Com uma variedade de atividades culturais e gratuitas, o 17º Festival de Latinidades teve início na sexta-feira (5), em Salvador, e segue até este domingo (7), dando boas-vindas ao 'Julho das Mulheres Negras', ação a nível nacional que tem como objetivo fortalecer a política coletiva desse público na sociedade.
O Pelourinho, no Centro Histórico, será palco principal para a programação do festival que inclui espetáculo teatral, espaço literário, shows, performances de dança, debates, feira de afroempreendedorismo, palestras, seminário e oficinas. Ontem, na abertura das atividades, o teatro do Sesc, no Largo do Pelô, recebeu performance de dança de Vânia Oliveira, artista da cultura afro-brasileira.
Presente no evento, Jaqueline Fernandes, uma das organizadoras e diretora-geral do festival, destacou a força de encontros como esse para seguir no combate contra o racismo e o preconceito diário.
"Eu acho que chegar à 17ª edição é, antes de tudo, resistência, principalmente num país ainda tão racista e machista. Ao mesmo tempo representa uma comprovação da potência de mulheres negras que estão articulando e fazendo tanto pela sociedade, apesar do massacre diário. No festival, mostramos a nossa potência, mas também cobramos políticas públicas. Então, é um evento multilinguagens porque nós somos diversas, nós atuamos e contribuímos a partir de vários lugares", pontuou em entrevista ao MASSA!.
Para hoje, a programação ficará por conta da Feira Afro Bahia, com a participação de 50 empreendedoras negras, que estarão distribuídas nos Largos Pedro Archanjo e Quincas Berro D’Água, das 14h às 20h. Nos espaços, os visitantes poderão conferir e comprar produtos artesanais, acessórios, moda, beleza e autocuidado, além de terem acesso a palestras e atrações musicais e distração infantil.
Já no domingo, 7, às 17h, no Largo Quincas Berro D’Água, o papel crucial da cultura na luta contra o racismo será pauta de discussão entre artistas e representantes de entidades.
Secretária fala das ações
Na abertura do festival, a titular da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), Ângela Guimarães, fez questão de frisar que outras ações voltadas ao público feminino negro serão desenvolvidas ainda este mês. “Iremos ver durante todo este fim de semana, período que a Bahia abriga a 17ª edição de Latinidades, outras atividades que vão decorrer, aqui na Bahia, no mês de julho. Nossa programação é intensa, a gente abre com a Latinidades e só encerra no dia 31, justamente pela importância desse mês, pela importância de celebrar e reconhecer essa contribuição tão rica que nós mulheres negras damos à sociedade", disse.
Denúncia
O gestor da Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid), delegado Ricardo Amorim, fez um apelo para que, em casos de atentados racistas, a vítima registre o Boletim de Ocorrência em qualquer delegacia. "É comum que a gente veja muita gente com receio ou um pouco de medo de ir numa delegacia registrar a denúncia por achar que não dará em nada. Porém, é importante as pessoas registrarem porque a gente vem buscando, cada vez mais, investigar e priorizar esses tipos de crimes. O registro é importante, também, para que a gente tenha um cenário de como esses delitos estão sendo cometidos na Bahia e, a partir daí, produzir estatística e saber onde mais ocorrem e quem são os autores, para que eles não voltem a repetir esses crimes", declarou o delegado.