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Pegue visão - 18/10/2023, 15:00 - Silvânia Nascimento

Especial MASSA 13 anos: apostas esportivas podem deixar geral viciada

Galera que deixa o jogo tomar conta da vida tem obsessão por ganhar grana rapidamente e não consegue parar quando o preju começa a surgir

Necessidade de ganhar dinheiro pode jogar a galera no barril
Necessidade de ganhar dinheiro pode jogar a galera no barril |  Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

Se de um lado acontece o crescimento acelerado de casas esportivas, do outro há também um número significativo de consumidores compulsivos por esses jogos online, conhecidos como patológicos. De forma geral, os ‘viciados’ são pessoas de diferentes idades, localidades e personalidades, mas que possuem duas características em comum: a obsessão por ganhar dinheiro de forma rápida e a falta de controle para pôr limites quando os prejuízos começam a surgir.

Há quatro anos que Paulo (nome fictício), 37, começou a fazer apostas esportivas. Durante esse período, ele admite ter entrado num nível de dependência incontrolável e com vários danos financeiros.

“Aposta é algo tão vicioso que, para mim, é a mesma coisa que droga. E, no caso dos jogos, quando a gente perde é pior, porque bate a necessidade de querer recuperar o que se perdeu. Nisso, vai se colocando mais dinheiro até se tornar um ciclo vicioso, como é o meu caso”, disse ele, em entrevista ao MASSA!.

Ainda segundo relato de Paulo, em julho deste ano, ele resolveu conferir os extratos das apostas realizadas em 2022, e o resultado foi chocante. “Eu joguei R$ 11.600 e perdi R$ 10 mil. Em outra situação, com apenas R$ 200, eu fiz, ao longo de um mês, a quantia de R$ 9.600, mas em apenas um fim de semana eu perdi R$ 7.600 desse valor fazendo novas apostas”, revelou.

Obsessão afeta a vida: “Ficava maluco”

Acontecimentos como esse, ocasionados pela obsessão em querer ganhar mais grana, começaram a afetar a vida de Paulo. “Sempre que eu perdia eu ficava maluco. Não dormia, não comia. E quanto mais eu via dinheiro na minha conta, mais o olho crescia e eu sentia necessidade de jogar. Agora estou tentando me controlar. É difícil. Por isso que eu não aconselho ninguém a entrar”, contou.

Comportamentos como o de Paulo são sinais claros de que, o que era para ser uma diversão, se tornou algo sério.

Limites na brincadeira: o segredo é ir na manha pra apostar

Enderson Rocha tem 22 anos, mas quando decidiu se aventurar como apostador, tinha apenas 16. Entretanto, o jovem garante que, apesar de curtir muito o mundo das apostas, ele sabe controlar as emoções e colocar limites na brincadeira.

“Eu tento estipular um valor limite de prejuízo. Por exemplo, se eu tiver R$ 1 mil, eu só permito perder até R$ 300. E eu não costumo jogar aleatoriamente. Depende de como está a semana. Se eu começar bem, eu continuo. Quando estou ruim, dou uma parada. Eu já ganhei R$ 13 mil em uma única aposta. Foi o máximo que eu consegui”, explicou Enderson.

O administrador Ítalo Galdino, 23, diz que também aposta com equilíbrio. “Faço apostas esportivas há mais ou menos três anos e, durante esse tempo, eu tive muito mais lucro. Em um único dia, já ganhei mais de R$ 3 mil líquidos. Assim como já perdi mais de R$ 2 mil em um único dia”, conta.

Psiquiatra alerta

Em entrevista ao jornal MASSA!, o médico psiquiatra Marco Antonio Spinelli, formado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explicou quando o consumo por jogos patológicos pode se tornar maléfico.

“Existe uma progressão do momento que deveria ser de diversão, até o momento que saiu completamente do controle e vira um comportamento aditivo. Isso pode ser percebido por meio de sinais, como a fissura, onde a pessoa fica cada vez mais ansiosa pelo jogo, cronometrando as horas e dedicando maior parte do tempo da vida dela naquilo”, esclareceu o médico.

Ainda de acordo com o especialista, a perda completa do controle também é um indicativo capaz de mostrar que o apostador está num estado de vício. “Nesse caso, a pessoa que joga vai perdendo mais dinheiro e não percebe porque tem a ilusão de que está ganhando ou está recuperando o que perdeu. A ilusão não permite que o apostador perceba que, matematicamente, ele está perdendo mais do que ganhando”, explicou.

Os casos de vícios por jogos patológicos já é visto pela medicina como tão prejudicial quanto drogas ilícitas. “Acho que é importante frizar que jogos são tão graves quanto o aditivo da cocaína, porque eles também podem acabar com a sua vida. E sair de uma situação dessa é extremamente difícil. Sozinho ele não vai conseguir. Precisa de terapia comportamental, apoio de grupos terapêuticos e, muitas vezes, de medicação”, conta.

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