que fazem o equipamento marcar mais combustível do que realmente é entregue.
Fraudes eletrônicas
Envolvem placas adulteradas, geradores de pulsos e dispositivos ocultos, que manipulam o sistema eletrônico da bomba. O visor mostra um volume maior, mas o carro recebe menos combustível.

Estrago é feio
O mecânico Wellington Soares, da Oficina Soares, alerta, em entrevista ao MASSA!, que o combustível adulterado pode dar um 'preju' daqueles. Segundo ele, a gasolina de má qualidade não queima totalmente, deixa resíduos e pode causar:
💰 Calço hidráulico, com custo médio entre R$ 6 mil e R$ 10 mil;
💰 Carbonização do motor, contaminando o óleo e causando falhas de lubrificação, com gasto médio de R$ 3 mil.
"Não costuma gerar acidente, mas gera um prejuízo enorme. O carro perde desempenho, começa a falhar e o dono só descobre depois que o problema já está feito", explica.

De acordo com o mecânico, a gasolina é o combustível mais visado porque permite vários tipos de mistura ilegal. Além do álcool em excesso, já foram identificadas adulterações com: Metanol, Querosene ou Óleo Diesel.
No caso do etanol, a adulteração costuma ser feita com água, o que também prejudica o motor, mas é mais fácil de detectar.
5 dicas para não cair na cilada
⚠️ Confira o lacre da bomba: ele deve estar intacto e com selo do Ibametro ou Inmetro.
⚠️ Veja se o visor zerou: antes de começar o abastecimento, confirme se a bomba está marcando zero.
⚠️ Acompanhe todo o abastecimento: evite se afastar ou usar o celular durante o processo.
⚠️ Compare o rendimento do carro: consumo fora do padrão pode ser sinal de problema.
⚠️ Desconfie de preços muito baixos: valor muito abaixo da média pode indicar irregularidade.
Fui lesado. E agora?
Se o motorista suspeitar que foi vítima de golpe, a orientação é guardar a nota fiscal e procurar os órgãos de defesa do consumidor.
O Procon-BA recebe denúncias presencialmente, nos postos de atendimento, pelo site ba.gov.br, e pelo e-mail [email protected].
Também é possível denunciar diretamente ao Ibametro e à ANP, que podem acionar fiscalizações no local.
Foco continua
O Ibametro ainda informou que as ações seguem em todos os 417 municípios da Bahia no próximo ano. Quando a fraude é comprovada, o posto pode ser autuado, multado, interditado e responder a processo administrativo, respeitando o direito de defesa.
Para quem vai partir a mil neste fim de ano, o papo é um só: atenção redobrada no abastecimento pode evitar muita dor de cabeça.
*Sob a supervisão do editor Pedro Moraes
