
Se tem algo que tira o sossego de grande parte do trabalhador são as dívidas. E nem sempre aquele planejamento de romper o ano com elas quitadas, normalmente traçado para colocar em prática a partir do dia 1º de janeiro, funciona. Imprevistos acontecem, a grana não rende e os planos vão por água abaixo. Faltam poucos meses para o fim de 2025 e como reorganizar as finanças para evitar o sufoco em 2026?
Um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que mais de 78% das famílias estão endividadas em 2025, número considerado elevado. Para o educador financeiro e especialista em finanças pessoais, Resende Neto, diferente do que pensam, é possível, sim, mesmo aos 45 minutos do segundo tempo, recalcular a rota e fazer ajustes financeiros que possam aliviar o bolso e ajudar a começar 2026 sem aquelas dívidas que tiram o sono.
"Dívida não é sentença, é um estado momentâneo. O primeiro passo é encarar a realidade: anotar quanto entra e quanto sai. Depois, listar todas as dívidas em ordem de juros e prioridade. Negociar com bancos e credores pode reduzir juros e alongar prazos. E, por mais contraintuitivo que pareça, é importante começar a guardar nem que seja 1% da renda — isso cria disciplina e muda a mentalidade. O que afunda as pessoas não é a dívida em si, mas a falta de controle e de decisão", aconselhou em entrevista ao MASSA!.
Tem quem ache que o maior causador das dívidas é o pouco dinheiro que se ganha, contudo, segundo Resende, esse pensamento não está alinhado à realidade. "As pessoas não se endividam porque ganham pouco, mas porque gastam mais do que ganham. O grande vilão é a falta de planejamento. Quando não há metas claras, cada propaganda vira uma tentação e cada crédito fácil parece solução. Outro fator é a ilusão de que 'depois eu pago', que faz muitos financiarem o presente e comprometerem o futuro. E ainda existe a pressão social: querer acompanhar o padrão de vizinhos, amigos ou influenciadores. O endividamento nasce quando o consumo vem antes da consciência — e a saída é inverter essa lógica, colocando primeiro os objetivos de vida e depois os gastos", alertou.

Também de acordo com o especialista, as pesquisas mostram que jovens adultos, entre 25 e 40 anos, costumam se endividar mais."É a fase da vida em que começam família, compram carro, imóvel, têm filhos — e acabam assumindo compromissos sem avaliar bem o orçamento. Entre homens e mulheres, ambos se endividam, mas por motivos diferentes: homens mais ligados a consumo imediato e investimentos arriscados; mulheres mais em compras ligadas à casa, filhos e cuidado familiar. No fim, a questão não é gênero, mas a falta de educação financeira", declarou o especialista.
Todos sabem que as tradicionais festas de fim de ano induzem a população a gastar mais dinheiro e fazer possíveis dívidas a curto e médio prazo. Quanto a isso, Resende diz que planejamento é a palavra-chave para evitar esses sufocos. "Presentes, ceia, viagens — tudo isso pode ser organizado com antecedência. Quem começa a guardar um pouco a cada mês chega em dezembro com dinheiro separado para os gastos. Outra dica é trocar a lógica: em vez de dar presentes caros, criar experiências em família. Afinal, ninguém lembra do valor do presente daqui a 10 anos, mas todos lembram de um Natal em paz, sem briga por conta de dívidas. O maior presente é entrar no ano novo sem pendências", disse.

Confira outras dicas passadas pelo especialista financeiro:
· Comece pelo básico: tenha clareza: anote tudo o que entra e tudo o que sai.
· Defina prioridades: pague dívidas, corte desperdícios e estabeleça metas.
· Crie uma reserva: mesmo que pequena, ela é a base da liberdade.
· Invista em conhecimento: leia, faça cursos, converse sobre finanças em casa.
· O segredo não é ganhar mais, mas aprender a usar melhor o que já se ganha. Quem começa o ano com essa mentalidade dá um passo enorme para ter paz e prosperidade