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Sofrimento na saúde - 13/12/2022, 12:43 - Everton Santos - Atualizado em 13/12/2022, 16:40

Falta de verba do governo federal deixa pacientes sem hemodiálise

Familiares protestaram nesta terça-feira no CAB

Pacientes sofrem sem hemodiálise
Pacientes sofrem sem hemodiálise |  Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Uma manifestação dos familiares de pacientes renais crônicos que estão internados em hospitais para realizar as sessões de diálise, quando deveriam ser atendidos em clínicas de diálise, está sendo realizada nesta terça-feira (13). O ato ocorre na frente da Secretária de Saúde do Estado da Bahia, no CAB.

Entre as reclamações dos familiares, está o fato dos pacientes terem que ficar internados, sem poder ir para casa depois da sessão, que costuma durar de 2 a 4 horas por dia, normalmente três vez por semana. Ou até mesmo a falta de vagas para fazer a hemodiálise.

É o caso de Zenaide Silva dos Santos. Ela foi baleada enquanto trabalhava em um mercado no dia 8 de setembro após um tiroteio que envolveu facções. O caso aconteceu no Engenho Velho de Brotas.

O paciente precisa fazer hemodiálise, mas continua internada no hospital Alaíde Costa, já que não encontra vaga em nenhuma clínica para fazer o procedimento.

Zenilda Silva, irmã de Zenaide, afirma que já está desesperada com a situação, e tem medo que a irmã possa pegar Covid ou alguma infecção caso permaneça na unidade hospitalar.

" Ela está de alta (Zenaide), mas não encontra vaga para ir para casa. Ela precisa ir para casa. Lá estão misturando pessoas com Covid-19 e quem não tem. E não é só ela. Várias pessoas estão lá no hospital por não encontrarem vagas nas clínicas", desabafou.

O portal Massa! conversou com o doutor Maurício Cerqueira, diretor da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplantes (Abcdt), que explicou o que vem ocorrendo.

"A situação dos serviços de diálise vêm se agravando nacionalmente e na Bahia não é diferente, ao ponto de estarmos na eminência de um colapso no atendimento. Julgamos que o Poder Público, em especial o Ministério da Saúde, instituiu uma política de desvalorização do SUS na medida em que a tabela SUS não é reajustada segundo parâmetros justos. As clínicas em sua esmagadora maioria têm débitos tributários impagáveis e muitas delas estão endividadas junto a bancos e fornecedores, o que incapacita a maioria das clínicas de expandir o atendimento sem que o Poder Público adote ações com vista a mitigar a defasagem da tabela remuneratória", informou Maurício.

Ainda de acordo com o profissional, mais de 11 mil pacientes renais na Bahia fazem diálise por mês, dos quais mais de 90% realizam seu tratamento pelo SUS.

Ainda de acordo com o Abcdt, o valor de cada sessão é determinado pela tabela SUS e está 40% defasado. Com isso, muitas clínicas privadas não estão mais abrindo novas vagas em convênio com o SUS.

"Hoje o valor pago por uma sessão de hemodiálise é de R$218,47 (duzentos e dezoito reais e quarenta e sete centavos), enquanto estudos recentes por instituto renomado apontam um custo de R$302,87 (trezentos e dois reais e oitenta e sete centavos) por sessão. Frise-se que esses valores representam apenas custos, sem previsão de lucratividade, fato que demonstra a gravidade do problema", contou o médico.

Por meio de nota oficial, a Sesab informa que " A despeito da obrigação do Ministério da Saúde de arcar integralmente com custos dos serviços de diálise em todo o País, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) realizou ampliações nos hospitais Ana Nery e Roberto Santos a fim de atender pacientes ambulatoriais e pagou R$ 18 milhões entre julho de 2021 e julho de 2022 para manter serviços não habilitados pelo Ministério nos municípios de Salvador, Santo Amaro, Santo Estêvão, Cruz das Almas e Bom Jesus da Lapa. Hoje, a Bahia conta com 42 serviços de diálise, sendo 16 sob gestão estadual. O impacto da não habilitação de novos serviços pelo Ministério da Saúde obriga que pacientes sejam internados, ocupando leitos hospitalares até o surgimento de vagas ambulatoriais. A rede estadual possui mais de 200 pacientes internados nessa situação. A situação é objeto de ação judicial contra a União. Para além da ampliação do número de vagas, prestadores pleiteiam o aumento do recurso ministerial destinado aos serviços atuais, que de acordo com estimativas estaduais chegaria a R$ 80 milhões por ano."

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