
O Afoxé Filhas de Gandhy realizou nesta quinta-feira (26) seu primeiro Bazar Solidário, como parte das comemorações pelos 46 anos de fundação da entidade. Sediado no Centro Histórico de Salvador, o evento reuniu mais de 200 peças à venda, entre roupas, acessórios de marcas renomadas, itens artesanais e instrumentos musicais, todos com preços a partir de R$ 2.
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Fundado por mulheres e para mulheres, o grupo é considerado o primeiro Afoxé feminino do Brasil e da América Latina, e agora busca por meio do bazar reforçar sua autonomia financeira e sua importância histórica e cultural. A proposta do evento vai além da venda: é uma estratégia de mobilização da comunidade e afirmação do protagonismo feminino.
Entre os destaques do bazar estavam um vestido doado pela modelo internacional Luana de Noailles, peças artesanais produzidas por mulheres ligadas à instituição e instrumentos musicais que marcaram momentos da trajetória do grupo. “Qualquer peça que sai daqui leva consigo o ‘M’ de mulher, de maternidade, de memória”, afirma Silvana Magda, diretora interina das Filhas de Gandhy e filha da presidente Glicéria Vasconcelos.
Segundo Silvana, o bazar tomou nova proporção após parcerias com artistas como Marta Góes, resultando em um acervo eclético que vai de bolsas de grife, como Dolce & Gabbana e Versace, a itens feitos à mão por artesãs de bairros periféricos como Cajazeiras e Valéria. “Queremos que cada item vendido seja uma forma de manter viva a história e a identidade das Filhas de Gandhy”, completou.

A movimentação surpreendeu até as organizadoras: antes da abertura oficial, já havia fila na porta. O sucesso foi tanto que a equipe considerou estender o bazar até o fim de semana. “O zap das Filhas está bombando”, comentou Silvana, revelando que doações continuavam chegando ao longo do dia.
A funcionária pública Claudenice, 55 anos, foi uma das visitantes. Convidada pela sobrinha, saiu encantada: “Valeu muito a pena. Só não comprei mais porque algumas peças não serviam, mas levei óculos, colar… Tudo lindo!”.
Já Andréa Sacramento, tesoureira da instituição e voluntária no evento, ressaltou a importância do engajamento coletivo. “É gratificante ajudar uma causa que nos representa. Somos mulheres guerreiras, mostrando que podemos fazer bonito na rua, com ou sem trio.”

Apesar da força histórica do grupo, Silvana lamenta a falta de visibilidade e reconhecimento oficial: “Somos o primeiro Afoxé percussivo feminino da América Latina e ainda assim não temos a valorização devida”. A equipe agora busca registrar a entidade no Guinness Book como marco internacional.
Além do bazar, a instituição se prepara para o desfile do 2 de Julho, data simbólica para a independência da Bahia e também aniversário das Filhas de Gandhy. “Já estamos produzindo os figurinos. A comemoração continua”, afirmou a diretora.
A possível extensão do bazar será divulgada nas redes sociais do grupo e por meio de assessoria de imprensa. A intenção é manter acesa a chama de um legado que vai muito além do carnaval.