Depois de liderar, nos últimos anos, um movimento pela retomada das atividades na Enseada do Paraguaçu, no município de Maragogipe, no Recôncavo baiano, o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, comemorou neste fim de semana o anúncio de que a Petrobras realizou a licitação para construção de 10 embarcações do tipo OSRV (Oil Spill Response Vessel), seis das quais serão construídas no Canteiro de São Roque, na Enseada do Paraguaçu.
“Estamos caminhando a passos largos para a reativação plena do Canteiro de São Roque, voltando a gerar emprego, renda e riqueza no Recôncavo baiano. Com isso, a Petrobras amplia a produção energética e abre novas fronteiras de desenvolvimento”, destacou Bacelar.
As seis embarcações, segundo ele, serão construídas para a Compagnie Maritime Monégasque (CMN), sediada em Mônaco, na Riviera Francesa. “As outras quatro embarcações serão construídas para a Starnav, em Santa Catarina”, informou o coordenador da FUP e conselheiro do presidente Lula. As OSRVs são embarcações que manuseiam barreiras de contenção e costumam ser utilizadas nos procedimentos de contenção de derramamento de óleo em alto mar.
Defensor ferrenho da retomada dos investimentos na indústria naval brasileira, Deyvid festejou também o fato de que as embarcações serão construídas com 40% de conteúdo nacional. “O Brasil tem capacidade de construir navios, sondas e plataformas, aqui mesmo, em nosso país. Há estaleiros desde Belém do Pará até o Rio Grande do Sul, onde poderemos ter uma gigantesca geração de emprego e renda”, defendeu.
Ele lembra que no governo de Bolsonaro houve evasão de postos de trabalho na ordem de 1,5 milhão. “É preciso que nossos estaleiros retomem as obras, não somente a construção de navios, plataformas e sondas, mas também o descomissionamento de algumas plataformas da Petrobras”, aponta.
Em sua época áurea, o Canteiro de São Roque, em Maragogipe, chegou a gerar 7.500 empregos diretos, com trabalhadores e trabalhadoras que ajudaram a construir sondas e plataformas para a indústria petroleira.
Com 400 mil metros quadrados de área industrial, e dotado de uma infra-estrutura capaz de oferecer uma série de vantagens para o desenvolvimento de empreendimentos de grande porte, o canteiro de São Roque foi o local onde foram construídas, em 2009, duas plataformas auto-elevatórias, a P-59 e a P-60, com investimentos da ordem de R$ 1,7 bi, na época. Havia também projetos de reforma das plataformas Petrobras III e XIV, além da construção do complexo de unidades que atenderiam os campos marítimos de Camorim e Dourado, em Sergipe.
Do Canteiro, partiram também as estruturas fundamentais da primeira fase de exploração da Bacia de Campos. Em meados de 2003, foi efetivada a construção de obras como a plataforma de Peroá-Cangoá (PPER-01), destinada à produção de gás no estado do Espírito Santo; a plataforma de Rebombeio Autônoma (PRA-1), implantada na Bacia de Campos (RJ); e a Plataforma do Campo de Manati (PMNT-01), em Cairu (BA).