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FOLIA - 10/03/2025, 06:00 - Vitória Sacramento

Festa das Caretas celebra 10 anos no Subúrbio Ferroviário e reforça tradição afro-indígena

Galera se reuniu neste domingo (9) para comemorar tradição

Galera se reuniu no bairro Tubarão
Galera se reuniu no bairro Tubarão |  Foto: Uendel Galter/AG A TARDE

Quem passou pela comunidade de Tubarão na tarde deste domingo (09) se deparou com uma cena inusitada: dezenas de pessoas mascaradas desfilando pelas ruas. O cenário, que poderia remeter ao Halloween, era, na verdade, a Festa das Caretas, que completou 10 anos de existência no Subúrbio Ferroviário de Salvador.

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O evento, organizado pelo Quilombo Aldeia Tubarão (QUIAL), reuniu moradores de todas as idades em um cortejo repleto de cultura e tradição. Com apresentações de capoeira, fanfarra e samba de roda, a celebração buscou reforçar a importância da herança afro-indígena, que, segundo os organizadores, vem sendo apagada ao longo dos anos. O desfile teve início às 15h, saindo da quadra comunitária da Escola Municipal Fernando Presidio, e contou com a participação de importantes nomes da cena cultural baiana, como o articulador cultural Bel Saubara.

A festa contou com o apoio do Centro Público de Economia Solidária Salvador-Ilhas (CESOL) e da iniciativa Pontos Diversos, fortalecendo o compromisso com a preservação das manifestações culturais do território.

Cleciane Silva, de 34 anos, fez questão de levar a filha Ana Luísa, de 10, para o evento. A menina, sambadeira do grupo de samba de roda da comunidade, acompanha a mãe na tradição. "Já faz parte da nossa história. Eu participo há dez anos e minha filha, desde que nasceu, está presente. Ela se envolve em todas as etapas, desde a confecção das máscaras até o desfile", contou Cleciane.

Máscaras de todos estilos fizeram parte parte da festa
Máscaras de todos estilos fizeram parte parte da festa | Foto: Uendel Galter/AG A TARDE

A festa das caretas envolve também oficinas de confecção de máscaras, onde as crianças aprendem a produzir suas próprias fantasias com materiais simples, como papel e cabaça, resgatando técnicas ancestrais. "O objetivo é perpetuar esse conhecimento para as próximas gerações", explicou Bel Saubara.

A gestora do QUIAL, Natureza Acácio, ressaltou as dificuldades enfrentadas para manter a festa viva ao longo da década. Segundo ela, a maior barreira é a falta de recursos financeiros. "A gente faz com doações, pequenos apoios. Quando conseguimos um edital, remuneramos mais de 50 pessoas, mas, na maior parte do tempo, tudo acontece de forma voluntária", explicou.

Apesar dos desafios, a adesão da comunidade continua forte. "As pessoas perguntam, cobram, querem saber quando vai ter a festa. Isso mostra o quanto essa manifestação já faz parte da identidade do bairro", afirmou Natureza.

Para além da estética, as máscaras utilizadas na festa carregam um significado profundo. "Elas são uma herança africana. Em diversos territórios de beira-mar, como o nosso, sempre existiram essas expressões. No passado, eram feitas de madeira, cabaça e papelão. Quando vemos máscaras de borracha, sabemos que um mestre artesão pode ter partido sem passar seu conhecimento adiante", pontuou Bel Saubara.

"Manter essa tradição viva é um compromisso com nossa ancestralidade. Enquanto houver comunidade, haverá caretas em Tubarão", concluiu Natureza.

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